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Dia Mundial do Câncer: Prevenção deve começar desde cedo

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4 de fevereiro é o dia Mundial do Câncer e neste ano a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para a necessidade de um esforço conjunto de governos, sociedade e organizações não-governamentais na prevenção, no controle do tabagismo e na promoção de um estilo de vida mais saudável. A entidade também defende uma melhora nos serviços de saúde e ressalta a importância do diagnóstico precoce.

Obesidade, sedentarismo, tabagismo, excesso de bebida alcoólica, exposição ao sol sem proteção e até a falta de higiene são fatores ambientais que aumentam o risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer e, por isso, a prevenção deve começar desde a infância. “Esse deve ser o foco de maior investimento e atenção de todos. A maioria dos hábitos não saudáveis começa durante a infância e a adolescência. Por exemplo: 90% dos fumantes começaram a fumar antes dos 19 anos de idade; mais de 50% dos etilistas começaram a beber antes dos 19 ou 20 anos de idade; pelo menos de cada 10 pessoas obesas, 5 eram obesas em uma fase prévia. Então, é importante concentrar esforços porque crianças saudáveis serão adultos mais saudáveis”, afirma o oncologista Fernando Maluf, um dos fundadores do Instituto Vencer o Câncer.

Entre os tipos de câncer que têm fatores de risco ambientais estão pulmão, mama, pele, melanoma, colorretal, colo de útero, boca, faringe, laringe, rim, pênis, entre outros. O melanoma, que é o câncer de pele mais agressivo, está associado, por exemplo, ao efeito cumulativo do sol na pele. “No melanoma, o principal fator de risco é a exposição solar e principalmente a exposição solar durante a adolescência. Isso tem que ser evitado protegendo a pele com filtro solar, roupas adequadas, chapéus, óculos”, explica a oncologista Carolina Kawamura Haddad, integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer.

Não fumar, evitar bebidas alcóolicas, fazer atividade física regularmente, ter uma alimentação saudável e proteger a pele são formas de prevenção. Além disso, a vacina contra o HPV também é eficiente na prevenção de câncer de colo de útero e de pênis e deve ser tomada por meninas e meninos.

Tabagismo e álcool

O tabagismo é o maior fator de risco ambiental para diversas doenças, inclusive para o câncer. O número de fumantes em todo o mundo chega a 1,1 bi, segundo a Organização Mundial de Saúde. E é na adolescência que a iniciação ocorre. Dados da OMS mostram que 90% dos fumantes experimentaram o primeiro cigarro e se tornaram dependentes até os 19 anos de idade.

Estima-se que 80% dos casos de câncer de pulmão estejam relacionados ao tabaco. O tabagismo também está associado a tumores de laringe, faringe, esôfago, estômago, intestino, rim, bexiga e mama. “Com certeza, os jovens devem ser o foco dos esforços das campanhas sobre os malefícios do tabagismo. Muitos começam a fumar em festas, com amigos, mas precisam se conscientizar de que fumar não é bom para a saúde. Se as pessoas não começarem a fumar, certamente ficará mais fácil tentar diminuir a incidência de doenças oncológicas relacionadas ao tabagismo”, afirma a oncologista Carolina Kawamura Haddad.

O câncer de pulmão geralmente aparece em pessoas mais velhas, mas os jovens também podem ser acometidos. Fumar muito por um período de tempo curto é tão nocivo quanto fumar pouco, mas por um período prolongado. “A melhor prevenção é não fumar. E para quem fuma, o melhor é parar de fumar porque também terá um impacto, os riscos diminuem. Estudos mostram que a redução da mortalidade por câncer de pulmão em quem parou de fumar é da ordem de 25%. Então, tem que acabar com esse mito de que `já fumou não tem jeito mais`”, ressalta a médica.

O consumo de bebida alcoólica também aumenta o risco para o aparecimento de alguns tipos de câncer como boca, faringe, laringe, esôfago, fígado, intestino. O uso de bebida alcóolica associado ao tabagismo aumenta ainda mais as chances de câncer. “A gente tem visto aumento da incidência de doenças oncológicas, independente da faixa etária. Isso mostra que fatores ambientais influenciam. É muito mais comum hoje em dia adultos jovens com problemas oncológicos. Então a prevenção desde cedo é importante com a adoção de um estilo de vida mais saudável, evitando bebidas alcoólicas e não fumando”, diz.

Dieta inadequada e obesidade

A obesidade é outro fator de risco que precisa ser combatido. Cada vez mais, há crianças obesas em todo o mundo, o que pode levar a problemas de saúde na fase adulta.

Os dados sobre obesidade infantil são alarmantes: a OMS estima que mais de 41 milhões de crianças menores de 5 anos sejam obesas ou tenham sobrepeso em todo o mundo. Na faixa etária de 5 a 19 anos, são 123 milhões de pessoas com excesso de peso. “Uma criança obesa tem uma chance maior de se tornar um adulto obeso. Além disso, quanto mais cedo começa a obesidade, maior o risco de doenças crônicas associadas a ela, como câncer, pressão alta, diabetes, entre outras”, alerta a nutróloga Andrea Pereira, que integra o Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer.

A obesidade está associada ao aumento do risco de câncer de mama, de endométrio, de ovário, de fígado, de rim e de pâncreas. A dieta inadequada, baseada em alimentos ultraprocessados, embutidos e excesso de sal, também está relacionada a tumores de estômago, cólon e reto. “Estima-se que a mudança de hábito poderia reduzir a chance do câncer colorretal de 50 a 70%. Existem vários estudos que mostram que dietas pobres em carnes vermelhas e embutidos, e ricas em vegetais, frutas e legumes são claramente associadas com a diminuição do risco de câncer colorretal”, explica o oncologista Fernando Maluf.

Os bons hábitos alimentares devem ser formados na infância. Aliás, os pais devem ficar atentos à alimentação dos filhos desde o nascimento. Até os seis meses de vida, os bebês devem ingerir exclusivamente o leite materno. Quando outros alimentos forem introduzidos na dieta da criança, eles devem ser in natura. E a dieta saudável deve ser mantida em todas as fases da vida. “O ideal é termos uma alimentação equilibrada em qualquer idade. Seguindo uma proporção de 55 a 60% de carboidrato, 15 a 20% de proteína e 20 a 30% de gordura. Verduras, frutas, legumes e produtos integrais são fundamentais”, orienta a nutróloga Andrea Pereira.

Aliada à dieta adequada deve estar a atividade física, que deve ser praticada regularmente desde a infância. “A dieta adequada junto com a atividade física regular previne a obesidade e o câncer. E quanto antes isso for feito, melhores os resultados no presente e no futuro. Isso influi também na formação de uma boa massa óssea e muscular que são essenciais na velhice. Portanto, bons hábitos na infância são fundamentais para uma idade adulta mais saudável”, acrescenta Andrea.

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