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Pesquisa vai ajudar pacientes e aprimorar atuação profissional em unidade de referência oncológica de Feira de Santana, na Bahia

Feira de Santana contará com centro de pesquisa clínica que ajudará pacientes com câncer de 70 municípios da região centro-oeste da Bahia

Pacientes que não têm acesso a estudos clínicos devido à distância poderão se beneficiar com novos tratamentos

A “Princesa do Sertão”, como é conhecida Feira de Santana, não tinha um centro de pesquisa de oncologia, como explica Hyrlana Leal Barbosa Passos, oncologista clínica da Unidade de Alta Complexidade de Oncologia (Unacon) do Hospital Dom Pedro de Alcântara, da Santa Casa de Misericórdia. “Apesar de estar pertinho de Salvador, aqui já começa o clima de sertão”, comenta. “Somos referência em oncologia para o Sistema Único de Saúde (SUS) para mais de 70 municípios da macrorregião centro-oeste da Bahia, que contempla esse grande número de municípios. Toda essa população, de mais de 2 milhões de habitantes, é referenciada para oncologia da Unacon”.

Essa realidade começa a ser mudada, porque o Hospital Dom Pedro de Alcântara foi uma das seis unidades selecionadas pelo projeto Amor à Pesquisa Contra o Câncer no Brasil, desenvolvido pelo Instituto Vencer o Câncer, com consultoria técnica do LACOG (Latin American Cooperative Oncology Group). A proposta é apoiar a estruturação de novos centros, especialmente em regiões onde há escassez destas estruturas.

Coordenadora do centro de pesquisa, Hyrlana Passos acredita que haverá grandes benefícios, a começar pelos pacientes. “Há muitos estudos de novos medicamentos, que vem melhorando a sobrevida dos pacientes com câncer, mudando completamente a assistência que oferecemos. Infelizmente, muitos não conseguem ter acesso a essas novidades, que podem fazer toda a diferença”, avalia, acrescentando que muitos pacientes que vivem na região não conseguem ir a centros de pesquisa por conta da distância e a necessidade de deslocamento. “Como temos uma unidade com grande fluxo de atendimento, um alto volume de atendimento por conta da população que está referenciada aqui, pode favorecer o desenvolvimento do centro de pesquisa, por conta do poder de recrutamento, da população assistida na unidade. Tudo isso forma um ambiente favorável”.

A Unacon de Feira de Santana realiza em média 3 mil consultas mensais, somando mais de 2 mil pacientes fazendo quimioterapia e radioterapia mensalmente. A oncologista acredita que a iniciativa vai mudar um pouco a realidade desses pacientes, que terão novas oportunidades mesmo em casos de doenças para as quais não tem recomendação de tratamento, mas há indicação de participar de estudos clínicos.

Ela enumera ainda outra vantagem, que é a capacitação e estímulo não apenas dos profissionais envolvidos nos estudos, mas de outras pessoas ligadas à assistência da oncologia e de outros pacientes. “O centro de pesquisa tem detalhes de sistematização, do atendimento, da assistência, que trarão, além da expertise, melhoria nos processos, o que leva ao aprimoramento de toda assistência da unidade devido ao rigor dos estudos”.

 

Desejo antigo

Hyrlana Passos conta que seu envolvimento com a pesquisa clínica começou na época em que fazia residência e a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) criou um projeto de capacitação de profissionais em relação ao tema. “Participei do edital e fui selecionada. Passei uma semana visitando centros de pesquisa clínica no Rio Grande do Sul”, recorda. “Quando se participa de perto de um centro voltado à pesquisa na área da oncologia, há uma grande motivação, vemos os benefícios para os pacientes que participam dos estudos”. Ela comenta que o hospital tentou implantar um centro de pesquisa em cardiologia há uns anos – a unidade também é referência na área -, mas o momento não era favorável e o projeto não avançou. “A instituição sempre desejou realizar pesquisa clínica. Agora, com esse projeto do Instituto Vencer o Câncer, vamos levar adiante esse desejo. Estamos empolgados, as pessoas estão motivadas. Temos apoio da direção do hospital e do provedor da Santa Casa”, comemora a oncologista.

A epidemiologia na região, avisa, é parecida com a registrada na média brasileira, com alguns diferenciais, que ressalta: “Aqui temos um alto volume de pacientes com tumores de mama, de próstata e tumores ginecológicos. É bastante frequente aqui, por exemplo, o câncer de colo de útero, diferente de lugares que têm um IDH mais alto, que estão mais desenvolvidos. A região Nordeste de forma geral tem incidência maior de câncer de colo de útero e vemos isso durante os atendimentos”.

Essas diferenças, acredita, poderão melhorar com o estímulo à pesquisa na região. “A maioria não tem acesso a novas tecnologias, novos tratamentos. Os pacientes terão a oportunidade de participar de estudos com medicamentos inovadores que podem modificar totalmente sua história de vida”.

 

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