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Agosto Branco: prevenção do tabagismo e os riscos dos cigarros eletrônicos

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O câncer de pulmão, segundo as estimativas 2020 do Instituto Nacional de Câncer (INCA), é o terceiro mais comum em homens (17.760 casos novos) e o quarto em mulheres no Brasil (12.440 casos novos) – sem contar o câncer de pele não melanoma. É o primeiro em todo o mundo em incidência entre os homens e o terceiro entre as mulheres. Em mortalidade, é o primeiro entre os homens e o segundo entre as mulheres, segundo estimativas mundiais.

Dentre suas principais causas estão fatores ambientais (principalmente tabagismo) e genéticos (menos comuns).

Pelo menos 80% das mortes por câncer de pulmão são causadas pelo fumo e muitas outras são provocadas pela exposição ao fumo passivo. Fumar é o fator de risco mais importante para o câncer de pulmão, mas também interage com outros fatores como os genéticos (mutações que aumentam risco de desenvolvimento da doença).

O tabagismo foi associado ao câncer de pulmão inicialmente no começo do século passado. Desde então vários estudos consolidaram sua relação com esse tumor, não somente pelo contato com a nicotina, mas também por inalação de vários agentes carcinogênicos.

Não há carga tabágica considerada segura, porém o risco de câncer aumenta marcadamente a partir de um consumo de um maço/dia por 30 anos.

Como o tabagismo é um hábito, relacionado inclusive ao estilo de vida, é importante que a exposição seja evitada (inclusive como fumante passivo). A sensação de prazer proporcionada pelo tabagismo é variável entre as pessoas, sendo para alguns muito mais difícil interromper esta prática que para outros.

A boa notícia é que há tratamento (disponibilizado pelo SUS e pelo sistema privado) para o tabagismo. A necessidade de tratamento e acompanhamento profissional é extremamente importante para a parada completa, sem novas recaídas. Precisamos ter em mente que o cigarro é uma droga, tal qual álcool e outras substâncias ilícitas.

Após a parada do tabagismo, o risco de câncer tende a reduzir, mas dificilmente se iguala ao da população não tabagista.

Os três tipos mais comuns de câncer de pulmão estão diretamente relacionados ao tabagismo. São eles adenocarcinoma, carcinoma espinocelular e carcinoma de pequenas células.

Normalmente são assintomáticos quando a doença é inicial, mas há estratégias para diagnóstico precoce direcionada a pacientes tabagistas. A prevenção é a melhor estratégia contra o câncer de pulmão, no entanto, para os já tabagistas, o cuidado com diagnóstico precoce também modificada muito as possibilidades de cura e de sobrevida.

 

O risco dos cigarros eletrônicos

 

Os cigarros eletrônicos são uma modalidade de tabagismo mais recente e usada por muitas pessoas com a informação de são menos danosos que o cigarro convencional. Na verdade, o cigarro eletrônico expõe o organismo a uma variedade de elementos químicos gerados de formas diferentes. Tanto pelo próprio dispositivo (nanopartículas de metal), quanto pela sua relação direta com o processo de aquecimento ou vaporização (alguns produtos contidos no vapor de cigarros eletrônicos incluem carcinógenos conhecidos e substâncias citotóxicas).

Segundo o INCA, apesar da comercialização, importação e propaganda de cigarros eletrônicos serem proibidas no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária desde 2009 (RDC 46, de 28/08/09), esses produtos são vendidos ilegalmente pela internet, no comércio informal ou, ainda, podem ser adquiridos no exterior para uso pessoal. Com certeza, adquirir estes produtos de forma não regularizada expõe o usuário ao contato com substâncias desconhecidas, tanto ou mais nocivas que as contidas nos cigarros comercializados legalmente.

Para toda a população, é fundamental manter os canais de esclarecimento sobre a importância para toda a sociedade de não iniciar o tabagismo, bem como esclarecer sobre os tratamentos disponíveis para sua cessação.

Parar de fumar é extremamente importante, tanto para reduzir risco de câncer quanto de outras doenças tabaco-relacionadas, como o DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). Os profissionais de saúde estão prontos para ajudar a população neste desafio!

 

Maria Alzira RochaMédica oncologista assistente no Hospital Israelita Albert Einstein e colaboradora do Instituto Vencer o Câncer

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