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Quando o coração responde: sentimentos frente ao diagnóstico de câncer

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No mês do coração, psicólogo fala sobre a importância de cuidar do bem-estar emocional

A descoberta de uma doença oncológica é algo sempre muito difícil. Neste cenário, paciente e família tendem a ficar mais fragilizados, exacerbando sintomas relacionados à depressão e à ansiedade. O medo, o estresse e a tristeza costumam acompanhar a notícia da chegada de uma doença potencialmente grave.

O câncer – apesar dos tratamentos inovadores e avançados da atualidade – traz consigo um estigma antigo relacionado à dor, modificação da autoimagem e morte. As construções sociais que fazemos em torno do diagnóstico e do tratamento costumam ativar em nós sentimentos difíceis de controlar e que podem ser responsáveis pela maneira com a qual lidaremos com toda a jornada.

Diante desse impacto emocional relacionado ao diagnóstico, extremamente importante nos lembrarmos daquilo que “o coração nos fala”! Isso mesmo! Um bom tratamento oncológico deve contar com um suporte psicológico intensivo, pois a nossa mente tem papel importante na definição da maneira como encararemos esse processo!

Na descoberta do diagnóstico, o paciente costuma trazer à cena da vida pensamentos ligados ao medo do que poderá acontecer no futuro. Preocupações com a família, trabalho, finanças e vida social costumam ocupar a mente logo após o diagnóstico, pois, em conjunto com o início do tratamento, os planos e rotinas precisam ser modificados e devidamente reorganizados. A mudança das rotas que traçamos em nossa vida costuma ser, sobremaneira, uma grande geradora de sofrimento emocional. Mudar aquilo que queríamos e que planejamos exige um trabalho psíquico intenso e, por vezes, gera tristeza e sofrimento não só no paciente, mas também naqueles que nutrem um sentimento de amor pelo paciente (família, amigos e colegas).

Diante disso, algumas dicas podem ser importantes para lidarmos melhor com esse momento:

  • Procure um profissional de saúde mental: um psicólogo pode ser peça fundamental neste momento. Nem sempre somos capazes de nos refazermos sozinhos depois de uma notícia difícil! Um profissional habilitado e especializado na área da Psico-Oncologia pode ser de grande valia neste momento;
  • Não procure informações em sites de busca: sim, esse movimento é bem comum! Nos momentos de dúvidas e ansiedade, procuramos pela resposta mais rápida, no entanto, muitos sites e páginas nas redes sociais não são confiáveis ou versam sobre histórias muito diferentes das nossas. Por este motivo, vale confeccionar uma lista de dúvidas para levar ao seu oncologista. Ele, inclusive, poderá indicar bons sites e fontes seguras de informação;
  • Se conecte a pessoas que você gosta: estar perto de pessoas significativas também pode ajudar no momento imediato após o diagnóstico. Bons vínculos com amigos e familiares têm o potencial de amenizar a ansiedade e angustias características desse momento;
  • Se conecte à sua espiritualidade e à sua religiosidade: caso disponha de alguma religião ou crença. Estudos na área da espiritualidade e saúde comprovam a eficácia do exercício da espiritualidade no humor de pacientes e familiares, amenizando de maneira importante sintomas de ansiedade e depressão, por exemplo;
  • Por fim, se possível, mantenha-se ativo: trabalhar, estudar e tentar conciliar sua rotina com a do tratamento pode ser uma boa alternativa. Haverá momentos que executar suas tarefas poderá ser particularmente difícil devido aos efeitos do tratamento. No entanto, caso consiga manter suas atividades ou parte delas, tenha convicção de que isso poderá ser positivo.

 

Caio Henrique Vianna Baptista

Psicólogo

Mestre em Ciências pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP)

Especialista em Psicologia Hospitalar pelo Hospital das Clínicas da FMUSP

Presidente da Estadual SP da Sociedade Brasileira de Psico-Oncologia

Psicólogo do Núcleo Pró-Creare de Psicologia, Assistência e Ensino

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