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Um centro de pesquisa para mudar a vida de pacientes com câncer no Norte do Brasil

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Centro de Pesquisa

Complexo hospitalar paraense atende principalmente, casos de câncer gástrico, próstata, mama e tumores ginecológicos, especialmente de colo de útero

“Não tem nenhum centro de pesquisa público na área oncológica no norte do país. Isso tira a representatividade dos estudos feitos no Brasil, diminui a oportunidade dos pacientes terem acesso e, ao mesmo tempo mostra o quanto temos para crescer”. Com essa afirmação, Bruno Melo Fernandes, oncologista clínico e chefe da unidade de oncologia e hematologia do Complexo Hospitalar Universitário da Universidade Federal do Pará unidade administrada pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares -destaca o impacto que promoverá a criação de um centro de pesquisa em Belém.

O Complexo Hospitalar foi um dos seis selecionados pelo projeto Amor à Pesquisa Contra o Câncer, desenvolvido pelo Instituto Vencer o Câncer em parceria com o LACOG (Latin American Cooperative Oncology Group), com o objetivo de apoiar a estruturação de novos centros especialmente em regiões onde há escassez destas estruturas.

Bruno Fernandes é também pesquisador do centro de pesquisa clínica da unidade, que desenvolve pesquisa translacional, principalmente de avaliação genética de tumores, para verificar relações entre DNA tumoral, alterações patológicas e patologias oncológicas. O oncologista clínico, que é um dos envolvidos na montagem do setor de pesquisa, conta que seu interesse pela área ganhou força quando fez residência no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). “É um centro de pesquisa grande, vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e nesses locais, além de ver o potencial que a pesquisa tem de trazer benefícios ao próprio centro, aos hospitais, à formação dos profissionais, percebemos o quanto a pesquisa agrega e traz coisas boas para os pacientes, especialmente do SUS, que têm a oportunidade de usar tratamentos e acesso a protocolos que não teriam de outra forma. Isso realmente pode mudar a vida deles”.

Atuando tanto na saúde pública quanto privada em Belém, ele já fez pesquisas privadas na capital paraense, ressaltando que por muito tempo a unidade foi o único centro privado de pesquisa na região. “Temos a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) dentro do hospital, com um volume alto de pacientes, uma grande quantidade de profissionais capacitados com interesse em pesquisa e não tínhamos a formação de um centro com esse objetivo”, afirma. “Será um grande ganho para todos. A pesquisa clínica é uma das poucas situações que é ganha-ganha. Ninguém perde”.

Com o projeto Amor à Pesquisa Contra o Câncer, o Complexo Hospitalar recebe apoio para cuidar da documentação e questões burocráticas, treinamento para os profissionais de saúde e toda estrutura necessária para o centro de pesquisa começar a atuar. Bruno Fernandes explica que a equipe está em fase de montagem de protocolos operacionais, treinamento em boas práticas de pesquisa clínica e treinamento específico voltado à pesquisa, com questões regulatórias, de financiamento, de manejo dos produtos investigacionais e das amostras dos pacientes.

O chefe da unidade de oncologia e hematologia diz que o complexo hospitalar tem maior atendimento de alguns tumores, como câncer gástrico, próstata, mama e tumores ginecológicos, principalmente de colo de útero. Entretanto, acrescenta que há pacientes de todos os tipos de tumores, o que possibilitará participar de diferentes estudos, de acordo com os critérios de inclusão.

 

Uma grande oportunidade

A ideia nessa primeira fase, revela, é aprender bastante com a troca de experiências. “Estamos bem abertos para aprender. Sabemos que é algo que deve ser expandido aos poucos e nosso desejo é começar”, afirma. “Ficamos muito satisfeitos com a escolha, sabemos que é um voto de confiança e também um reconhecimento da necessidade de termos um centro de pesquisa na região, com nosso potencial de recrutamento, que é subaproveitado, ampliando a representatividade geográfica no Brasil. Em muitos tumores nós lideramos o recrutamento no país quando temos estudo, mas conseguimos uma quantidade de estudos muito pequena. Poder aumentar é fundamental”.

Ele acredita que será muito positiva também a integração com outros centros de pesquisa pelo Brasil, como os que serão montados no Norte e Nordeste dentro do projeto do Instituto Vencer o Câncer com o LACOG, assim como unidades existentes em outras regiões. “Essa integração é muito importante para que tenhamos acesso a estudos clínicos bons, que possibilitem ter treinamentos e contatos, garantindo mais habilidades para manter esses estudos ativos na nossa unidade, adquirir know how. Para nós, como pesquisadores, é um avanço não somente na carreira, mas pela rede de contato com profissionais, o desenvolvimento de novas habilidades e a chance de abrir um novo campo profissional”, avalia. “Temos orgulho em participar do projeto, porque poderemos estar com colegas contribuindo para a pesquisa no país, com parceiros fortes e fazendo com que a pesquisa clínica seja realidade no nosso hospital”.

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