O linfoma de Hodgkin é um tipo de câncer que afeta o sistema linfático, uma parte crucial do sistema imunológico. Ele ocorre quando os linfócitos, células responsáveis por proteger o corpo contra infecções, se transformam em células malignas, em geral com surgimento característico das chamadas células de Reed-Sternberg. Essa transformação leva à formação de massas tumorais, que podem se espalhar pelo corpo através dos vasos linfáticos.
Você pode notar sinais como aumento indolor dos linfonodos no pescoço, axilas ou virilha. Outros sintomas incluem febre, suores noturnos, cansaço, coceira ou perda de peso inexplicada.. É importante estar atento a esses sintomas, especialmente se você for um adulto jovem ou tiver mais de 60 anos, pois essas são as faixas etárias mais afetadas.
Pontos-chave
- O linfoma de Hodgkin é um câncer do sistema linfático, caracterizado pela presença de células de Reed-Sternberg.
- Sintomas iniciais incluem linfonodos aumentados e indolores no pescoço, axilas, tórax, abdome e virilha, além de febre, suores noturnos e perda de peso.
- Fatores de risco incluem histórico familiar, infecção pelo vírus Epstein-Barr e imunossupressão.
- O diagnóstico é confirmado por meio de biópsia, exames de imagem e exames de sangue.
- Tratamentos incluem quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e, em alguns casos, transplante de células-tronco.
O que é linfoma de Hodgkin?
O linfoma de Hodgkin é um câncer que afeta o sistema linfático, parte crucial de seu sistema imunológico. Nos linfonodos, os linfócitos se transformam em células malignas, podendo dar origem às chamadas células de Reed-Sternberg. Este processo leva à formação de massas tumorais que podem se espalhar pelo corpo.
Existem dois tipos principais de linfoma de Hodgkin: o clássico e o com predomínio linfócito nodular. O tipo clássico, mais comum, inclui quatro subtipos: esclerose nodular, celularidade mista, rico em linfócitos e depleção linfocítica. O tipo com predomínio linfócito nodular é raro e progride mais lentamente.
Este câncer acomete principalmente adultos jovens entre 15 e 40 anos, com outro pico de incidência acima de 75 anos. No Brasil, segundo o INCA, há uma estimativa de 3.080 novos casos anuais, divididos entre 1.500 homens e 1.580 mulheres.
Sintomas iniciais incluem aumento indolor nos linfonodos do pescoço, axilas, tórax, abdome e virilha. Podem surgir febre, suores noturnos, perda de peso e também cansaço, coceira, tosse, falta de ar ou dor abdominal. Diagnóstico precoce, através de biópsia de linfonodos aumentados, é essencial para tratamento eficaz.
Causas do linfoma de Hodgkin
As causas exatas do linfoma de Hodgkin permanecem indefinidas. No entanto, fatores genéticos, ambientais e imunológicos desempenham um papel na sua origem. A doença inicia-se quando um linfócito se torna maligno.
Fatores de risco do linfoma de Hodgkin
Infeção por vírus
A infeção pelo vírus Epstein-Barr (VEB) relaciona-se ao linfoma de Hodgkin. Mesmo que muitos tenham contato com o VEB na infância, poucos desenvolvem a doença. A relação causal direta entre VEB e linfoma ainda não é totalmente compreendida. (Fonte: Organização Mundial da Saúde)
Antecedentes familiares
Se você tem familiares próximos com diagnóstico de linfoma de Hodgkin, seu risco aumenta consideravelmente. Estudos mostram que o risco relativo pode ser de 3 a 17 vezes maior em comparação à população geral. (Fonte: INCA)
Imunocomprometimento
Pessoas imunocomprometidas, seja devido ao HIV ou ao uso de drogas imunossupressoras, possuem risco elevado. Essas condições enfraquecem o sistema imune, favorecendo a malignização dos linfócitos. (Fonte: INCA)
Idade
O linfoma de Hodgkin apresenta maior incidência em duas faixas etárias: entre 15 e 40 anos, com um pico entre 25 e 30 anos, e após os 55 anos. Homens são ligeiramente mais afetados que mulheres (Fonte: INCA).
Sintomas do linfoma de Hodgkin
Caroços indolores costumam aparecer nas áreas do pescoço, axilas e virilha. Esse aumento dos linfonodos é um dos sinais iniciais mais comuns. Sentir febre inexplicada de maneira persistente também aparece frequentemente, assim como a sudorese noturna, que pode se manifestar de forma intensa durante o sono.
Perda de peso significativa pode ocorrer sem causa aparente. A fadiga, caracterizada por um cansaço ou fraqueza persistente, é outro sintoma frequente. Além disso, a coceira na pele, sem causa definida, pode ser relevante.
Outros sintomas podem incluir esplenomegalia e hepatomegalia, o que significa o aumento do baço e do fígado, respectivamente. Sintomas torácicos, como tosse, falta de ar ou dor no peito, podem surgir se há envolvimento nessa região. Desconforto abdominal pode estar presente se o linfoma atinge a pelve ou abdômen.
Diagnóstico do linfoma de Hodgkin
História clínica e exame físico
O diagnóstico do linfoma de Hodgkin começa com um exame clínico detalhado. Sintomas como febre persistente, suores noturnos, perda de peso inexplicada e linfonodos aumentados sem dor devem ser relatados. A análise clínica detalha as áreas afetadas, como o pescoço e axilas.
Biópsia de linfonodo
A confirmação ocorre pela biópsia do linfonodo suspeito, examinada por um patologista especializado. A presença de células de Reed-Stemberg indica o tipo clássico da doença. Essa biópsia revela não apenas o diagnóstico, mas também permite a classificação do subtipo do linfoma.
Exames de sangue
Os exames de sangue incluem hemograma completo, função hepática e renal e taxa de sedimentação, avaliando o impacto sistêmico do linfoma. Esses exames determinam anomalias e monitoram sua saúde durante o tratamento.
Exames de imagem
Exames de imagem, como tomografias e PET/CT, avaliam a extensão do linfoma. Esses exames identificam as áreas do corpo afetadas, auxiliando no planejamento do tratamento. Eles fornecem um mapeamento preciso do comprometimento, essencial para um tratamento eficaz.
Classificação e subtipos
O linfoma de Hodgkin é classificado em dois grupos principais. O tipo clássico, que representa 95% dos casos, subdivide-se em esclerose nodular, celularidade mista, rico em linfócitos e depleção linfocitária. O tipo com predomínio linfocítico nodular é menos comum, com 5% dos casos, apresentando um curso mais indolente.
Este diagnóstico complexo requer uma abordagem interdisciplinar, envolvendo hematologistas, patologistas e radiologistas.
Estadiamento do linfoma de Hodgkin
O estadiamento é crucial para classificar a extensão do linfoma de Hodgkin. Usa-se a Classificação de Lugano, que vai de I a IV. Os estágios refletem a disseminação da doença, guiando as opções de tratamento.
Estágios do linfoma de Hodgkin
- Estágio I: Presença de linfoma em uma área de um gânglio ou órgão linfático. Ou acometimento isolado de uma única região não linfática.Acrescente-se “E” se estiver fora do sistema linfático (IE).
- Estágio II: Linfoma em dois ou mais grupos de gânglios no mesmo lado do diafragma (acima ou abaixo), ou em linfonodos em uma área próxima (IIE).
- Estágio III: Envolve gânglios linfáticos em ambos os lados do diafragma.
- Estágio IV: Linfoma infiltrou um ou mais órgãos além do sistema linfático, como fígado ou ossos, de forma difusa ou disseminada.
Considerações de sintomas
Cada estágio classifica-se ainda pela presença de sintomas. “A” indica ausência, enquanto “B” aponta sintomas sistêmicos como febre inexplicável, sudorese noturna e perda de peso.
O estadiamento guia decisões terapêuticas e auxilia na previsão do prognóstico. Entender a extensão e os sintomas permite uma abordagem mais eficaz para tratar o linfoma.
Tratamento do linfoma de Hodgkin
Quimioterapia
A quimioterapia é o tratamento principal para o linfoma de Hodgkin. Esse tratamento envolve o uso de medicamentos para destruir células cancerígenas, geralmente em ciclos de dois a seis meses, dependendo do estágio inicial da doença (fonte: A.C.Camargo Cancer Center). O esquema ABVD, que inclui adriamicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina, é o padrão ouro em muitos casos.
Radioterapia
A radioterapia é usada frequentemente após a quimioterapia para tratar linfomas localizados. Esse tratamento utiliza radiação para destruir células cancerígenas remanescentes em áreas específicas (fonte: A.C.Camargo Cancer Center). A combinação de quimioterapia e radioterapia aumenta as chances de cura em linfomas de Hodgkin clássicos.
Transplante de células-tronco
Se o linfoma não responde ao tratamento padrão ou recorre, o transplante de células-tronco pode ser necessário. O transplante autólogo usa células do próprio paciente. Essa abordagem visa renovar o sistema imunológico do paciente e atacar as células cancerígenas remanescentes.
Imunoterapia
Recentemente, a imunoterapia emergiu como uma opção para pacientes com linfoma de Hodgkin refratário ou recidivado. Esses tratamentos estimulam o sistema imunológico a reconhecer e combater as células cancerígenas. Essa técnica oferece esperança onde o tratamento tradicional falha.
Prognóstico do linfoma de Hodgkin
O linfoma de Hodgkin possui um prognóstico geralmente favorável. Mais de 85% dos pacientes com estágios iniciais alcançam a cura. Nos estágios avançados, 75 a 80% também são curados, embora fatores como idade e número de linfonodos afetados possam influenciar.
Fatores que afetam o prognóstico
O resultado depende de diversos fatores. O tipo de linfoma, como o clássico ou com predomínio linfocítico nodular, influencia significativamente. Nos estágios iniciais, a taxa de cura é maior se a doença não for volumosa ou se menos sítios linfonodais estiverem comprometidos.