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Novo consenso pode mudar a conduta de rastreamento, diagnóstico e tratamento do câncer de próstata em países em desenvolvimento

Novo consenso pode mudar a conduta de rastreamento, diagnóstico e tratamento do câncer de próstata em países em desenvolvimento

 

O Journal of Global Oncology, publicação da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, uma das mais importantes revistas científicas do mundo na área do câncer, divulgou neste mês o I Consenso Mundial sobre Rastreamento, Diagnóstico e Tratamento do Câncer de Próstata para Países em Desenvolvimento. O trabalho, que envolveu dezenas de médicos da América Latina, África e Oriente Médio, foi coordenado pelo oncologista brasileiro Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer (IVOC).

“Esse consenso procurou alternativas para suplantar deficiências, oferecendo a melhor estratégia possível para a prevenção e tratamento do câncer de próstata. Os especialistas debateram e votaram as alternativas mais eficientes e com melhor custo-efetividade para tratar homens em regiões onde a infraestrutura de saúde é mais precária”, define o médico.

A série de artigos reúne as questões aplicadas a um grupo multidisciplinar, composto por oncologistas, urologistas, radiologistas, radioterapeutas, patologistas e cirurgiões de 12 países, que se encontraram no Brasil em novembro de 2018. Cada texto promove uma discussão e avalia o painel de votação e a literatura relacionada aos temas propostos.

Uma das primeiras orientações é tornar o rastreamento (com o exame de PSA e toque retal) para câncer de próstata obrigatório a partir dos 50 anos. Outra recomendação é o estabelecimento de um fluxo mais eficiente no sistema de Saúde, para que o paciente com diagnóstico confirmado seja operado ou receba radioterapia, sem que haja atrasos. No Brasil, apesar da lei dos 60 dias (que exige o início do tratamento em até dois meses depois da confirmação da doença), muitos pacientes ainda enfrentam filas. Outro ponto abordado pelos especialistas é a proposta de projetos para aumentar o acesso às novas tecnologias para todos os pacientes, permitindo que a população possa utilizar medicamentos que curem mais ou garantam melhor sobrevida. “Este é um projeto que o IVOC já começou a desenvolver”, revela Fernando Maluf.

No Brasil, o tumor de próstata é o segundo mais comum entre os homens, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer. Cerca de 66 mil novos casos da doença são estimados para 2021 no país. De acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer, 15.983 óbitos foram registrados em 2019 em decorrência do câncer de próstata.

 “O Brasil possui uma das maiores curvas de mortes pela doença no mundo. Em vários países desenvolvidos, o câncer de próstata tem uma mortalidade menor. Temos estudos que mostram que a população brasileira chega com um diagnóstico mais avançado e os tratamentos são mais limitados”, ressalta o oncologista. “Estamos levantamento um banco de dados com as curvas de morte em pacientes do SUS e da saúde privada, mas já podemos imaginar que há um abismo entre os resultados”, destaca.

As informações do Globocan (base para a análise sobre câncer, organizada por uma entidade ligada à Organização Mundial da Saúde) projetam um crescimento considerável dos casos de câncer de próstata no Brasil e na América Latina até 2040. Os números devem dobrar nos próximos 20 anos. Da mesma forma, haverá um aumento nas mortes por câncer de próstata na África e na América Latina nas próximas décadas.

“Acreditamos que o consenso vai mudar a conduta do câncer de próstata em países com recursos mais escassos, como o Brasil”, afirma Maluf. “Abordamos todos os pontos referentes à jornada do paciente com a doença, desde os exames de rastreamento até o diagnóstico, passando pelo tratamento da doença localizada, da doença localmente avançada, da recidiva e da doença metastática”, diz.

 

Consenso gerou vários trabalhos que foram destaque em publicação internacional

Os artigos foram publicados num dos periódicos mais importantes do mundo, com foco na Oncologia global, uma visão que abrange tanto os países mais ricos quanto as nações mais carentes. O objetivo é permitir que os profissionais de saúde possam adotar melhores alternativas para cuidar dos pacientes com câncer de próstata, o tumor que mais afeta o homem.

O primeiro texto, por exemplo, inclui questões de consenso sobre ferramentas de triagem, diagnóstico e estadiamento em câncer de próstata. Foram abordados os benefícios do rastreamento e detecção precoce da doença e as limitações das ferramentas de diagnóstico e rastreamento em países com recursos limitados.

O segundo e o terceiro artigos trazem a declaração de consenso sobre o tratamento do câncer de próstata localizado de baixo, intermediário e alto risco. Nestes trabalhos, são discutidas intervenções para doenças localizadas, incluindo vigilância ativa (quando ocorre apenas o monitoramento do câncer de próstata por meio de exames e consultas), considerando a expectativa de vida e o risco de doença.

O quarto texto analisa a recorrência bioquímica em câncer de próstata sensível à castração. Os desafios no tratamento desta doença dependem da prevenção ou retardamento do início da doença metastática, ressaltando a morbidade e mortalidade nestes casos. A quinta publicação traz questões sobre resistência à castração não metastática, importância do tempo de duplicação do PSA e avaliação de risco.

O sexto artigo inclui questões sobre o câncer de próstata metastático sensível à castração. Já o último trabalho mostra as questões sobre o câncer de próstata metastático resistente à castração. As discussões sobre o preparo, estratégias de sequenciamento e limitações de acesso em áreas de recursos limitados foram dissecadas nestes capítulos.

 

A publicação, na íntegra, pode ser acessada pelo link.

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