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Câncer de estômago | Tratamento

O tipo de tratamento é definido a partir do estádio em que a doença se apresenta. O tratamento abordado neste capítulo refere-se exclusivamente aos adenocarcinomas, tumores gástricos mais comuns.

Estádio I

Nessa fase, em que o tumor está confinado ao estômago, em geral com invasão superficial, a doença é altamente curável por meios cirúrgicos. Pode-se recorrer a uma cirurgia endoscópica ou uma cirurgia radical. A terapia endoscópica (dissecção endoscópica da submucosa) deve ser realizada apenas para pacientes com neoplasia superficial, o que ocorre numa minoria dos casos. Apenas serviços com bastante experiência devem realizar este procedimento. A cirurgia é o tratamento de escolha para a maioria dos casos. A gastrectomia pode retirar o estômago por completo (gastrectomia total) ou preservar suas porções inicial ou final (gastrectomia subtotal). Em ambos os casos, devem ser retirados inclusive linfonodos regionais, estejam eles acometidos ou não. Partes do esôfago e do intestino poderão ser removidas, a depender da extensão e localização do tumor primário. Ocasionalmente, também é preciso retirar o baço. Após a retirada do estômago, a porção superior (esôfago ou fundo gástrico) deverá ser costurada a um pedaço do intestino delgado, de modo que a continuidade do tubo digestivo seja reestabelecida.

Tumor confinado ao estômago
Tumor confinado ao estômago, com invasão superficial da parede, e o tratamento específico para esta fase da doença.

Estádios II e III

Para os pacientes com doença avançada, mas ainda sem metástases à distância, o tratamento padrão consiste na cirurgia, como descrito anteriormente. Entretanto, a quimioterapia peri-operatória (antes e após a cirurgia) promove melhora significativa na taxa de cura dos pacientes. Esta quimioterapia traz alguma toxicidade e deve ser oferecida aos pacientes que podem receber este tratamento com segurança. O regime mais indicado consiste no uso das drogas fluorouracila, oxaliplatina e docetaxel. O tratamento dura 8 semanas no período pré-operatório bem como no pós-operatório. Às vezes, seus médicos podem recomendar que a quimioterapia possa ser feita integralmente antes da cirurgia. Os efeitos colaterais comuns incluem, mas não se limitam a cansaço, falta de apetite, queda de cabelo, formigamento nos dedos, mãos e pés, aftas na boca, diarréia, náuseas e vômitos. Quando os pacientes são operados, o reporte patológico pode acusar que o tumor desapareceu na peça cirúrgica em até 22% dos casos. Não é infrequente, infelizmente, que os pacientes recebam a cirurgia como primeiro tratamento, sobretudo quando recebem seu cuidado em centros sem atendimento multidisciplinar. Neste caso, a quimioterapia pós-operatória (ou adjuvante) pode estar indicada, e consiste no uso de uma fluoropirimidina e uma platina, em geral por seis meses de tratamento. A radioterapia tem sido cada vez menos usada no tratamento de pacientes com câncer gástrico, sendo reservada notadamente para aqueles pacientes que receberam um tratamento cirúrgico incompleto.

Tumor invadindo a camada muscular
Tumor invadindo a camada muscular, podendo comprometer até seis linfonodos próximos ao estômago, e o tratamento específico para esta fase da doença.
Tumor infiltrando a serosa do estômago
Tumor infiltrando a serosa do estômago, podendo comprometer de sete a 15 linfonodos linfáticos próximos ao estômago, e o tratamento específico para esta fase da doença.

Quando o câncer atinge órgãos distantes, como pulmões, fígado, peritônio ou ossos, o tratamento indicado é a quimioterapia, combinada a trastuzumabe e imunoterapia (nos tumores com HER-2 positivo) ou a imunoterapia.

A quimioterapia consiste no uso de uma platina (geralmente a oxaliplatina) e uma fluoropirimidina (fluorouracila ou capecitabina).

Os pacientes com hiperexpressão de HER-2 recebem, adicionalmente, o trastuzumabe (um anticorpo monoclonal anti-HER-2) e o pembrolizumabe (imunoterapia). Aqueles sem hiperexpressão de HER-2, a maioria dos casos, recebem a quimioterapia combinada à imunoterapia nivolumabe.

Estas combinações de tratamento se baseiam em dados muito recentemente apresentados, e podem mudar substancialmente nos próximos poucos meses. Um ponto importante a ser considerado é se o paciente apresenta as condições de saúde suficientes para receber o tratamento com segurança.

Quando o tratamento inicial deixa de funcionar, os pacientes podem ainda receber tratamento adicionais, utilizando-se quimioterapias como paclitaxel, docetaxel, irinotecano e ramucirumabe.

O cuidado de pacientes com câncer de estômago requer equipes multidisciplinares completas e com experiência. Os resultados obtidos pelos pacientes em centros maiores tendem a ser melhores.

Um paciente com câncer de estômago em sua jornada de cuidado vai precisar de acesso a um gastrocirurgião ou cirurgião oncológico, oncologista clínico, radio-oncologista, endoscopista, patologista, radiologista, além de todo o time multidisciplinar com enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas, entre outros.

 


Atualização: Dr. Lucas Vieira dos Santos – CRM: 115.834
Oncologista Clínico na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Apoio: Dr. Daniel Vargas Pivato de Almeida – CRM 27.574
Oncologista clínico – Grupo Oncoclínicas – Brasília-DF
Fevereiro 2022
Março 2022

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