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Câncer de ovário | Tratamento

Tendo em vista tais fatores, o diagnóstico conclusivo é feito na cirurgia, que deve permitir a visualização da cavidade abdominal inteira, para que seja possível a retirada do tumor primário, de ambos os ovários, trompas, útero, parte do peritônio e do máximo de lesões porventura presentes entre as alças intestinais. Os quatro estádios da doença estão descritos abaixo:

 

Tabela de Estádio do Câncer
Estadiamento do câncer de ovário.

https://www.youtube.com/watch?v=G4K3vgyDMOA

A principal arma no tratamento do câncer de ovário é a cirurgia. Quando o tumor está localizado apenas no ovário, é possível realizar a cirurgia através de laparoscopia, por meio do emprego de um sistema de câmeras introduzido por uma pequena sonda pela cicatriz umbilical, além de dois a três pequenos cortes acima das virilhas. Se a cirurgia puder ser realizada por essa técnica, a recuperação costuma ser mais rápida: um a dois dias de internação e cerca de três semanas para retorno às atividades habituais.

Nos casos mais avançados, nos quais há comprometimento de outras estruturas abdominais, haverá necessidade de incisão cirúrgica tradicional na região mediana do abdômen. Além da retirada dos ovários, das tubas e do útero, será necessário retirar os gânglios (linfonodos) somente se eles tiverem comprometidos, parte do peritônio e, às vezes, fragmentos de intestino.

Abordaremos somente o tratamento dos tumores mais comuns: carcinoma seroso-papilífero, carcinoma endometrioide, carcinoma mucinoso e carcinoma de células claras.

 

Estádios I e II

Quando o câncer atinge apenas um ovário (Estádio IA) e não invade a cápsula que reveste o órgão, a cirurgia conservadora, que retira apenas o ovário e a trompa comprometida, associada ou não à quimioterapia, é o tratamento indicado. Nesse caso, o útero e outro ovário são preservados, possibilitando novas gestações. O cirurgião, no entanto, precisa tomar todas as precauções para estar seguro de que a doença realmente estava restrita ao ovário retirado. Nas mulheres que já atingiram a menopausa, ou estão próximas dela, é mais prudente remover ambos os ovários (cirurgia radical).

Caso o tumor tenha atingido os dois ovários (Estádio IB), quando há ruptura da cápsula que reveste o órgão ou há células do tumor no líquido que reveste a cavidade abdominal (estádio IC) ou também quando o tumor invade estruturas próximas a ele (Estádio II), deve-se realizar a cirurgia radical com a retirada dos dois ovários e do útero, associada à quimioterapia após a cirurgia nos casos dos tumores mais agressivos.

Câncer confinado a um dos ovários
Câncer confinado a um dos ovários (Estádio IA) ou aos dois ovários (Estádio IB) e o tratamento específico para essas fases da doença

 

Câncer invadindo estruturas próximas do ovário
Câncer invadindo estruturas próximas do ovário por continuidade (Estádio II) e o tratamento específico para essa fase da doença.

 

Nas pacientes com tumores bem diferenciados, de tipos histológicos comuns, que não invadem a cápsula ovariana, o prognóstico costuma ser tão bom que não há necessidade de complementação com outros tratamentos.

Essa conduta não vale para os tumores pouco diferenciados e aqueles com características mais agressivas, como os de células claras, nem para os tumores que invadem a cápsula ovariana e aqueles em que as células malignas estão presentes no líquido abdominal.

Nessas situações, está indicado o tratamento quimioterápico após a cirurgia (adjuvante).

Quimioterapia adjuvante (pós-operatória)

Alguns esquemas de quimioterapia mostraram ser capazes de aumentar os índices de cura. Os medicamentos mais utilizados são carboplatina e paclitaxel, administrados por via intravenosa.

O esquema é bem tolerado mesmo em mulheres idosas, podendo ocasionar queda de cabelo e, em grau variável, fadiga, náusea, vômito, aftas na boca, predisposição a infecções e formigamento nos dedos das mãos e dos pés. A duração de tratamento é de aproximadamente quatro a cinco meses.

 

Estádio III

Cirurgia radical

Através de uma incisão longitudinal, o cirurgião fará a remoção dos ovários e das trompas, do útero, dos gânglios (linfonodos) da pelve e do abdômen, da gordura que reveste as vísceras (omento) e de todos os locais em que houver implantes da doença no peritônio, membrana que envolve as vísceras abdominais.

A cirurgia deve procurar remover o máximo de tecido tumoral possível, procedimento conhecido como citorredução cirúrgica. Quanto menor a quantidade de tumor residual, mais eficaz será a quimioterapia. Os melhores resultados são obtidos quando todas as lesões tumorais foram retiradas.

A quimioterapia é indicada mesmo quando se retira toda a doença visível, para evitar o risco da recidiva do câncer.

Quimioterapia adjuvante (pós-operatória)

Pode ser usada por via intravenosa ou, em situações bem específicas, por via intraperitoneal através de um cateter implantado durante o ato cirúrgico. Além das medicações carboplatina e paclitaxel, que são usadas na doença inicial, também pode ser utilizada a medicação bevacizumabe.

Quimioterapia neoadjuvante (pré-operatória)

Está indicada nos casos mais avançados, com a finalidade de reduzir as massas tumorais para facilitar a cirurgia.

Tratamento de manutenção

Após o término da quimioterapia, dados mais recentes mostram que o uso adicional de certas medicações por um período determinado pode auxiliar a reduzir o risco da recidiva do câncer. Esse tratamento é chamado de manutenção. A indicação do tratamento de manutenção leva em conta o resultado de testes genéticos e a extensão da doença ao diagnóstico. É indicado somente para pacientes com doença mais avançada já ao diagnóstico.

Aproximadamente 15 a 20% das mulheres com câncer de ovário apresentam alterações nos genes BRCA 1 ou BRCA 2, chamadas de mutações. Existem ainda casos em que a paciente não nasce com uma destas duas mutações, mas o tumor as expressa. Neste caso, após o fim da quimioterapia para os estádios III e IV, indica-se medicações orais chamadas inibidores de PARP, que agem impedindo que a célula do tumor consiga consertar o dano causado pelos tratamentos. No Brasil temos disponível o olaparibe e o niraparibe. Este tratamento de manutenção nesse grupo de pacientes consegue diminuir o risco de progressão ou morte pela doença em 70%. Em casos específicos também pode ser indicada a utilização do bevacizumabe, medicamento que inibe a formação de vasos sanguíneos no tumor, de maneira isolada ou em combinação com o olaparibe.

 

Invasão do peritônio ou dos linfonodos da pelve
Invasão do peritônio ou dos linfonodos da pelve ou do abdômen e o tratamento específico para essa fase da doença

Estádio IV

Nessa fase, quando o câncer atinge outros órgãos, como pleura, pulmões e fígado, o tratamento de escolha é a quimioterapia. Os esquemas mais utilizados são os que associam carboplatina com paclitaxel. Outras opções incluem doxorrubicina lipossomal peguilada, gencitabina, topotecano, irinotecano, vinorelbina, docetaxel, oxaliplatina, entre outros. Medicações que inibem a formação de vasos sanguíneos no tumor, como o bevacizumabe, podem ser usados em conjunto com a quimioterapia. Os inibidores de PARP (olaparibe, niraparibe) também podem ser utilizados após o término da quimioterapia em algumas situações.

Cirurgia citorredutora

A cirurgia pode estar indicada em casos selecionados, com o objetivo de reduzir o volume de tumor ou de resolver complicações como derrames pleurais ou obstrução intestinal.

 


Atualização: Dra. Ana Paula Garcia Cardoso – CRM: 116987
Oncologista Clínica no Hospital Israelita Albert Einstein
Apoio: Dra. Jéssica Ribeiro Gomes – CRM: 159784
Oncologista Clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Fevereiro 2022

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