Câncer de próstata | Diagnóstico
Devemos pensar na hipótese de câncer de próstata quando ocorre elevação dos níveis de PSA, na presença de um nódulo ao exame de toque retal, de alguma alteração na ultrassonografia ou dos sintomas.
O principal exame para chegar ao diagnóstico de câncer de próstata é a biópsia, que deve ser realizada sob anestesia. É inaceitável realizá-la a sangue frio. A técnica exige a visualização da próstata, por meio do aparelho de ultrassonografia acoplado a uma sonda introduzida no reto.
Uma agulha especial é inserida no reto e guiada pelo aparelho de modo a alcançar várias partes dos lobos direito e esquerdo da próstata, incluindo as áreas suspeitas.
Geralmente, são retirados de 12 a 18 fragmentos. O procedimento leva de 15 a 30 minutos. Por alguns dias depois do procedimento, o paciente eventualmente se queixa de um leve incômodo na região anal, podendo também ocorrer a presença de sangramento na urina e no esperma.
O tecido retirado irá para exame anatomopatológico. O patologista examinará o aspecto das células malignas para classificá-las de acordo com escore de ISUP (sociedade internaiconal de patologia urológica, em inglês) ou Gleason (nome do patologista que o criou), pois, como os tumores malignos de próstata são muito heterogêneos, pode haver áreas com células de aspecto mais agressivo e outras de aparência mais benigna.
Gleason estabeleceu um sistema de pontos, que vão de 1 a 5, para caracterizar o aspecto microscópico das células. Segundo esse sistema, 1 ponto é dado quando as células são mais diferenciadas (muito semelhantes ao tecido prostático normal), e 5 quando são mais indiferenciadas, ou seja, mais agressivas. A pontuação de 2 a 4 é usada para casos intermediários, no sentido da menor para a maior agressividade.
A nota final do escore de Gleason representa a soma da pontuação dos dois tipos de células tumorais mais frequentes na amostra analisada. Por exemplo, se um tumor é classificado como Gleason 7 (4+3), significa que o tipo de célula maligna mais comum na amostra recebeu 4 pontos, enquanto o segundo tipo mais frequente recebeu 3. A somatória dos dois tipos mais frequentes em uma amostra é no mínimo 2 e no máximo 10.
Quanto mais baixo o escore, menos agressivo o tumor, e vice-versa. Tumores com Gleason de 2 a 6 apresentam prognóstico mais favorável, ao contrário dos com Gleason de 8 a 10. Os casos com Gleason 7 são classificados como de médio risco.
O escore da ISUP foi estabelecido em 2014 através da revisão do escore de Gleason. Ele classifica os tumores em graus de 1 a 5. Os tumores de grau ISUP 1 representam o Gleason ≤ 6, aqueles com grau ISUP 2 são os de Gleason 7 (3+4), os de grau ISUP 3 são o Gleason 7 (4+3), os de grau 4 são os de Gleason 8 e aqueles com grau 5 são os de Gleason 9 ou 10.
Em algumas ocasiões, não se estabelece nem o resultado de malignidade nem o de benignidade após a biópsia, gerando o laudo clássico de uma lesão suspeita. Nesse grupo encontram-se a neoplasia prostática intraepitelial (PIN, sigla em inglês) e a proliferação atípica de células acinares (ASAP, sigla em inglês), que podem, às vezes, evoluir para câncer.
Na PIN, as células se parecem diferentes daquelas usuais do tecido prostático normal, porém não apresentam características de infiltração ou invasão dos tecidos prostáticos mais profundos. A PIN divide-se em baixo grau e alto grau.
O mais perigoso é a PIN de alto grau, cujas células se parecem menos com as células da próstata. Cerca de 20% dos pacientes com PIN de alto grau têm câncer de próstata ou vão desenvolvê-lo. Esses casos exigem acompanhamento mais cauteloso e novas biópsias.
Na ASAP, as células parecem-se malignas, porém o patologista não reúne todos os critérios para firmar esse diagnóstico. Como cerca de 40% dos pacientes com ASAP desenvolverão câncer de próstata, eles devem ser acompanhados com cuidado.
Outros exames que podem auxiliar no diagnóstico e na avaliação da extensão da doença são: ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética com bobina endorretal.
Atualização: Dr. Fabio A. B. Schutz – CRM 114.313
Oncologista clínico na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo
Apoio: Dr. Daniel Vargas Pivato de Almeida – CRM 27.574
Oncologista clínico – Grupo Oncoclínicas – Brasília-DF
Março 2022