Herpes zoster, conhecido como cobreiro, é uma infecção causada pela reativação do vírus da catapora, que permanece adormecido no organismo por anos e pode voltar quando a imunidade cai. Ele provoca dor intensa em queimação e lesões em forma de faixa, geralmente em apenas um lado do corpo, e pode evoluir com complicações importantes, como dor crônica e comprometimento dos olhos ou do sistema nervoso.
Neste texto, você vai entender o que causa o herpes zoster, quais são os principais sintomas, quem tem mais risco, quando o tratamento precisa ser iniciado com urgência e quais medidas realmente ajudam a prevenir a doença e suas complicações.
Principais destaques
- Herpes zoster é a reativação do vírus da catapora, causando dor em queimação e bolhas em faixa, geralmente em apenas um lado do corpo.
- Idade avançada, imunossupressão, doenças crônicas e estresse intenso aumentam o risco de desenvolver herpes zoster e complicações como neuralgia pós-herpética.
- Iniciar antivirais (como aciclovir, valaciclovir ou fanciclovir) nas primeiras 72 horas reduz a duração do herpes zoster, a intensidade da dor e o risco de dor crônica.
- Neuralgia pós-herpética pode durar meses ou anos e exige tratamento específico para dor neuropática, com medicamentos orais, terapias tópicas e abordagens complementares.
- O zoster oftálmico e as formas com acometimento neurológico são graves e exigem atendimento médico urgente para evitar perda de visão e sequelas no sistema nervoso.
- A vacina contra herpes zoster, associada a hábitos de vida saudáveis e cuidados para evitar transmissão da catapora a terceiros, é a melhor estratégia de prevenção.
O que é herpes zoster, causas e fatores de risco
Herpes zoster é uma infecção viral causada pelo vírus varicela-zoster, o mesmo que provoca a catapora na infância.
Depois que você tem catapora, o vírus não some do corpo. Ele se esconde, em estado latente, nos gânglios nervosos próximos à medula espinhal e ao cérebro.
Durante anos ele pode ficar completamente silencioso. Porém, quando seu sistema imunológico enfraquece, esse vírus pode se reativar e “descer” por um nervo até a pele, causando dor e bolhas em faixa, típicas do herpes zoster.
O principal fator de risco é a idade avançada. A partir dos 50–60 anos, a proteção imunológica contra o vírus diminui, o que explica por que o herpes zoster é muito mais comum em idosos.
Situações de imunossupressão também aumentam muito o risco: pessoas vivendo com HIV, pacientes com câncer, em quimioterapia, uso prolongado de corticoides ou que passaram por transplante de órgãos.
Doenças crônicas como diabetes, doenças pulmonares e cardíacas, desnutrição e estresse intenso também contribuem para a queda da imunidade. Em muitos casos, o episódio de herpes zoster aparece justamente após um período de grande desgaste físico ou emocional.
É importante entender que herpes zoster não é o mesmo que herpes simples (o das “feridas” nos lábios ou na região genital). São vírus diferentes, doenças diferentes, apesar do nome parecido.


Sinais, sintomas e possíveis complicações
Os primeiros sintomas costumam ser sutis e podem ser confundidos com outros problemas, como dor muscular ou problema na coluna. Por isso, muita gente só desconfia de herpes zoster quando as bolhas já aparecem.
O sintoma mais típico é uma dor em queimação, choque ou formigamento em uma região do corpo, geralmente em apenas um lado, respeitando o trajeto de um nervo. Essa dor pode ser intensa, mesmo antes de qualquer mancha na pele.
Depois de um a três dias, surge uma vermelhidão localizada, seguida de pequenas bolhas agrupadas, cheias de líquido, lembrando muito as lesões da catapora, mas concentradas em faixa.
É comum que as lesões apareçam no tronco (costas e barriga), mas podem ocorrer também em face, cabeça, pescoço, braços ou pernas, sempre de forma unilateral, ou seja, de um lado só do corpo.
Além das lesões na pele e da dor, você pode ter febre baixa, mal-estar, dor de cabeça e cansaço. Em pessoas mais frágeis, esses sintomas gerais podem ser mais intensos.
Na maioria dos casos, as bolhas se rompem, secam e formam crostas em duas a quatro semanas, deixando a pele mais escura ou com pequenas cicatrizes. Porém, em algumas pessoas, principalmente idosas, a dor pode continuar mesmo depois da cicatrização.
As principais complicações são: neuralgia pós-herpética (dor crônica), infecção bacteriana das lesões (quando as bolhas inflamam e infeccionam), acometimento ocular e complicações neurológicas mais graves, embora estas sejam raras.
A seguir, você vai ver com mais detalhes as fases da doença, a neuralgia e os riscos quando o zoster acomete olhos e sistema nervoso.
Fases da doença
A doença costuma evoluir em três fases, que às vezes se sobrepõem.
Na fase pré-eruptiva, que dura de um a três dias, surge dor localizada, queimação, coceira ou formigamento na pele, sem lesões aparentes. Pode haver febre, mal-estar e dor de cabeça. É uma fase facilmente confundida com outras dores.
Na fase eruptiva, aparecem as manchas vermelhas e, em seguida, as vesículas (bolhas) agrupadas, sobre o trajeto do nervo acometido. As bolhas podem aumentar, se agrupar e doer ao toque.
Essa fase costuma durar de cinco a sete dias. Depois, as bolhas secam e se transformam em crostas. É uma fase em que a pele fica sensível e pode coçar bastante.
Por fim, vem a fase de crostas e cicatrização, que pode levar duas a quatro semanas. As crostas caem e a pele fica rosada ou mais escura. Em alguns casos, ficam cicatrizes ou áreas de sensibilidade alterada.
Neuralgia pós-herpética
Neuralgia pós-herpética é a complicação mais comum do herpes zoster, principalmente em pessoas acima de 60 anos. Trata-se de uma dor persistente, que continua por três meses ou mais após o desaparecimento das lesões.
Essa dor costuma ser em queimação, fisgada, choque, ou sensibilidade exagerada ao toque, a ponto de até a roupa encostar na pele e causar dor intensa. Pode atrapalhar sono, apetite e qualidade de vida de forma importante.
Quanto mais idade você tem, maior o risco de desenvolver neuralgia pós-herpética. Outros fatores de risco são: dor muito intensa no início, lesões muito extensas e atraso para iniciar o tratamento antiviral.
Embora em muitos casos a dor melhore com o tempo, ela pode durar meses ou até anos. Por isso, prevenir essa complicação, com diagnóstico precoce e tratamento adequado, é fundamental.
Complicações oculares e neurológicas
Quando o herpes zoster acomete a face, especialmente a região próxima ao olho, é chamado de zoster oftálmico. Essa forma é considerada grave e sempre exige avaliação rápida com oftalmologista.
Além da dor e das bolhas na pele da testa, pálpebra e nariz, o vírus pode inflamar estruturas internas do olho, levando a ceratite, uveíte e, em casos não tratados, perda visual permanente.
Complicações neurológicas incluem inflamação do cérebro (encefalite), da medula (mielite) e paralisia de nervos cranianos, como paralisia facial súbita. Em situações raras, o herpes zoster pode se associar a AVC.
Essas complicações são mais comuns em pessoas imunossuprimidas, muito idosas ou quando o tratamento é atrasado. Qualquer sinal neurológico, como confusão mental, fraqueza, dificuldade para andar ou falar, exige atendimento de urgência.
Como é feito o diagnóstico do herpes zoster
Na maioria das vezes, o diagnóstico de herpes zoster é clínico, ou seja, feito apenas pelo exame físico e pela história que você relata ao médico.
A combinação de dor em faixa, em apenas um lado do corpo, seguida do aparecimento de vesículas agrupadas, é bastante característica e costuma ser suficiente para confirmar a suspeita.
Em casos típicos, não são necessários exames laboratoriais. No entanto, em pessoas imunossuprimidas, apresentações atípicas ou quando há dúvida diagnóstica, o médico pode solicitar exames específicos.
Os principais são o PCR (que detecta o material genético do vírus nas lesões) e sorologias, que avaliam a resposta de anticorpos. Esses exames ajudam a diferenciar de outras doenças bolhosas ou de infecções por outros vírus.
Quando o sistema nervoso central é suspeito de estar envolvido, podem ser necessários exames de imagem, como ressonância magnética, e análise do líquor (o líquido que envolve o cérebro e a medula), feita por punção lombar.
O mais importante é que você procure atendimento médico logo nos primeiros dias dos sintomas, pois isso aumenta muito a chance de um diagnóstico claro e de um tratamento eficaz.
Tratamento e alívio dos sintomas
O tratamento do herpes zoster tem três objetivos principais: controlar a multiplicação do vírus, aliviar a dor e cuidar da pele para reduzir o risco de complicações e de cicatrizes.
Em geral, o tratamento é feito em casa, com medicamentos por via oral e cuidados locais. Casos graves, com acometimento ocular ou neurológico, podem exigir internação e antivirais na veia.
Quanto mais cedo você iniciar o tratamento antiviral, melhor. Idealmente, até 72 horas após o surgimento das primeiras bolhas. Ainda assim, em casos graves, o tratamento pode ser indicado mesmo depois desse prazo.
Antivirais e tempo ideal para iniciar o tratamento
Os principais antivirais usados são aciclovir, valaciclovir e fanciclovir. Todos atuam reduzindo a replicação do vírus varicela-zoster, encurtando a duração da doença e diminuindo a intensidade da dor.
Eles também reduzem o risco de desenvolver neuralgia pós-herpética, sobretudo em idosos. Por isso, não se trata apenas de aliviar o episódio atual, mas de prevenir dor crônica futura.
O uso deve ser sempre orientado por médico, que vai ajustar dose e duração conforme sua idade, peso, função renal e gravidade do quadro. Em geral, o tratamento dura de sete a dez dias.
Começar o antiviral nas primeiras 72 horas após o surgimento das lesões é o ideal. Porém, se as bolhas ainda estão aparecendo ou se há acometimento ocular ou neurológico, costuma-se indicar mesmo após esse período.
Controle da dor e cuidados com a pele
O controle da dor é parte fundamental do tratamento. Dependendo da intensidade, podem ser usados analgésicos simples, anti-inflamatórios, medicamentos opioides em curto prazo e remédios específicos para dor neuropática.
Entre os medicamentos para dor neuropática, destacam-se antidepressivos tricíclicos em baixas doses e anticonvulsivantes como gabapentina e pregabalina. Eles atuam diretamente na forma como o nervo transmite o estímulo doloroso.
Na pele, os cuidados básicos incluem higienização suave com água e sabonete neutro, secar bem a região, evitar uso de pomadas sem orientação e não romper as bolhas. Isso diminui o risco de infecção bacteriana secundária.
Banhos mornos ou frios e compressas frias podem aliviar a ardência e a coceira. Roupas leves e largas evitam atrito e melhoram o conforto. Em caso de sinais de infecção, como pus, aumento da vermelhidão ou febre, é preciso rever o médico.
Manejo da neuralgia pós-herpética
Quando a dor persiste por mais de três meses após a cicatrização das lesões, costuma-se fazer o diagnóstico de neuralgia pós-herpética. O tratamento é individualizado e, muitas vezes, combina mais de uma abordagem.
Gabapentina e pregabalina são bastante usadas e ajudam a reduzir a intensidade da dor neuropática. Antidepressivos tricíclicos também têm bom efeito analgésico nesse contexto, mesmo em pessoas sem depressão.
Terapias tópicas, como adesivos de lidocaína ou cremes com capsaicina, podem ser úteis em áreas bem localizadas, reduzindo a necessidade de altas doses de remédios orais.
Em casos selecionados, podem ser necessários opioides, sempre com muita cautela e acompanhamento médico próximo. Fisioterapia, acupuntura e técnicas de manejo da dor também podem complementar o tratamento.
O objetivo é que você recupere qualidade de vida, sono e capacidade de realizar suas atividades diárias, mesmo quando a dor é persistente.
Prevenção, vacina e cuidados no dia a dia
Embora não seja possível eliminar completamente o risco de herpes zoster, hoje você conta com duas grandes aliadas: a vacina específica e o cuidado diário com a imunidade e com a transmissibilidade das lesões.
Entender como a transmissão acontece e quem tem indicação de vacina ajuda a proteger você e as pessoas ao seu redor.
Vacina contra herpes zoster: quem deve tomar
A vacina recombinante contra herpes zoster, não viva, é indicada em muitos países para adultos a partir de 50 anos, mesmo que já tenham tido catapora ou até um episódio anterior de zoster.
Ela reduz de forma importante a chance de desenvolver herpes zoster e, principalmente, neuralgia pós-herpética. Estudos mostram redução significativa de incidência e gravidade dos casos entre vacinados.
No Brasil, a disponibilidade e as recomendações variam entre rede pública e privada e mudam com o tempo. Por isso, é essencial que você converse com seu médico ou com o serviço de saúde local para saber se tem indicação.
Pessoas imunossuprimidas, como quem vive com HIV, faz quimioterapia ou usa imunossupressores, em geral se beneficiam bastante da prevenção, mas a indicação deve ser individualizada.
Medidas para reduzir o risco de transmissão
Você não “pega” herpes zoster de outra pessoa. O que pode acontecer é uma pessoa sem imunidade para catapora pegar catapora ao ter contato direto com o líquido das bolhas de quem está com zoster.
Por isso, enquanto as lesões estiverem ativas (ainda sem crostas), é importante cobrir as áreas afetadas com curativos ou roupas e evitar coçar, apertar ou romper as bolhas.
Você deve evitar contato próximo com gestantes que não tiveram catapora nem foram vacinadas, com recém-nascidos e com pessoas imunossuprimidas, até que todas as bolhas estejam secas e em crosta.
Higienizar bem as mãos após tocar as lesões ou trocar curativos e não compartilhar toalhas, roupas íntimas ou itens pessoais também ajuda a reduzir o risco de transmissão da catapora a terceiros.
Estilo de vida e fortalecimento da imunidade
Um sistema imunológico equilibrado reduz a chance de o vírus latente se reativar. Isso não significa “imunidade perfeita”, mas sim cuidados consistentes com sua saúde global.
Dormir bem, manter alimentação variada, rica em frutas, legumes, verduras e proteínas, controlar doenças crônicas como diabetes e hipertensão, evitar tabagismo e excesso de álcool são pontos básicos.
O manejo do estresse também é fundamental. Períodos prolongados de tensão emocional, luto, sobrecarga de trabalho ou doenças graves na família costumam anteceder muitos casos de zoster.
Atividade física regular, acompanhamento médico periódico e adesão correta a tratamentos de doenças já existentes são estratégias simples que, a longo prazo, diminuem o risco de reativação do vírus.
Lembre-se: mesmo com um bom estilo de vida, a idade é um fator importante. Por isso, em muitas situações, a combinação de vacina com hábitos saudáveis é o melhor caminho.
Perguntas frequentes sobre herpes zoster (cobreiro)
O que é herpes zoster e por que ele aparece anos depois da catapora?
Herpes zoster, ou cobreiro, é causado pela reativação do vírus varicela-zoster, o mesmo da catapora. Após a infecção inicial, o vírus fica “adormecido” nos nervos. Quando a imunidade cai, especialmente em idosos ou imunossuprimidos, ele pode se reativar e provocar dor e bolhas em faixa.
Quais são os primeiros sinais de herpes zoster e quando devo procurar um médico?
Os primeiros sinais costumam ser dor em queimação, choque ou formigamento em uma área específica do corpo, geralmente de um lado só. Em seguida surgem manchas vermelhas e bolhas agrupadas. Procure médico logo nos primeiros dias, idealmente antes de 72 horas das primeiras bolhas, para iniciar antiviral.
A vacina contra herpes zoster é indicada para quem e realmente previne o cobreiro?
A vacina recombinante contra herpes zoster é indicada, em muitos países, para adultos a partir de 50 anos, mesmo se já tiveram catapora ou zoster. Ela reduz significativamente o risco de ter herpes zoster e, principalmente, neuralgia pós-herpética. A indicação específica deve ser avaliada com o médico ou serviço de saúde.
Herpes zoster é contagioso? Posso pegar cobreiro de outra pessoa?
Você não “pega” herpes zoster de alguém. O que pode ocorrer é uma pessoa sem imunidade para catapora pegar catapora ao ter contato direto com o líquido das bolhas de quem está com zoster. Por isso, é essencial cobrir as lesões, não rompê-las e evitar contato com gestantes e imunossuprimidos.
Quais cuidados de estilo de vida ajudam a prevenir herpes zoster ou novas crises?
Manter o sistema imunológico equilibrado é essencial: dormir bem, ter alimentação variada e rica em nutrientes, praticar atividade física regular, evitar cigarro e excesso de álcool e controlar doenças crônicas. Manejar o estresse e fazer acompanhamento médico periódico também ajudam a reduzir o risco de reativação do vírus varicela-zoster.





