Vômitos e queda de cabelo são os efeitos colaterais mais conhecidos da químio, apesar do cansaço extremo ser o que atinge mais pacientes. A fadiga afeta de 50% a 90% dos indivíduos durante o tratamento contra o câncer, o que acarreta um desgaste grande na qualidade de vida. Atividades simples, como subir um lance de escadas ou tomar um banho, tornam-se muito difíceis.
A dra. Aline Rocha Lima, mestre em Oncologia pela Faculdade de Medicina da USP, explica que existem alguns artifícios úteis para combatê-la, e diz que costuma adiantar esse efeito para aqueles de quem trata: “eu gosto sempre de falar para os meus pacientes que a fadiga é algo que realmente pode acontecer, mas não quer dizer que a doença está progredindo ou que é alguma complicação do câncer”.
Ainda assim, é importante investigar se a fadiga não está relacionada a outras doenças, como anemia, hipotireoidismo, perda de potássio, sódio, magnésio ou até desnutrição. “Só depois dessa investigação é que podemos entrar com alternativas para tentar diminuir a sensação, que gera um mal-estar muito grande, diz Lima.
A fadiga do câncer é diferente de sentir-se cansado. Quando você se sente cansado, em geral após um banho e uma noite de sono você já se sente melhor. Enquanto isso, a fadiga persiste mesmo se o paciente dormir o dia inteiro.
A boa notícia é que esse sintoma desagradável vai regredindo à medida que o tratamento vai terminando.
A dra. Aline listou algumas dicas que podem ajudar:
1. Exercícios físicos
“O exercício físico, quando bem supervisionado por um fisioterapeuta, fisiatra ou educador físico, ajuda o paciente a lidar com esse sintoma. Se ele possui um condicionamento físico normal, não é idoso nem obeso, a recomendação é que ele faça de cinco a seis horas semanais. Eu aconselho os aeróbicos, como uma boa caminhada”, explica Aline.
2. Cochilos curtos
“Muitos pacientes acabam dormindo mal, têm insônia, o que gera um cansaço grande no dia seguinte. Eu digo que por mais que a pessoa esteja cansada, os cochilos ao longo do dia não devem ser maiores que uma hora, pois isso vai comprometer o sono”, recomenda a oncologista.
3. Técnicas de relaxamento
“Yoga e tai-chi-chuan podem ser eficientes, pois, além de ajudar a diminuir os sintomas, ajudam o paciente a ficar menos ansioso. Terapia cognitivo-comportamental também é indicada, já que o câncer pode provocar conflitos internos e sentimentos que ficam difíceis de administrar”, afirma.
4. Estabeleça prioridades
“Costumo pedir para os pacientes observarem e listarem em qual momento do dia eles ficam mais indispostos. A dica é eles aproveitarem para fazer as coisas no momento que eles se sentem melhor, seja no começo da manhã ou no final do dia. Requer certo planejamento de prioridades. Por exemplo: é realmente importante limpar a casa naquele momento? Muitas vezes o paciente não quer dar o braço a torcer e admitir que não está se sentindo bem”, afirma a doutora.
5. Remédios
A oncologista explica que algumas medidas medicamentosas também podem ser indicadas, como o uso de corticoides. “O uso desse tipo de medicamento com pausas periódicas costuma trazer alívio aos pacientes. Além disso, há estudos que mostram que o uso de metilfenidato também pode ajudar a amenizar a fadiga, mas ainda não é uma prática muito usual”.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.