Evento

30 de Maio a 3 de Junho de 2025

Instituto Vencer o Câncer participa de sessão especial da ASCO 2025 e debate o papel dos pacientes em pesquisas clínicas

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Durante o Congresso Americano de Oncologia (ASCO 2025), o Instituto Vencer o Câncer (IVOC) marcou presença em uma sessão especial voltada exclusivamente para os “patient advocates”, os representantes de associações voltadas às discussões dos direitos de pacientes e de políticas públicas em Saúde.

O encontro reuniu a presidente da American Society of Clinical Oncology (ASCO), Dra. Robin Zon, e o presidente eleito da entidade, Dr. Eric Small. A economista Gabriela Tannus, voluntária técnica do IVOC, participou do debate levantando uma questão relevante sobre o papel das pesquisas clínicas no acesso à saúde.

“Sou economista da saúde e atuo no Instituto Vencer o Câncer, que defende a ampliação das pesquisas clínicas na nossa região”, afirmou Gabriela. Ela ressaltou que os estudos clínicos não são apenas uma oportunidade de gerar dados científicos, mas, muitas vezes, representam o único caminho possível para que pacientes tenham acesso a tratamentos adequados. “A pesquisa clínica é, para muitos, a única forma de garantir um tratamento de qualidade. Como vocês enxergam a ampliação do acesso às pesquisas como uma estratégia para garantir o direito à saúde e salvar vidas?”, questionou.

Instituto Vencer o Câncer participa de sessão especial da ASCO 2025 e debate o papel dos pacientes em pesquisas clínicas
Presidentes da ASCO

A resposta dos líderes da ASCO reforçou a relevância do tema. O Dr. Eric Small destacou que, em muitos países e até mesmo em comunidades dentro dos Estados Unidos, os ensaios clínicos são o único meio de obter acesso a medicamentos inovadores. “O pembrolizumabe, por exemplo, revolucionou o tratamento imunoterápico e é uma das drogas com maior número de indicações. Mas está indisponível em três quartos do mundo por ser muito caro. A pesquisa clínica é, para muitos, a única forma de acesso”, afirmou.

Ele explicou que há um esforço nos EUA, com participação ativa da ASCO, para tornar os ensaios mais simples, eficientes e com menos exigências, facilitando a inclusão dos pacientes. “Estamos trabalhando para que os estudos não exijam que o paciente se desloque até grandes centros. Isso ainda avança lentamente, mas os benefícios começam a aparecer”, disse.

A Dra. Robin Zon complementou destacando a necessidade de descentralização das pesquisas, principalmente para regiões remotas ou com poucos recursos. Ela citou projetos em curso, como o que está sendo desenvolvido em áreas rurais de Montana (EUA), onde enfermeiros treinados e profissionais locais trabalham conectados a centros acadêmicos para viabilizar o tratamento.

“Isso também já foi feito na Austrália, com apoio do governo, porque o país é majoritariamente rural. Mas a escassez de profissionais em áreas afastadas ainda é um desafio, inclusive nos Estados Unidos. Em muitos países, há pouquíssimos oncologistas, às vezes menos de uma dezena, o que dificulta muito a implementação dos estudos”, destacou a presidente da ASCO.

Ambos os líderes reforçaram que a ASCO vem atuando com conselhos regionais e projetos de demonstração para mapear e escalar boas práticas ao redor do mundo, com o objetivo de ampliar o acesso à pesquisa clínica e, consequentemente, aos tratamentos de ponta.

Para fortalecer o acesso à pesquisa clínica no Brasil, o Instituto Vencer o Câncer criou a Rede Vencer o Câncer de Pesquisa Clínica. O programa tem como objetivo implementar centros de pesquisa em regiões subatendidas do país, oferecendo uma chance única de acesso a tratamentos inovadores.

A Rede já conta com 20 centros de pesquisa distribuídos por todas as regiões do Brasil. Além disso, investe na capacitação de profissionais de saúde, desenvolve materiais educativos para a população e incentiva o apoio a estudos liderados por pesquisadores brasileiros. Tudo isso com um único objetivo: ampliar o acesso da população a
tratamentos de ponta contra o câncer.

Fernanda d´Avila