Direto de Chicago, o Instituto Vencer o Câncer acompanhou os principais destaques do maior congresso de oncologia do mundo
O Instituto Vencer o Câncer esteve presente na ASCO 2025, o principal congresso mundial de oncologia, realizado em Chicago, onde pudemos acompanhar os estudos mais relevantes que estão moldando o futuro do tratamento do câncer. Com foco em inovações terapêuticas, medicina personalizada e melhora da qualidade de vida dos pacientes, os integrantes do Comitê Científico do IVOC que acompanharam a sessão plenária (que apresenta os estudos mais importantes do congresso) destacam achados com potencial de mudar a prática clínica nos próximos anos.
O Dr. Antonio Buzaid, médico oncologista e cofundador do Instituto Vencer o Câncer, avalia que a ASCO 2025 apresentou “grandes avanços em vários cânceres”. Segundo ele, “é recompensador testemunhar estas conquistas em benefício dos nossos pacientes”.
Novidades para os tumores mais incidentes no Brasil e no mundo
Entre os destaques trazidos pelo Dr. Fernando Maluf, médico oncologista e também fundador do IVOC, está o estudo MATTERHORN, realizado com mais de mil pacientes com câncer gástrico e do esôfago. O trabalho, apresentado na sessão plenária do congresso, comparou os resultados de cirurgia associada à quimioterapia com outra estratégia que inclui também imunoterapia com um medicamento chamado durvalumabe. “Esse estudo mostrou que adicionar imunoterapia reduziu em quase 30% o risco de progressão da doença ou morte, o que representa um passo importante frente ao que tínhamos anteriormente”, explicou Maluf.
Outro avanço relevante veio do campo dos tumores de cabeça e pescoço, muito incidentes no Brasil. O estudo francês NIVOPOSTOP, com 680 pacientes, avaliou o impacto da adição do imunoterápico nivolumabe à radioterapia e quimioterapia pós-operatórias. “Houve uma redução de 26% no risco de recidiva ou morte, comparado ao tratamento padrão. É um resultado muito expressivo”, apontou Maluf.
Já em câncer colorretal com instabilidade de microssatélites (um marcador de resposta à imunoterapia), o estudo ATOMIC com 712 pacientes demonstrou que a combinação de quimioterapia e imunoterapia reduziu em 50% o risco de morte em relação à quimioterapia isolada. “É um dado muito significativo, com impacto direto na sobrevida desses pacientes”, afirmou.
A edição 2025 da ASCO também evidenciou o avanço de tecnologias emergentes, como anticorpos conjugados a drogas, que agem como “mísseis guiados” levando substâncias tóxicas diretamente às células tumorais. Maluf citou, ainda, pesquisas promissoras com vacinas contra tumores cerebrais e a expansão do uso de terapias com células CAR-T, já consagradas em tumores hematológicos como leucemias e linfomas, agora sendo exploradas também em tumores sólidos.
“Estamos entrando numa era de personalização do tratamento, em que conseguimos entender melhor o comportamento biológico de cada tumor e de cada paciente, para oferecer terapias mais direcionadas e eficazes”, concluiu.
Novidades também para o câncer de mama
A oncologista Débora Gagliato, integrante do comitê científico do IVOC, destacou mais um estudo que integrou a sessão plenária do congresso sobre o uso de biópsia líquida para detecção precoce de resistência ao tratamento.
A pesquisa SERENA-6 acompanhou pacientes com câncer de mama metastático, receptor hormonal positivo, utilizando a detecção de mutações no DNA tumoral circulante como sinal para antecipar a troca da terapia endócrina.
“Mesmo com exames de imagem mostrando estabilidade, o sangue já apontava sinais de resistência. Quando detectada a mutação, trocava-se o tratamento por uma droga mais potente, que degrada o receptor de estrogênio, mantendo a qualidade de vida e o controle da doença”, explicou a médica. Apesar de ainda não implementado na prática clínica, o estudo aponta para um futuro em que o monitoramento em tempo real da evolução molecular do tumor será rotina.
Com uma programação intensa e multidisciplinar, a ASCO 2025 reforçou a importância da pesquisa clínica e da colaboração internacional para levar inovações até a ponta, beneficiando os pacientes com tratamentos cada vez mais precisos, eficazes e menos tóxicos, garantindo melhor qualidade de vida e bem-estar no controle do câncer.
Fernanda d´Avila
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.