São Paulo foi a cidade escolhida para sediar de oito a 11 de julho o 5º Congresso Mundial da IAOO (Academia Internacional de Câncer Oral), evento que traz como desafios a adoção de estratégias que estimulem a prevenção e diagnóstico precoce deste tipo de câncer. Estima-se que 8 entre 10 dos cerca de 15 mil casos previstos para 2015 serão descobertos em fase avançada. Paralelamente, acontece o XXIII Congresso Brasileiro de Patologia Oral e Estomatologia, organizado pela Sobep (Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral), e o III Simpósio Latino Americano de Câncer de Cabeça e Pescoço, promovido pelo A.C. Camargo Cancer Center.
Eleito pela IAOO para presidir esta edição, o cirurgião oncológico e diretor do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do A.C. Camargo, Luiz Paulo Kowalski, destaca que a proposta do evento é enaltecer a importância da junção de profissionais de diferentes áreas da saúde para identificar precocemente as lesões pré-cancerosas. “Sabemos que de 70% a 80% dos pacientes que chegam ao oncologista com câncer oral já desenvolveram doença avançada, o que torna o tratamento mais complexo. Vemos esta doença como um desafio global contínuo, pois está situado em um cenário no qual a taxa de sobrevida evoluiu pouco, além de haver espaço para se ampliar no que tange ao entendimento da doença e das técnicas de reabilitação.”
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O evento, que deverá receber em torno de mil participantes, terá especialistas de áreas envolvidas na abordagem interdisciplinar dos tumores orais, entre eles cirurgiões oncológicos, oncologistas clínicos, radioterapeutas, radiologistas, fonoaudiólogos e estomatologistas. O público-alvo também é composto por dentistas e cirurgiões-dentistas, profissionais que podem atuar na identificação de lesões em fases iniciais.
“Clinicamente, no início pode ser observada uma placa branca irregular, áreas avermelhadas ou até mesmo pequenas úlceras (feridas) que não cicatrizam. O dentista não concluirá o diagnóstico, mas ele pode se acostumar a perceber o que é diferente e encaminhar para um oncologista. O que observamos hoje é que na maioria das vezes, ao se deparar com uma lesão, o generalista que atua na atenção primária não identifica que a lesão em questão pode ser câncer”, ressalta Kowalski.
Novo perfil do paciente
O perfil de paciente de alto risco não é mais predominantemente constituído de homens em torno dos 50 anos, tabagistas ou quem bebe muito álcool, pessoas com déficits nutricionais e sérios problemas de saúde bucal. Estudo publicado pelo A.C.Camargo na revista científica International Journal of Cancer aponta que 32% dos tumores de boca em jovens têm associação com o papilomavírus (HPV). Além disso, estudo em andamento mostra que em amígdalas, até 80% dos casos estão associados ao vírus. Em 2005, essa associação existia em apenas 25% dos casos, representando um crescimento superior a 300%.
Um dos participantes desses estudos, Luiz Paulo Kowalski alerta que historicamente os cânceres de boca e garganta afetavam homens mais velhos, tabagistas e/ou alcoólatras, mas esse perfil mudou. “Hoje esses tumores também atingem os mais jovens (entre 30 e 45 anos) que não fumam e nem bebem em excesso. Entre eles, alguns praticam sexo oral desprotegido. Somado a isso, está o fato de que a incidência está aumentando porque a tecnologia que permite o diagnóstico melhorou, com o desenvolvimento de mais exames de biologia molecular capazes de detectar o HPV, o que antes não acontecia. Os profissionais da assistência primária precisam conhecer esse novo perfil de paciente”, alerta.
Informações
5th World Congress – IAOO 2015
Oral Cancer, a continuing global challenge
Realização: International Academy of Oral Oncology
Eventos paralelos: III Latin American Symposium in Head and Neck Treatment e XXIII Brazilian Congress of Stomatology and Oral Pathology
Data: 8 a 11 de julho de 2015
Local: The World Trade Center
Endereço: Avenida das Nações Unidas, 12551, Brooklin, São Paulo – SP
Mais informações: https://www.iaoo2015.com/
