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Julho Verde – mês de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço alerta para os cuidados especializados que pacientes com estes tumores necessitam

Traqueostomia - Julho Verde mês de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço

 

Traqueostomia: que palavrinha complicada é essa?

Traqueostomia é um procedimento cirúrgico, realizado pelo médico na região da traquéia (pescoço), com o objetivo de facilitar a chegada de ar até os pulmões. Neste caminho ocorre a inserção de uma cânula, chamada “cânula de traqueostomia”, que pode ser de plástico ou metal, por onde o ar irá passar sem dificuldades.

O procedimento normalmente é indicado quando existe a presença de um tumor que está impedindo o ar de chegar até os pulmões, na ocorrência de traumas, acidentes, doenças congênitas (a partir do nascimento do bebê), após grandes cirurgias de cabeça e pescoço, ou ainda quando é impossível inserir uma cânula pela boca para levar o ar até os pulmões.

A traqueostomia poderá ser temporária ou definitiva. Na maioria dos casos de câncer de cabeça e pescoço, ela é definitiva e o paciente precisará aprender o autocuidado.

A cânula de traqueostomia metálica precisa ser substituída por cânula plástica diante da necessidade realização de exames como Ressonância Magnética, Tomografias de cabeça e pescoço, radioterapia ou conforme indicação médica.

A cânula de traqueostomia pode conter um balãozinho transparente, também chamado de “cuff”, que contribui para diminuir o risco de broncoaspiração (engasgos). Este balão deve permanecer cheio com ar (insuflado) e somente a equipe responsável pode manipulá-lo (médico, fisioterapeuta, enfermeiro, fonoaudióloga).

Alguns cuidados devem ser tomados na manutenção da cânula de traqueostomia, realizados pelo paciente ou por seu cuidador. A limpeza do intermediário, cânula interna que fica dentro da cânula de traqueostomia, é de extrema importância para que ela não fique obstruída (entupida) com secreções, impedindo a passagem do ar:

  • Lavar muito bem as mãos antes de manipular a cânula de traqueostomia;
  • Retire o intermediário e lave muito bem, removendo as sujidades, secreção acumulada. Utilize escovinha própria para retirar secreções aderidas, este procedimento deve ser realizado 4x ao dia;
  • Limpe bem a região do pescoço no momento do banho, utilizando água e sabonete, e quando necessário;
  • Troque o cadarço ou fixador de cânula diariamente, mantenha ele bem fixo para evitar que a cânula saia em caso de tosse;
  • Recoloque o intermediário dentro da cânula que está no seu pescoço e nunca deixe a sua cânula sem o intermediário;
  • Coloque duas gazes entre a pele do pescoço e a cânula para prevenir lesões e troque sempre que estiverem com sujidades ou úmidas;
  • Realize inalação com SF0,9% pelo menos 3x ao dia para fluidificar a secreção e reduzir o risco de formação de rolhas (tampões de secreção);
  • Não esquecer de beber água, hidratação é fundamental. Como a respiração não está acontecendo pela boca e nariz, a proteção natural do organismo foi interrompida e o ar entra direto para os pulmões, por isso a necessidade de cuidados especiais.
  • Lavar muito bem as mãos após manipular a cânula de traqueostomia.

 

Cuidados com a traqueostomia em tempos de Covid-19

Neste ano o mês de Julho Verde, de prevenção do câncer de cabeça e pescoço, oferece novos desafios, tendo em vista que pacientes traqueostomizados apresentam alterações fisiológicas no processo de respiração e, por isto, neste momento de pandemia precisam de cuidados e atenção especial.

O vírus da COVID-19 tem sua forma de contaminação através do contato com pessoas infectadas, por meio de secreções, como gotículas de saliva, espirro, tosse ou catarro e atinge diretamente o sistema respiratório, tornando os pacientes traqueostomizados particularmente suscetíveis.

Além das alterações na fisiologia da respiração do traqueostomizado (o ar entra direto pela estomia e segue para os pulmões sem nenhuma filtração), existe ainda a condição da imunidade, que muitas vezes apresenta-se comprometida em decorrência dos tratamentos.

A respiração através da traqueostomia pode expelir secreções, desta forma a pessoa traqueostomizada pode transmitir o vírus COVID-19 para outras pessoas, pelo contato com estas secreções. É de suma importância manter o isolamento social orientado pelos órgãos públicos, e caso seja necessário sair de casa é imprescindível utilizar um filtro para troca de calor e umidade (HME) que ajuda na filtração de micro-organismos, umidificação e aquecimento do ar que vai até os pulmões. Caso você não tenha acesso a este tipo de filtro deverá utilizar duas proteções: uma para cobrir boca e nariz (máscara), e outra para proteger a traqueostomia (lenço ou máscara). Por fim, a higienização das mãos deve ser realizada com maior frequência, principalmente ao manipular a traqueostomia.

Por fim, a higienização das mãos deve ser realizada com maior frequência, principalmente ao manipular a traqueostomia.

 

Girler Pereira dos Santos

Enfermeira Estomaterapeuta da Associação Brasileira de Estomaterapia – Sobest

Especializada em Estomaterapia – UNITAU

Especializada em UTI – FMU

Especializada em Oncologia – Einstein

Enfermeira Ambulatorial e Estomaterapeuta do Instituto Câncer de São Paulo

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