Um estudo da empresa VR, divulgado na última semana, mostrou que os produtos ultraprocessados correspondem a 22% das compras para alimentação de brasileiros. Depois deles, vêm as frutas, legumes e verduras (19%), leites e iogurtes (13%) e grãos (9%).
O consumo destes alimentos, que por definição são “formulações industriais que levam em sua composição cinco ou mais ingredientes típicos da indústria”, está associado ao aumento da incidência e morte por diversos tipos de câncer. Segundo um estudo publicado na revista The Lancet, o incremento de 10% no consumo de alimentos ultraprocessados aumentou em 2% o risco de câncer.
A oncologista Ana Luísa Baccarin, integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer, ressalta que os ultraprocessados, como o próprio nome diz, não são alimentos e sim produtos alimentícios que passaram por várias etapas de processamento industrial.
“Na grande maioria dos casos são produtos nutricionalmente muito pobres e de alto índice glicêmico, contribuindo assim para a ocorrência de doenças metabólicas como obesidade e diabetes”, afirma. “Assim como o álcool e o cigarro, quanto menor o consumo, menores os riscos para a saúde. O ideal seria excluir totalmente os ultraprocessados da dieta”, defende a médica.
Eduardo Nilson, pesquisador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde – Nupens/USP e da Fiocruz/Brasília acrescenta que “os ultraprocessados mudam a matriz do alimento de tal maneira que modificam a absorção de nutrientes, e a grande exposição aos aditivos alimentares causa processos inflamatórios no organismo e altera a microbiota”.
Nilson é um dos autores do estudo que constatou que o consumo de ultraprocessados provoca cerca de 57 mil mortes por ano no Brasil. “O alimento ultraprocessado é feito para ser hiper palatável, para mexer nos mecanismos de saciedade e ser consumido em excesso. As políticas públicas precisam olhar para tudo isso”.
Com informações do texto publicado originalmente em 20/01/23, leia também: Consumo de ultraprocessados estaria relacionado a 10% das mortes de adultos no Brasil.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.