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Criação de centros pelo país permite descentralizar a pesquisa clínica e oferecer soluções para questões locais

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Depois de se formar em Medicina na Universidade Federal do Maranhão, Ana Caroline Fonseca Alves fez especialização em clínica médica no Hospital Santa Marcelina e em oncologia clínica no AC Camargo Cancer Center, ambos em São Paulo; e passou um mês no hospital Princess Margaret Cancer Centre, em Toronto, no Canadá. Cada nova experiência em oncologia aumentava o desejo e o interesse em trabalhar com pesquisa clínica.

Por isso, quando retornou a São Luís (MA) e, em 2018, começou a trabalhar como oncologista clínica no Hospital de Câncer do Maranhão Doutor Tarquínio Lopes Filho, unidade estadual do Sistema Único de Saúde em São Luís, especializada e exclusiva para tratamento oncológico, tinha seu objetivo bem definido. “Quando voltei tinha esse interesse em trabalhar, em paralelamente, com a assistência ao paciente como oncologista, com pesquisa clínica, que sempre me atraiu muito. O AC Camargo é um grande centro de oncologia e também de pesquisa clínica. Fazemos estágios durante a residência especificamente em pesquisa e também temos contato durante a formação”. O hospital realiza mensalmente mais de 2100 atendimentos e mais de 1200 tratamentos infusionais.

São Luís não contava com centro de pesquisa na área oncológica. Por isso, Ana Caroline vinha fazendo contato com colegas que já implementaram centros de pesquisas para tentar fazer o mesmo na capital maranhense. “Felizmente em 2021 surgiu o edital do Instituto Vencer o Câncer para dar esse apoio à implementação dos centros de pesquisa no Norte e Nordeste do país”, comemora.

A proposta do centro no Hospital do Maranhão foi uma das seis selecionadas pelo projeto Amor à Pesquisa Contra o Câncer, desenvolvido pelo Instituto Vencer o Câncer, com consultoria técnica do LACOG (Latin American Cooperative Oncology Group), com o objetivo de apoiar a criação de novos centros especialmente em regiões onde há escassez destas estruturas.

A oncologista, que será a pesquisadora principal do centro maranhense, acredita que a implantação possibilita desenvolver a região e garantir mais benefícios aos pacientes. “Conseguiremos oferecer melhores tratamentos, aos quais eles não teriam acesso fora dos estudos clínicos, principalmente na rede pública”, avalia. “Também poderemos solucionar questões próprias da região, que muitas vezes não são contempladas nas pesquisas internacionais e até mesmo nas nacionais. Essa iniciativa é importante porque a pesquisa clínica no Brasil é mais concentrada no Sul e no Sudeste e precisamos também desse incentivo regional, porque os problemas são diferentes, o perfil epidemiológico e até mesmo dos cânceres são diferentes nas diversas regiões”.

Ela acredita que essa é a principal vantagem alcançada com a descentralização da pesquisa clínica, juntamente com a possibilidade de beneficiar a maior parte da população que não tem condições de se deslocar para os grandes centros para participar de estudos clínicos.

Quando cita questões específicas da sua região, ressalta que o Maranhão tem elevada incidência de câncer de colo de útero e de pênis, que geralmente não são tão comuns tanto no cenário internacional quanto em outras regiões do país.

Base para crescer

Para a oncologista, essa oportunidade de contar com a expertise do LACOG e do Instituto Vencer o Câncer para estruturar e impulsionar o centro fará toda a diferença na conquista dos resultados esperados. “Muitas vezes conseguimos resolver a burocracia, a parte regulatória, e instalar um centro; mas para que ele seja viável, produtivo e atenda com qualidade os estudos é um pouco mais difícil. Com essa ajuda poderemos nos tornar um centro produtivo, que é o objetivo. O LACOG e o Instituto têm profissionais renomados, com muita experiência; e é excelente aprender com pessoas capacitadas, especialistas em pesquisa nos ajudando no que é importante para termos um centro de qualidade”.

Ana Caroline Alves conta que eles estão com a base pronta para começar a trabalhar, contrataram uma pessoa experiente para coordenar e a equipe está se capacitando com treinamentos para que o centro atinja o desenvolvimento esperado. “Recebemos todo apoio e suporte técnico. Temos reuniões semanais com o LACOG, eles fazem treinamento dos principais pontos que precisamos em relação à estrutura, documentação, uso de plataformas, manuseio dos dados. São várias preparações para nos capacitar e termos tudo que é necessário tanto do ponto de vista estrutural quanto de recursos humanos”, explica.

A oncologista detalha que o hospital em que a unidade irá funcionar é do Sistema Único de Saúde (SUS), exclusivo para pacientes oncológicos e referência em serviço de oncologia da rede estadual. “Beneficiamos pacientes de todo o estado. É um hospital relativamente novo, que tem grande potencial de crescimento. Conseguimos com a direção do hospital e com a Secretaria do Estado que eles abraçassem a causa, o projeto, e estão disponibilizando a estrutura e nos dando todo suporte e incentivo. Estamos muito felizes em participar dessa iniciativa que vai beneficiar nossa população”.

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