Um assunto ainda não tão difundido, mas de extrema importância para a área da saúde, é o uso de dados para gerenciamento de tratamentos (sejam eles oncológicos ou não) e tomada de decisões. O tema foi pauta hoje (15/06) durante o fórum Big Data em Saúde, promovido pela Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), e reuniu especialistas de diversas áreas, como economistas, médicos, pesquisadores e cientistas. Eles explicaram como uma análise criteriosa de banco de dados em saúde pode facilitar a vida tanto dos médicos quanto dos pacientes.
De acordo com Merula Steagall, presidente da Abrale, apesar de as informações existirem, não se sabe ao certo, por exemplo, quem são os pacientes oncológicos no Brasil, quanto tempo eles demoram para conseguir atendimento ou onde são tratados. “Nós sabemos que atualmente há 23 mil pacientes onco-hematológicos em tratamento no Brasil, mas por conta do nosso banco de dados específico. São informações disponibilizadas pelo governo, mas que até então não eram tão claras. A ideia, portanto, é ajudar, de fato, esse paciente em suas tomadas de decisões, com informações do tipo: qual hospital é mais eficiente num possível transplante de medula óssea?”, diz Steagall.
Com base nessas informações, Steagall aproveitou para divulgar o lançamento da plataforma “Observatório da Oncologia”, com monitoramento de dados da área de oncologia do Brasil. “Através das análises, foi possível perceber que se a forma como o país conduz a Política Nacional de Atenção Oncológica não for modificada, em 2029 o câncer se tornará a primeira causa de morte no país e, pela primeira vez, ficará à frente das doenças cardiovasculares.”
Dr. Fabio Gandour, médico e cientista-chefe da IBM Brasil, destaca ainda: “o Big Data pode combater um esporte favorito dos brasileiros: o achismo. Os dados acumulados são um fonte rica de informações e que podem ajudar demais. Basta estudá-los.”
Outro ponto importante da análise de banco de dados é em relação à prevenção de doenças, pois a partir do cruzamento de informações é possível saber que medidas têm mais efetividade. “Não sabemos, na verdade, como os pacientes estão sendo tratados. É importante ter a informação do tipo: para determinado número de pessoas com tal histórico clínico, um tipo de tratamento funciona melhor que outro. O médico e o paciente precisam ter acesso a essas estatísticas. Isso, consequentemente, iria gerar uma melhor qualidade de vida e diminuição com gastos de saúde, pois diminui a chance de expor determinado paciente a tratamentos inúteis”, complementa o oncologista Dr. Fernando Maluf, do Instituto Vencer o Câncer.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.