O paladar da criança se forma muito antes do que se imagina – é dentro da barriga da mãe. As preferências alimentares do bebê correspondem às da mãe, eles acabam compartilhando as mesmas percepções e gostos. Funciona assim: pequenas quantidades de gordura, carboidrato e proteínas passam pelo líquido amniótico na barriga da mãe e isso faz com que o bebê se familiarize com aromas e sabores ainda no útero materno. Portanto, a criança já nasce com preferências por aromas e sabores mais adocicados, azedos ou amargos. Após o nascimento, ao feitio do líquido amniótico, o leite materno também serve de canal para ‘informar’ o bebê durante a amamentação.
Os primeiros 1000 dias de vida (da gestação até os 2 anos de idade) são fundamentais para que se determinem o paladar, hábitos alimentares, flora intestinal e saúde do bebê.
Após o nascimento, recomenda-se manter amamentação exclusiva por 6 meses. A partir daí, inicia-se gradativamente a introdução dos alimentos até o bebê completar os 2 anos.
Para agradar o paladar, os alimentos devem ser atraentes no visual, aroma, textura, temperatura e gosto. O sabor doce é mais fácil de ser aceito devido à sensação de prazer que o doce libera em nosso sistema central, o que pode acabar (perigosamente) criando dependência a certos alimentos. Muitos dos viciados em doces, sorvetes, chocolates e refrigerantes experimentaram o doce sabor do veneno ainda no útero materno e nos seus primeiros meses de vida.
Por isto, se recomenda a não começar alimentação do bebe por alimentos doces ou industrializados (cheios de açúcares, gorduras, aditivos como aromatizantes, corantes e conservantes).
E aí surge a pergunta: ‘Então, começar como, com o quê? O que sobra? Ah, tanta coisa, existem muitos alimentos gostosos, nutritivos e saudáveis para apresentar ao bebê. Quer ver?
Verduras, legumes, leguminosas (feijão, grão de bico, lentilha), tubérculos (batata, batata-doce, mandioca, mandioquinha). Junto, devemos introduzir as frutas. A tarefa de introduzir os alimentos exigir duas ferramentas à mão: insistência e criatividade! Está provado que são necessárias de 10 a 15 exposições a novos alimentos para que ocorra uma boa aceitação.
A medida em que os novos alimentos são inseridos, é de suma importância ter paciência e entender que a criança está familiarizada apenas com o leite materno, e que qualquer outro alimento será difícil ela reconhecer. Uma dica importante é ofertar os alimentos separados; assim, ela vai saber diferenciar um alimento do outro. Por isto, e para facilitar a identificação, não se deve misturar alimentos em forma de papa.
A alimentação da família é o principal fator que vai definir o paladar e os hábitos alimentares da criança. Os filhos são espelhos dos pais. Se o pai tomar refrigerante durante a refeição, a criança também vai querer. Quanto mais o ambiente é obesogênico (mais gordo e cheio de alimentos gordurosos e açucarados), maiores são as chances da criança se tornar obesa.
Referências Bibliográficas
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Paladar infantil, esse incompreendido. Obesidade infantil não, 2015.
Moura RG, Cunha DA, Caldas AS, da Silva HJ. Quantitative evaluation of taste in childhood populations: a systematic review. Braz J Otorhinolaryngol. 2015;81:97-106
COSTA. R.A.O.S; RIBEIRO. J.L.O.A; SANTOS M.R. A contribuição da educação infantil para a formação de bons hábitos alimentares na criança de 0 a 6 ANOS. Revista eletrônica de Ciências da Saúde. Centro Universitário Planalto do Distrito Federal UNIPLAN. Águas Claras/DF, 2019.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.