Hoje, está claro e comprovado o alto consumo e presença de alimentos ultra-processados na mesa de todos os brasileiros. São os biscoitos, salgadinhos, refrigerantes, achocolatados, cereais matinais, molhos prontos, o famoso ‘miojo’ e leite condensado, entre outros. O consumo destes itens está associado à obesidade, a doenças cardiovasculares, câncer, diabetes, hipertensão arterial etc.
Uma pesquisa recente feita pela Universidade de São Paulo (USP), com 105.159 brasileiros, idade média de 43 anos, avaliou o que o brasileiro come, analisando a ingestão a partir de um diário alimentar. Os alimentos foram separados pelo grau de processamento – in natura, minimamente processado, processado ou ultraprocessado. O resultado? Um quadro assustador da incidência de doenças nos indivíduos entre 2009 e 2018. O estudo apontou um acréscimo de 10% de alimentos ultra-processados na alimentação do brasileiro e aumento de 12% no risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
A Vigitel (instituto do Ministério da Saúde que avalia fatores de risco de doenças crônicas na população brasileira) confirmou uma prevalência de 50% de pessoas já com sobrepeso, 17,5% de obesidade 6,9% de diabetes e 24,1% de hipertensão. Estes números, em grande parte, são provocados pelo consumo de alimentos ultra-processados e pelo baixo consumo de alimentos in natura.
Alimentos in natura: obtidos de plantas ou animais adquiridos para consumo sem terem sofrido processamento (produtos naturais – frutas, legumes, verduras, castanhas, ovos, carne, frango, peixe, castanhas, cogumelos etc) . Existe também outra categoria classificada como ‘minimamente processado’, que é quando os alimentos in natura são submetidos a processos de limpeza, remoção de partes indesejáveis ou não comestíveis, fracionamento, moagem, secagem e etc. Por exemplo: frutas, legumes, verduras, carnes, frango, peixe, tubérculos, cogumelos, castanhas já higienizados ou porcionados prontos para consumo.
Alimentos processados:
São fabricados pela indústria com adição de sal, açúcar ou outra substância para tornar os alimentos in natura mais palatáveis ou aumentar sua durabilidade.
Por exemplo: conservas, frutas em calda, peixes em conserva, pães, queijos, carnes secas, bacalhau, ervilha ou milho em lata, extrato de tomate e molho de tomate etc.
Alimentos ultra-processados:
São formulações industriais feitas com cinco ou mais ingredientes. Eles tem gosto de comida, parecem com comida e até tem cheiro de comida, mas são imitações. São pobres nutricionalmente, ricos em calorias vazias, açúcar, gorduras, sal, aditivos químicos com sabor realçado e maior prazo de validade. Eles são produzidas nas fábricas e combinam muitos ingredientes que não costumamos encontrar na noss despensa.
São coisas como extrato de carnes, gordura vegetal hidrogenada, xarope de frutose, espessantes, emulsificantes, corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários outros tipos de aditivos. Por exemplo: lasanha congelada, nuggets, miojo, refrigerante, suco de caixinha, molho de tomate pronto, macarrão instantâneo, sucos em pó, tempero pronto, biscoito recheado, salgadinhos de pacote, barrinha de cereal.
Grupos | Definição | Exemplos | |
Alimentos in natura | Alimentos naturais que não sofreram nenhum tipo de processamento | Frutas, legumes, verduras, castanhas, grãos, tubérculos, raízes, café, ovos, leite | Fruta abacaxi |
Alimentos minimamente processados | Alimentos in natura que sofreram alterações como secagem, moagem, higienização, fracionamento, fermentação etc. | frutas secas, arroz, feijão, cogumelos, frutas, legumes ou verduras porcionadas e higenizadas, alho picado, cenoura processada ralada, batata descascada | Abacaxi porcionado e /higienizado |
Alimentos processados | Produtos fabricados com adiçao de sal ou açúcar com objetivo de tornar mais duráveis e melhora do paladar | Frutas em calda, legumes em conserva, queijos, pães | Abacaxi em calda |
Alimentos ultraprocessados | Produto cuja fabricação envolve diversas etapas, técnicas de processamento e ingredientes: conservantes, emulsificantes, corantes. Objetivo de tornar acessível, palatável, apresentar longa vida de prateleira e praticidade | Macarrão instantâneo, refrigerantes, salgadinhos, biscoitos, suco de caixinha, sucos em pó, molhos de tomate prontos, sorvetes, batatas fritas, bolos, doces, barras de cereais, iogurtes, embutidos | Suco de abacaxi em pó |
Basta pensar: não existe na natureza nada para colher e desembalar. Nada vem embalado, com rótulo e lista de ingredientes. Logo, quando mais perto o alimento estiver de sua condição natural, mais saudável ele será. Quanto mais artificial e ‘durável’, mais químico e aditivado, menos saudável. A regra é: descascar mais e desembalar menos.
Fontes:
Brasil. Ministério da Saúde. Guia alimentar para população brasileira – A escolha dos alimentos. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira – 2. ed. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014
BRESSAN.R. Alimentos processados e ultra-processados. ABESO – Associação Brasileira de Para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica. Acesso em 10/12/2019.
MANARINI.T. Alimentos ultra-processados elevam rico de doenças cardiovasculares. ACT Promoção da Saúde. Acesso em: 10/12/2019
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. VIGITEL – Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Vigitel Brasil 2017.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.