“Meu conselho para pacientes oncológicos neste momento tão importante da covid-19 é que se vacinem assim que a primeira vacina estiver disponível”. O alerta é feito pelo oncologista Fernando Maluf, um dos fundadores do Instituto Vencer o Câncer (IVOC). Ele ressalta que as vacinas desenvolvidas para combater a doença são parecidas, com pequenas diferenças entre uma e outra. “São absolutamente seguras, como tantas outras vacinas que já foram aprovadas no país e são usadas no dia a dia das pessoas”, acrescenta.
O oncologista afirma que as vacinas disponíveis no Brasil foram aprovadas pelos melhores critérios técnicos mundiais. “Nossos pacientes nunca me questionaram sobre qualquer tipo de vacinação e hoje não tem um paciente que venha ao consultório que não questione se vale a pena ou não vacinar. Infelizmente as pessoas estão tão angustiadas, tão assustadas e a essa fragilidade se juntam notícias mal intencionadas, deixando as pessoas desinformadas e tendo dúvidas que nunca tiveram baseadas em vacinas da forma que são desenvolvidas há décadas para outras doenças”.
Luis Fernando Aranha Camargo, médico infectologista do Hospital Albert Einstein e da Universidade Federal de São Paulo, reforça que não há qualquer contraindicação à vacinação de pacientes oncológicos, independentemente do tipo de tumor ou estágio da doença. “Todos os pacientes oncológicos podem se vacinar”, diz. Ele avisa que dependendo do grau de evolução do câncer a resposta pode ser menor, mas não há contraindicação. A diferença na resposta à vacinação, explica, deve-se ao fato de o sistema imunológico do paciente poder ter algum grau de comprometimento, que não responde igual a uma pessoa que não tem comprometido o sistema imune. “Não há nenhuma vacina contra o coronavírus feita com vírus atenuado. Com vírus atenuado é que paciente imunossuprimido não pode”.
A recomendação do infectologista é que os pacientes mantenham os cuidados, porque os casos estão aumentando muito, e assim que chegar o momento de serem vacinados não demorem a se vacinar. “A vacina CoronaVac tem pouco efeito colateral, só 25% das pessoas têm algum sintoma leve, mas pelo que sabemos até agora não há qualquer perigo de dar efeito grave”.
A vacina CoronaVac é feita com vírus inativado. A vacina de Oxford/AstraZeneca é com vetor viral, como a Sputnik IV e a da Johnson. A da Pfizer/BioNTech e da Moderna são com mRNA.
Pacientes oncológicos serão chamados na fase 3
A primeira fase da vacinação é realizada com trabalhadores da saúde, pessoas com mais de 75 anos ou com mais de 60 anos em instituições de longa permanência, indígenas em terras demarcadas e povos tradicionais ribeirinhos.
A fase 2 será dirigida a pessoas de 60 a 74 anos em geral. Na fase 3 serão vacinados pessoas com comorbidades, como câncer, obesidade grave, diabetes, hipertensão arterial grave, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, pessoas transplantadas de órgãos sólidos e com anemia falciforme.
Depois serão vacinados professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional, presos, quilombolas, moradores de rua, portadores de deficiência. A vacinação será então estendida a toda a população.
O paciente que for receber a vacina deve levar o CPF ou o CNS (Cartão Nacional de Saúde), conhecido como Cartão SUS. Quem não tiver o cartão SUS e quiser tirar pode ir a um posto de saúde com um documento que tenha foto, que o cartão é emitido na hora.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.