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Pesquisa clínica: todo paciente oncológico precisa saber, perguntar, se informar

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Por que você, paciente oncológico, precisa ter informações de qualidade sobre pesquisa clínica? Porque esse conhecimento pode mudar a sua história. “A oncologia é uma área extremamente promissora da Medicina. Os avanços têm sido muito grandes”, avalia Marcelo Corassa, oncologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e membro do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer.  “Muitas pessoas ficam na expectativa: ‘será que nunca vamos encontrar a cura para o câncer?’. Na verdade, estamos no caminho disso, para chegar o mais próximo possível da cura da doença”.

O especialista destaca que praticamente em todas as áreas há novidades bastante promissoras. “Isso se traduz na pesquisa clínica, com novos resultados muito interessantes”.

Ele explica que há vários estudos diferentes sendo realizados no Brasil. “Eu trabalho hoje basicamente com câncer de pulmão, oncologia torácica, mas temos estudos de diversos tipos de tumores. Há grupos colaborativos, grupos de WhatsApp com investigadores, não há motivos para que essa informação não se dissemine”, diz, indicando o site em que é possível ter acesso a estudos abertos no país: https://clinicaltrials.gov/.

Perguntar é o melhor remédio

Como saber se há estudos indicados para o seu caso, se você tem os atributos para participar? Marcelo Corassa orienta a todos que perguntem aos seus médicos. “O paciente pode abordar o seu médico para questionar se está apto a participar de uma pesquisa em qualquer momento – desde o momento inicial, na primeira consulta, na última consulta, na consulta do meio, não importa”. 

Ele pondera que na correria do dia a dia, alguns médicos, que não têm tanta experiência ou não estão convivendo com estudos no cotidiano, podem esquecer dos protocolos de pesquisa. “Sugiro sempre que o paciente pergunte. Se o paciente não perguntar, se não tiver essa possibilidade de questionar, nunca saberá de fato se seria elegível ou. É essencial perguntar, questionar, conversar”.

Normalmente, profissionais que trabalham com pesquisa clínica de forma mais atuante vão propor a participação do paciente quando julgarem que é interessante.

“Ninguém vai se ofender por você perguntar sobre pesquisa clínica, nenhum médico ficará chateado ou se sentirá insultado com isso. É fundamental ter essa perspectiva como algo importante, que você possa perguntar. Se o seu médico se sentir insultado por você perguntar, procure outro médico” – Marcelo Corassa, oncologista clínico.

A participação de um paciente na pesquisa clínica, além de poder trazer novas possibilidades para seu próprio tratamento, também é uma contribuição para a ciência.

Nem todo paciente poderá participar de pesquisas clínicas

Para participar de pesquisas clínicas o paciente deverá passar pelo protocolo do estudo. Marcelo Corassa detalha o processo.

  • Existe uma avaliação extremamente criteriosa e minuciosa que leva em conta tanto critérios de inclusão quanto critérios de exclusão para determinar se o paciente será um bom candidato, se é ou não elegível à pesquisa clínica. 
  • Muitas pacientes e muitos pacientes acreditam que quando se chega a uma perspectiva de pesquisa automaticamente seria elegível a entrar, quando na verdade não é assim que funciona.
  • O candidato a participar de um estudo terá que passar por exames de imagem, exames de sangue,  triagens médicas, oftalmológicas, cardiológicas – cada estudo tem sua própria particularidade.
  • Existe uma miríade de processos para saber se o paciente é elegível ou não – e isso é muito importante, porque uma vez que o paciente se propõe a participar da pesquisa, antes de ele entrar de fato no estudo, precisa ter essa noção de que ele pode eventualmente não ser elegível. 
  • É um processo muito longo para que o paciente possa pensar eventualmente em participar.

O paciente corre o risco de ficar sem tratamento durante uma pesquisa?

sem tratamento. “Uma vez que o paciente comece a participar de uma pesquisa, todos os custos associados, no Brasil, ao tratamento daquele paciente, como exames de imagem, de sangue, eletrocardiograma, médicos auxiliares que ele possa precisar, tudo será coberto pela pesquisa”.

Um ponto importante que ele ressalta: existem situações em que o paciente não vai ter a perspectiva de participar do estudo por tempo indeterminado. Se ele eventualmente tem uma piora da doença, progressão de doença, se tem algum efeito colateral muito grande; uma vez que a pesquisa termine, não existe nenhum tipo de responsabilidade – nem do local em que o paciente participou nem do próprio patrocinador – de manter o tratamento, que será mantido ou pelo convenio de saúde, pela companhia de seguros ou mesmo pelo Sistema Único de Saúde.

“Durante a realização da pesquisa e enquanto o paciente estiver participando, todos os custos são cobertos. Lembrando que não existe responsabilidade após a pesquisa terminar e a decisão de continuar ou parar pode ser tanto do paciente quanto dos investigadores, conforme julguem que haja ou não benefício do tratamento que será feito”.

A importância de termos centros de estudos em diversas regiões do país

Considerado que o Brasil é um país de dimensões continentais, Marcelo Corassa considera fundamental ter estudos em todas as regiões. “Talvez a região mais carente que temos hoje seja a região Norte. Qual é a importância de ter estudo em todas as regiões? Dessa forma, qualquer pessoa pode ter acesso. O paciente pode morar no Acre ou em São Paulo e terá acesso à pesquisa clínica”.

Quando o paciente mora distante de centros de pesquisa, o acesso é dificultado – é preciso fazer viagens e grandes deslocamentos para os acompanhamentos de consultas e exames. “Isso não quer dizer que é preciso morar perto de um centro para ser elegível. Há situações em que o paciente mora distante e o patrocinador paga todas as despesas para ele participar. Mas obviamente se um paciente mora, por exemplo, no Maranhão e há um centro de pesquisa no estado ou próximo, na região Nordeste, é muito mais confortável para ele estar próximo de sua casa e de sua família para participar”, conta. “Por isso é fundamental que os centros estejam presentes em todas as regiões do país, para garantir que o acesso à pesquisa clínica seja universal”.

Logotipo do Instituto Vencer o Câncer

O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.

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