O Journal of Clinical Oncology (JCO), um dos mais prestigiados periódicos médicos, publicou um guia de recomendações dedicado ao acompanhamento de mulheres que completaram o tratamento inicial para câncer de mama. As recomendações lembram que é preciso valorizar a promoção da saúde e estar em dia com consultas e exames. O guia de condutas também reforça a importância da gestão de efeitos físicos e psicossociais do tratamento, indicando que bem-estar e qualidade de vida assumem papel cada vez maior nas recomendações atuais.
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“A chegada de tratamentos mais modernos trouxe uma nova realidade. Hoje, em muitos casos, a sobrevida em cinco anos é de aproximadamente 90%”, diz o oncologista Antonio Carlos Buzaid, chefe-geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes (COAEM), da Beneficência Portuguesa de São Paulo, e membro do comitê gestor do Centro de Oncologia e Hematologia Dayan-Daycoval do Hospital Israelita Albert Einstein. O especialista explica que o tratamento do câncer de mama varia de acordo com o estágio da doença, assim como varia de acordo com as características biológicas do câncer.
“Isso resulta em diferenças importantes no impacto terapêutico, daí a necessidade de individualizar não só o tratamento, mas também o acompanhamento”, esclarece. “No entanto, sabe-se que a maioria das mulheres terá tumor hormônio-sensível e vai receber terapia endócrina por um total de 5 a 10 anos, o que impõe a médicos e pacientes o desafio de garantir a adesão ao tratamento e monitorar efeitos imediatos e de longo prazo”, acrescenta Buzaid.
O guia de condutas destaca a necessidade de planejar o acompanhamento clínico com base na idade, diagnóstico e tratamento recebido. A recomendação também prevê exames físicos a cada 3 a 6 meses para os primeiros 3 anos após a terapia primária; a cada 6 a 12 meses para os 2 anos seguintes e depois anualmente, mesmo com a ressalva de que a frequência de exames deve considerar o perfil individual.
Informação
Informação faz toda a diferença na gestão de cuidados. As diretrizes atuais reforçam a importância de informar pacientes sobre os sinais e sintomas de recidiva do câncer de mama, para que sejam instruídas a procurar atendimento médico diante de qualquer ocorrência suspeita entre as consultas de rotina.
A mamografia continua como o método de escolha. Para as mulheres que receberam mastectomia unilateral, a recomendação é realizar a mamografia anual para avaliar a mama intacta, enquanto para aquelas com lumpectomia (retirada somente do nódulo, e não da mama), a recomendação é uma mamografia anual, de ambas as mamas.
O aconselhamento genético deve ser considerado sempre que houver suspeita de potenciais fatores de risco de predisposição hereditária (entenda aqui o caso da atriz Angelina Jolie). É o caso, por exemplo, de mulheres com forte histórico familiar de câncer (de mama, ovário, cólon, endométrio) ou câncer de mama em idade precoce.
O guia de condutas lembra que pacientes também precisam estar atentas aos efeitos do tratamento associados à autoimagem, além da presença de estresse, depressão e ansiedade. A prevenção e manejo do linfedema é tema presente e novamente o estilo de vida pode fazer toda a diferença.
Entre as recomendações para a promoção da saúde, atenção especial ao controle da obesidade, lembrando que o ideal é atingir e manter um peso saudável. Mulheres com sobrepeso ou obesas precisam ser estimuladas a limitar o consumo de alimentos e bebidas de alto teor calórico e a aumentar a atividade física para promover e manter a perda de peso.
O guia de condutas tem a assinatura da American Cancer Society e da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO).
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.