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Câncer de pâncreas | Tratamento

O tipo de tratamento do câncer de pâncreas é definido conforme o estádio em que a doença se apresenta.

Estádios I e II

Tratamento do câncer de pâncreas estádio 1.
Tumor confinado ao pâncreas ≤ 2 cm (IA) ou > 2 cm (IB) e o tratamento específico para esta fase da doença.
Tratamento do câncer de pâncreas estádio 2.
Tumor que penetra a gordura que reveste o pâncreas (IIA) ou compromete os linfonodos (IIB), e o tratamento específico para estas fases da doença.

Cirurgia radical

Na cirurgia radical, o intuito é a remoção completa do tecido tumoral, através da retirada parcial ou total do pâncreas e dos linfonodos ao redor. Essa é uma operação de grande porte, que exige cirurgiões muito experientes, centros hospitalares de qualidade e pacientes em boas condições físicas.

Nos tumores de cabeça de pâncreas, o procedimento realizado é a gastroduodenopancreatectomia, também conhecida como cirurgia de Whipple, na qual são removidos a cabeça do pâncreas, parte do estômago, todo o duodeno, vesícula biliar e os linfonodos regionais.

Outra técnica frequentemente utilizada é a duodenopancreatectomia com preservação de piloro (válvula entre estômago e duodeno), deixando integralmente o estômago, com o intuito de preservar as condições nutricionais.

Devido à localização do pâncreas e sua relação com os grandes vasos que irrigam o intestino (vasos mesentéricos) ou outros órgãos (veia cava inferior), a incisão cirúrgica precisa ser ampla: longitudinal no centro do abdômen ou transversal abaixo das costelas.

Em tumores do corpo e cauda do pâncreas, as cirurgias podem ser menos agressivas. Em geral os pacientes ficam internados por sete a 14 dias depois da cirurgia, podendo voltar às atividades rotineiras em seis a oito semanas.

A taxa de mortalidade perioperatória é inferior a 5%, mas as complicações cirúrgicas chegam a 40% dos casos. Infelizmente, a cirurgia radical, o melhor tratamento para o câncer de pâncreas localizado, só é possível em 10% a 30% dos pacientes.

Radioterapia externa

Em algumas situações o tumor não pode ser operado por ter invadido estruturas que impedem sua retirada completa ou porque o paciente não tem condições clínicas para suportar uma cirurgia muito prolongada.

Nesse cenário, a radioterapia neoadjuvante (antes da cirurgia), associada ou não à quimioterapia, é uma opção a ser considerada. A técnica mais utilizada é a radioterapia externa conformacional.

O tratamento tem a duração aproximada de cinco semanas, com sessões de segunda a sexta-feira que duram cerca de 15 a 20 minutos.

A radioterapia também pode ser indicada para complementar a cirurgia (radioterapia adjuvante), nos casos em que há suspeita da persistência de algum foco tumoral na área operada.

Quimioterapia

Para um paciente cujo tumor foi removido cirurgicamente por completo, em geral, recomenda-se a quimioterapia preventiva (adjuvante), com o intuito de reduzir o risco de recidiva da doença.

O tratamento padrão atual é a combinação de 2 (gemcitabina ou fluorpirimidinas) ou 3 drogas (fluorpirimidinas, irinotecano e oxaliplatina). A definição do regime a ser utilizado vai depender de fatores como a idade do paciente e o estado geral no pós-operatório.

A duração da quimioterapia adjuvante é de 24 semanas e, mesmo pacientes idosos, costumam tolerar bem o tratamento.

Estádios III e IV

Em algumas situações da doença em estádio III, a quimioterapia com um ou mais medicamentos pode ser usada antes da cirurgia, para diminuir o tamanho do tumor e facilitar o procedimento. Quando a cirurgia não for possível, a radioterapia é outra estratégia que pode ser utilizada neste cenário para facilitar ou permitir a ressecção total do tumor.

Tratamento do câncer de pâncreas estádio 3.
Comprometimento dos grandes vasos que irrigam o intestino nas proximidades do pâncreas (artéria e veia mesentérica) e o tratamento específico para esta fase da doença.

Nesta fase, em que o câncer invade órgãos vizinhos ao pâncreas ou órgãos distantes, como peritônio, pulmões e fígado, o tratamento de escolha é a quimioterapia. O objetivo do tratamento é reduzir a população de células malignas, prolongar e melhorar a qualidade de vida.

Tratamento do câncer de pâncreas estádio 4.
Comprometimento dos órgãos distantes, como peritônio, pulmões, fígado e ossos, e o tratamento específico para esta fase da doença.

Quimioterapia

A gemcitabina isolada é um agente bem tolerado, que causa poucos efeitos colaterais de forma geral. Não costuma provocar queda de cabelo nem náuseas ou vômitos.

O esquema FOLFIRINOX, incluindo 5-fluorouracil, irinotecano e oxaliplatina, tem mostrado resultados melhores que a gemcitabina, e apesar de ser um esquema mais toxico vem sendo utilizado com bastante frequência devido a sua maior eficacia.

Mais recentemente, a combinação contendo gemcitabina e outra quimioterapia, chamada nab-paclitaxel, também foi melhor que a gemcitabina isolada, representando uma opção alternativa para pacientes com doença avançada.

Terapia personalizada e pesquisa de mutação no BRCA no sangue Mais recentemente passou a ser recomendado que todos os pacientes com câncer de pâncreas, em qualquer estágio, sejam submetidos à pesquisa de mutação no gene BRCA, através de um exame simples de sangue.

Cerca de 10% dos pacientes com câncer de pâncreas apresentam a mutação no BRCA 1 ou 2.  Para estes pacientes portadores de mutação no BRCA e que tenham apresentado redução do tumor após tratamento com oxaliplatina na 1ª linha o medicamento oral olaparibe pode ser indicado.

Alcoolização de nervos infiltrados pelo câncer

Para aliviar as dores lombares e na “boca” do estômago (região chamada de epigástrio), secundárias à invasão das estruturas nervosas de um dos plexos nervosos abdominais (plexo celíaco), podemos empregar analgésicos potentes ou alcoolizar o referido plexo para evitar a condução do estímulo nervoso responsável pela dor.

Cirurgia desobstrutiva

Quando o tumor já comprime os dutos que levam a bile para o duodeno e a icterícia se torna progressiva, existe a possibilidade de fazer uma cirurgia de ponte (bypass), na qual o cirurgião desvia o fluxo de bile para uma alça intestinal que não esteja obstruída.

Por vezes, quando não há condições cirúrgicas, o cirurgião opta por colocar um stent por via endoscópica, uma pequena prótese introduzida na via biliar para ultrapassar a obstrução e permitir a drenagem da bile.


Atualização: Dr. Ricardo Carvalho – CRM: 132.389 Oncologista Clínico na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo Apoio: Dr. Daniel Vargas Pivato de Almeida – CRM: DF 27574 Oncologista Clínico no Grupo Oncoclínicas, Brasília-DF

Data de publicação: 09/05/2014

Última atualização: 31/07/2024

Dr. Antonio Carlos Buzaid
Co-fundador do Instituto Vencer o Câncer, Dr. Antonio Carlos Buzaid é um destacado oncologista clínico, graduado pela Universidade de São Paulo, com experiência internacional nos EUA, onde foi diretor de centros especializados em melanoma e câncer de pulmão, além de professor na Universidade de Yale. No Brasil, dirigiu centros de oncologia nos hospitais Sírio Libanês e Albert Einstein, e atualmente é diretor médico geral do Centro de Oncologia do hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. CRM 45.405
Dr. Fernando Cotait Maluf
Co-fundador do Instituto Vencer o Câncer, Dr. Fernando Cotait Maluf é um renomado oncologista clínico, graduado pela Santa Casa de São Paulo, com doutorado em Urologia pela FMUSP. Ele foi chefe do Programa de Residência Médica em Oncologia Clínica do Hospital Sírio Libanês e atualmente é diretor associado do Centro de Oncologia do hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, além de membro do Comitê Gestor do Hospital Israelita Albert Einstein e professor livre-docente na Santa Casa de São Paulo. CRM: 81.930