A melhor proteção contra o câncer de pele é a informação: precisa dar atenção à quantidade do protetor, tempo para reaplicação e cuidados antes e depois.
Informação é a melhor ferramenta para se proteger do câncer que tem maior incidência no Brasil, o câncer de pele: mais de 165 mil novos casos registrados em 2018, segundo estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no país.
Os números impressionam, especialmente considerando que a prevenção é simples: proteger a pele contra os raios ultravioleta e evitar exposição solar – especialmente entre 10 e 16 horas, quando há maior incidência dos raios, que agridem a pele e causam danos ao DNA das células, podendo levar ao desenvolvimento de um tumor. “A melhor forma de proteger a pele contra o câncer é evitar a exposição ao sol. Além da correta aplicação do protetor solar, barreiras físicas, como o uso de camisas de manga longa, chapéus e óculos, ajudam na prevenção dos tumores de pele”, destaca Antonio Buzaid, médico oncologista e um dos fundadores do Instituto Vencer o Câncer.
Paul de Ricca, 54 anos, sentiu realmente na pele a diferença que o uso do protetor solar faz. Ele não tinha o hábito de usar o filtro até que teve um linfoma de Hodkgin – descobriu em janeiro de 2018, começou o tratamento em março e fez quimioterapia. Durante o tratamento, sentiu a pele áspera e seca em alguns locais do corpo, especialmente no pescoço, em cima do ombro e no rosto. “Comecei a usar protetor solar, por indicação, e melhorou muito em pouco tempo; praticamente voltou ao normal em dias. É gritante a diferença”, conta Ricca.
Agora ele usa filtro solar diariamente e comenta com as pessoas próximas, no trabalho, a diferença que faz na pele. Garante que esse não é um costume que vai deixar quando acabar o tratamento. “Não leva muito tempo para passar; é questão de hábito. Independente do câncer, o filtro solar é importante, até para evitar que ele venha, no caso o câncer de pele”, avisa. “Pretendo usar eternamente o filtro solar. É uma coisa que eu deveria ter feito antes. As pessoas não têm consciência da importância”.
A forma correta de usar
Além de muitos não terem a noção exata da necessidade de usar filtro solar para se proteger, há ainda os que utilizam, mas não sabem a forma correta. Um dos principais aspectos que deve ser destacado – e que não é de conhecimento de grande parte da população – é a importância de usar a quantidade correta de filtro, para que a pele fique devidamente protegida.
“O filtro solar é quantidade dependente: a proteção da pele está diretamente relacionada à quantidade utilizada.”, explica o esteticista e cosmetólogo Orlando Sanches, especialista em estética integrativa, colaborador do Instituto Vencer o Câncer. “Se não usar a quantidade certa, não atinge proteção. Saber se proteger é essencial, especialmente porque vivemos em um país tropical, em que a incidência do câncer de pele é alta”. A quantidade certa é 2 ml para rosto e pescoço (equivalente a uma colher de chá) e 10 ml para o restante do corpo (cerca de três colheres de sopa).
Outro aviso do especialista é quanto ao tempo em que o protetor deverá ser reaplicado. Para isso, ele recomenda ler no rótulo, pois a fotoestabilidade varia de um produto para outro. “Tem com três horas, quatro, 12 horas. Os laboratórios fazem testes para saber quanto a molécula continua agindo para manter a qualidade de fotoproteção”, esclarece. O tempo indicado pelo fabricante deve ser respeitado, também sob o risco de não ter a proteção adequada.
Sanches lembra que é preciso repassar ainda quando a pessoa transpira muito, fica por um longo tempo exposta ao sol ou quando se molha ao entrar na água do mar ou piscina, por exemplo. Antes de aplicar ou reaplicar, é necessário secar a pele, se não o protetor dilui.
Além de ter atenção à quantidade, ao tempo para reaplicação, ler o rótulo e os cuidados com a pele antes de aplicar, é preciso ficar de olho em mais uma questão: saber que há filtros indicados apenas para rosto e pescoço, para uso no dia a dia, e outros para o corpo todo. O cosmetólogo dá ainda mais uma dica: remova adequadamente os filtros de praia. “Se não remover adequadamente, pode dar acne. É preciso tomar banho com bastante sabonete”.
“Prefiro chamar o filtro solar de fotoprotetor, pois se existe luz, existe a necessidade de se proteger”, afirma Sanches, lembrando que é preciso usar proteção todos os dias e não apenas quando vai à praia ou à piscina. Nos dias frios ou nublados, o sol também está presente, a radiação atravessa as nuvens e afeta a nossa pele.
Os raios UVA e UVB
Os raios Ultravioleta (UV) são um tipo de energia eletromagnética emitida pelo sol que danifica o DNA de células e podem levar ao surgimento de lesões na pele.
Os raios UVA penetram profundamente na pele e sua intensidade varia pouco durante o dia.
Os raios UVB são mais intensos entre 10h e 16h e são responsáveis pelas queimaduras solares.
Barreiras físicas
O protetor solar ajuda a proteger, mas não é suficiente para garantir proteção total. Para evitar os efeitos dos raios solares na pele, que são cumulativos, é preciso utilizar também barreiras físicas: algo que fique entre os raios solares e a sua pele. Vale chapéus de abas largas, óculos, roupas protetoras e até guarda-sol ou a sombra de uma árvore.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.