Um estudo observacional com 826 pacientes com câncer de cólon em estágio III mostrou que aqueles pacientes que consumiram cerca de 57 gramas (duas onças) ou mais de nozes por semana tiveram uma chance 42% menor de recorrência da doença e 57% menos chance de morte em comparação com aqueles que não ingeriram o alimento. O trabalho será apresentado no congresso da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO 2017), principal encontro mundial sobre oncologia, que acontece entre os dias 2 e 6 de junho, em Chicago.
Embora diversos estudos tenham considerado a dieta como uma importante ferramenta para a prevenção do câncer, este é um dos primeiros trabalhos a olhar o papel do consumo de nozes e sua influência sobre a recorrência e a mortalidade no câncer de cólon.
As nozes já haviam sido associadas à menor incidência de obesidade, diabetes tipo 2 e redução da resistência à insulina, condições de saúde associadas a um maior risco de recorrência e morte por câncer de cólon.
Uma análise secundária revelou que o benefício do consumo de nozes estava limitado às tree nuts (frutos de casca dura que nascem em árvores, o que inclui amêndoas, nozes, avelãs, castanhas de caju e nozes pecã). Não houve redução da recorrência do câncer e morte entre os pacientes que consumiram amendoim ou manteiga de amendoim, possivelmente por sua diferente composição metabólica.
Sobre o estudo
Os pesquisadores analisaram um questionário de um ensaio clínico de pacientes com câncer de cólon estágio III que começou em 1999. O questionário, aplicado pós a conclusão da quimioterapia, investigou a ingestão dietética, incluindo o consumo de nozes, e quais tipos de nozes era consumido.
Os autores analisaram as associações entre o consumo total de nozes e apenas o consumo de tree nuts, e o risco de recorrência do câncer e morte. Pacientes que consumiram cerca de 57 gramas de todos os tipos de nozes por semana (19% de todos os pacientes no estudo) tiveram uma probabilidade 42% menor de recorrência do câncer e uma chance de morte 57% menor em comparação com os pacientes que não comeram nozes após a conclusão de seu tratamento contra o câncer. O benefício de comer nozes foi consistente entre os fatores conhecidos que podem influenciar a recorrência do câncer, incluindo a idade do paciente, índice de massa corporal, sexo e alterações genômicas comuns no tumor.
Ao olhar apenas para o consumo de tree nuts, a chance de recorrência foi 46% menor e a chance de morte 53% menor para aqueles que comiam pelo menos 57 gramas por semana. Não houve redução significativa na recorrência do câncer ou morte para aqueles que comeram amendoim ou manteiga de amendoim.
“A alimentação saudável pode muitas vezes ser ignorada durante o tratamento do câncer, mas devemos estar atentos à ingestão de alimentos saudáveis, como nozes, que mostraram ter um impacto significativo na sobrevida do paciente a longo prazo”, disse o oncologista Fernando Maluf, coordenador da Oncologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo e um dos idealizadores do Instituto Vencer o Câncer.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.