A alimentação é uma poderosa aliada do cuidado com a saúde e pode ser decisiva tanto na prevenção quanto no tratamento do câncer. Foi com essa mensagem que o Vencer o Câncer Healthspan Summit, realizado no dia 3 de novembro, em São Paulo, reuniu especialistas, lideranças da saúde, pacientes e convidados do Instituto Vencer o Câncer (IVOC) para discutir como ciência e os hábitos podem caminhar juntos em busca de longevidade com qualidade de vida.
O evento contou com a participação do Dr. Valter Longo, diretor do Instituto de Longevidade da Universidade do Sul da Califórnia (USC) e considerado um dos 50 cientistas mais influentes do mundo pela revista Time, referência mundial em nutrição e envelhecimento saudável.
“Acreditamos que falar de saúde é falar de pessoas, de indivíduos com histórias, sonhos e desafios. Por isso, discutir longevidade, qualidade de vida e hábitos saudáveis é falar, acima de tudo, sobre como podemos viver mais e melhor, com dignidade e propósito”, afirmou a diretora do Instituto Vencer o Câncer, Ana Maria Drummond, na abertura do evento.
Antes da aula magna do Dr. Valter Longo, o diretor médico de Oncologia e Hematologia do Einstein Hospital Israelita, Dr. Nam Jin Kim, apresentou o projeto de um novo centro de oncologia e hematologia que será instalado no complexo Parque Global, em São Paulo. A iniciativa tem o objetivo de atender à crescente demanda por tratamento do câncer no Brasil.
O Einstein foi um dos patrocinadores do Summit, que também contou com o apoio de JHSF, Iguatemi e C6 Bank.
A dieta da longevidade e a dieta que imita o jejum
Diante de um auditório cheio, no C6 Bank, o professor Valter Longo apresentou dados de pesquisas que demonstram como a alimentação pode influenciar profundamente não apenas a longevidade, mas também a capacidade do corpo de prevenir doenças.
Após uma aula magna de 40 minutos, o Dr. Antonio Buzaid conduziu uma conversa com o pesquisador ítalo-americano, esclarecendo pontos sobre as descobertas apresentadas e trazendo perguntas do público.
“Valter Longo é um dos maiores especialistas do mundo em longevidade. Ele estuda também a dieta especial chamada FMD, Fasting Mimicking Diet, um protocolo alimentar de baixa ingestão calórica, realizado ao longo de cinco dias consecutivos, que parece melhorar a eficácia de vários tipos de tratamento contra o câncer, como quimioterapia, hormonioterapia, imunoterapia, além de provavelmente aumentar a longevidade”, destacou Buzaid.
Longo explicou o que os estudos em camundongos trazem de informações sobre a FMD. “Em camundongos, a dieta prolonga a vida; mas, além disso, no câncer, os tumores são reduzidos em cerca de 45%, aparecem mais tarde e, em muitos casos, são benignos. Então, realmente é um efeito triplo ao oferecer aos camundongos uma dieta que imita o jejum”, ressaltou.
Em humanos, já existem cerca de 40 ensaios clínicos, e a maioria mostra melhorias em fatores de risco para o câncer e outras doenças, como colesterol, IGF-1, insulina e leucemia — portanto, há muitos efeitos sobre marcadores metabólicos e inflamatórios.
“O que observamos em camundongos, como a ativação de células-tronco, reprogramação celular e autofagia, o processo de limpeza e renovação das células, parece estar se traduzindo, nos humanos, em um certo rejuvenescimento”, acrescentou Valter Longo.
E o pesquisador ressalta: “o principal fator de risco para o câncer, de longe, não é a obesidade nem o tabagismo — é o envelhecimento. Mesmo o tabagismo e a obesidade, quando comparados ao envelhecimento, praticamente desaparecem como fatores de risco. São muito menores. É claro que precisamos combater o fumo e a obesidade, mas, acima de tudo, precisamos combater o envelhecimento”.
