back to top

Redação do Enem discute o papel da mulher cuidadora – cuidar de quem cuida também é importante

spot_img

O tema da redação do Enem 2023, realizada no último domingo (05/11), foi ‘Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil’. Neste contexto, o trabalho do cuidador do paciente com câncer, em grande parte das vezes realizado por mulheres, também pode e deve ser discutido.

A psicóloga Gabriela Loureiro de Lima, especialista em Cuidado ao Paciente Oncológico pelo Hospital Sírio Libanês, destaca a existência de um recorte social em que as mulheres são muito mais presentes no papel de cuidado. “Muitas vezes afetivamente, muitas vezes profissionalmente. São papéis corriqueiramente, frequentemente, femininos. E o que isso diz também na nossa sociedade, o que isso produz, a nossa visão desse cuidado”. 

Gabriela, que é integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer, ressalta que, no adoecimento, a cuidadora fica numa posição de proteção à pessoa adoecida e também não quer compartilhar as angústias, o seu próprio sofrimento. “É importante também a gente pensar nessa sobrecarga mental, sobrecarga física e emocional que essa pessoa está passando e o quanto pode ser potente um espaço em que ela fale dessas angústias, que ela fale desses sofrimentos e seja validada e seja acolhida, que talvez não exista esse espaço”, destaca. 

Uma pesquisa realizada pela Embracing Carers mostrou que a saúde dos cuidadores é afetada pelas exigências que a tarefa impõe. A sondagem ouviu 3.516 cuidadores não remunerados/não profissionalizados com idade entre 18 e 75 anos.

Entre os resultados, concluiu que quase metade (47%) dos participantes tem sentimentos de depressão e 57% sentem que precisam de cuidados ou apoio médico para uma doença mental como depressão, ansiedade ou estresse. Mais da metade (55%) sente que sua saúde ficou debilitada por causa da atuação como cuidador e 54% declararam não ter tempo para suas consultas médicas.

“Muitas vezes existe um pacto do silêncio entre as pessoas da família, no contexto do adoecimento, com medo de que as angústias, as ansiedades contaminem um ao outro, mas o quanto pode ser potente também viver essas angústias, essa tristeza junto?”, questiona Gabriela. “Existe essa crença de poder enfraquecer, mas muito mais fortalece. Abrir essa vulnerabilidade, abrir essa fragilidade produz potência, produz força muito mais do que fraqueza”, completa a psicóloga.

 

* Com informações publicadas originalmente no portal do Instituto Vencer o Câncer em 10/08/2017 (inserir link https://vencerocancer.org.br/cuidador-de-atividades-praticas-a-confidente/) e em 26/10/2018 (https://vencerocancer.org.br/outubro-rosa-cuidadores-tambem-precisam-de-cuidados/).

Logotipo do Instituto Vencer o Câncer

O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.

spot_img

Posts Relacionados

Posts populares no site

spot_img

Posts Populares na categoria