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Aplicativo aproxima médicos e pacientes e ajuda a tirar dúvidas sobre o câncer

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Aplicativo Wecancer reúne dados sobre medicamentos em uso, sintomas e apresenta em gráfico à equipe de saúde. Nova função com conteúdo de qualidade terá Instituto Vencer o Câncer como parceiro.

Muitas vezes, de uma grande tristeza nasce uma grande história. Foi assim que aconteceu com César Filho. Depois de enfrentar a luta da mãe contra o câncer por 11 meses e vê-la partir, ele refletiu sobre as principais dificuldades vivenciadas tanto pela paciente quanto pelos familiares durante o tratamento e resolveu usar a dor como motivação para agir. Nasceu então a plataforma Wecancer, que está prestes a ganhar um novo espaço, a Câncerpedia, que tem o Instituto Vencer o Câncer como parceiro e será lançada no dia 14 de abril.

 

Aplicativo aproxima médicos e pacientes e ajuda a tirar dúvidas sobre o câncer
César Filho, criador do aplicativo Wecancer.

 

A motivação de César era poder ajudar outras pessoas para que não vivenciem as dificuldades que sua família enfrentou. A mãe de César, Cida, foi diagnosticada em 2013 com um tumor no ovário já em metástase. “Foram 11 meses de muita luta! Ela passou por várias cirurgias, quimioterapia, radioterapia e chegou a utilizar o cateter durante um período também”, recorda. Ela faleceu em abril de 2014.

César considera que um dos desafios foi o fato de a mãe ser tratada em outra cidade, já que eles moravam em Cataguases (MG) e ela fez tratamento em Muriaé (MG). “Apesar da estrutura da instituição ser ótima, não tínhamos nenhum contato com a equipe médica enquanto estávamos em casa. Nesse período, sentíamos medo, eram tantos efeitos adversos e não sabíamos o que era normal e o que não era. Quando ela piorava, ficávamos apreensivos sobre levá-la até o pronto socorro, porque ela não queria ir, tinha muito medo de entrar e não sair… Isso acabava comigo e com minha família”.

Surgiu a ideia de criar um aplicativo que oferecesse uma solução com potencial para ser global. Primeiro ele criou uma árvore de problemas com os desafios que mais incomodaram no tratamento da mãe, como as dificuldades de acompanhamento médico e a falta de individualização no tratamento. Buscou exemplos de tecnologia que trouxessem soluções.

“Após uma intensa pesquisa, encontrei o conceito de Electronic Patient Reported Outcomes. Fiquei encantado com os resultados comprovados, percebendo que todos os trabalhos nessa área estavam no hemisfério Norte. Enxerguei a oportunidade de ser pioneiro no Brasil e comecei assim a criar os primeiros esboços, que mais tarde vieram a se tornar a Wecancer”, revela.

César explica que o aplicativo está no ar desde a última semana de 2016 e apresenta duas plataformas que tornam o acompanhamento remoto e a gestão de risco mais fácil. É um aplicativo para smartphones com o qual o paciente de câncer se automonitora. Cada paciente tem seu perfil com dados sobre seu tratamento, medicamentos em uso, atividades cotidianas e efeitos adversos sentidos (febre, falta de ar, náusea etc.). As informações são obtidas por meio de pequenos questionários e os dados geram gráficos e análises, que fornecem um panorama geral do estado de saúde.

 

Tela do aplicativo Wecancer com lista de sintomas que o paciente pode reportar.
Wecancer lista sintomas que o paciente pode reportar.

 

Logo após o lançamento, o fundador da Wecancer ganhou reforço de Lorenzo Cartolano, que viria a ser seu sócio. Lorenzo também encarou de perto a doença quando a mãe, Nick, foi diagnosticada com um adenocarcinoma na cabeça do pâncreas em 26 de agosto de 2013. “Ela passou por uma cirurgia para desobstruir a via biliar e tentativa de limpeza na área do tumor. Infelizmente o tumor envolvia a artéria mesenteria, impossibilitando os cirurgiões de o removerem. O tratamento sugerido foi quimioterápico, porém, sem sucesso”. Em dezembro do mesmo ano os médicos descobriram uma metástase no fígado e decidiram interromper o tratamento. Nick faleceu em 26 de fevereiro de 2014.

Lorenzo reforça os obstáculos vivenciados, que a plataforma busca minimizar. “Os maiores desafios de longe foram no acompanhamento em hospice care. Tínhamos uma equipe super bem preparada, porém, o fluxo de informação qualificado de nossa equipe para a equipe do oncologista e clínico geral não era eficiente, gerando menor qualidade de vida”.

Na plataforma Wecancer, os dados coletados, relacionados à saúde física e psicoemocional dos pacientes, são transformados em gráficos, que são acessados pelo médico durante a consulta, em uma plataforma web, garantindo um tratamento mais próximo e individualizado. César considera que os principais benefícios da iniciativa são melhora da identificação dos sintomas, acesso a dados que podem dar apoio a tomada de decisões clínicas, economia de tempo na consulta, foco na discussão e facilitação da comunicação com o paciente em casa.

 

Tela do aplicativo Wecancer com chat entre enfermeiro oncológico e paciente.

 

A plataforma tem ainda uma Central de Alertas, para que o centro de tratamento receba notificações sobre o estado de seus pacientes e as enfermeiras recebem alertas quando pacientes reportam determinados efeitos adversos. “Esses alertas ajudam na detecção de possíveis complicações do paciente, auxiliando a instituição a agir de maneira pró-ativa a fim de evitar hospitalizações (custos)”.

Há também o Chat com Enfermeiro, em que os pacientes podem tirar dúvidas, com enfermeiros especializados, em tempo real. Por experiência própria César sabe que o paciente de câncer possui muitas dúvidas e a sensação de não ter com quem falar é angustiante e o fragiliza. “O principal objetivo da iniciativa é disponibilizar um espaço onde ele possa conversar com profissionais sobre essas questões. Dúvidas relacionadas à nutrição, forma de tomar medicamentos ou fazer curativos, por exemplo, são muito comuns e podem ser resolvidas a distância”, avalia. “Além disso, a ferramenta também tem como objetivo combater informações falsas e imprecisas sobre tratamentos que costumam circular em redes sociais e outros aplicativos de mensagens. As ‘fake news’ representam um perigo para o processo de tratamento do câncer”.

 

Câncerpedia

Com o objetivo de disponibilizar aos pacientes conteúdo de qualidade no momento certo, o aplicativo Wecancer realiza uma parceria com o Instituto Vencer o Câncer e lança a Câncerpedia. César diz que os reports dos pacientes acionam algoritmos que recomendam informações a cada paciente de acordo com os efeitos adversos sentidos. “Com isso, conseguimos disponibilizar conteúdos de excelência personalizados. A Câncerpedia será lançada no dia 14 de abril, quando faz 5 anos do falecimento da minha mãe”.

Logotipo do Instituto Vencer o Câncer

O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.

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