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Bebidas açucaradas e câncer: novo estudo relaciona consumo a aumento de casos de tumores intestinais em adultos jovens

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O consumo de bebidas açucaradas, como refrigerantes, energéticos e chá adoçados, e sua relação com maior risco de desenvolver alguns tipos de câncer é um tema já bastante estudado pelos médicos. “Diversas pesquisas já apontam o elo entre o consumo destes produtos e a alta nos casos de certos tipos de tumores”, informa o oncologista Fernando Maluf, cofundador do Instituto Vencer o Câncer (IVOC)

Recentemente, uma nova pesquisa publicada pela revista Gut procurou estabelecer a ligação entre a ingestão de bebidas adoçadas na adolescência e idade adulta e o risco de câncer colorretal precoce entre as mulheres.

Os pesquisadores avaliaram mais de 94 mil enfermeiras, com idades entre 25 e 42 anos, que foram acompanhadas de 1991 a 2015. O estudo também observou um subgrupo de 41.272 enfermeiras que informaram ter consumido bebidas doces entre 13 e 18 anos.

O maior consumo dos produtos com adição de açúcar na idade adulta e na adolescência foi associado a um maior risco de as mulheres desenvolverem tumores de intestino mais precocemente. As chances de um diagnóstico de câncer podem aumentar de forma considerável (de 35% a 40%) para quem bebe mais de 250 ml destes produtos por semana.

“Os dados podem ajudar a explicar porque a incidência deste tipo de câncer vem crescendo antes dos 50 anos, levando até a uma antecipação do início do rastreamento, em alguns países. Sabemos que, de 10 casos de câncer diagnosticados, três a quatro têm relação com má alimentação, obesidade e sedentarismo”, afirmou Maluf.

“As bebidas açucaradas são alimentos ricos em calorias vazias”, ressalta a nutricionista Luisa Macedo Nunes, integrante do Comitê Científico do IVOC.  O consumo excessivo de carboidratos simples aumenta o açúcar (glicose) no sangue e, com isso, sobem os níveis de insulina, que é o hormônio que faz o açúcar ‘entrar’ na célula. Ele é chamado hormônio de armazenamento de gordura. Ou seja, quanto maior consumo de carboidrato, maior o acúmulo de gordura, e, consequentemente, de maior produção de citocinas inflamatórias.

“A inflamação crônica está presente em todo indivíduo obeso e é a causa, não apenas de certas doenças, como o câncer, mas também da disfunção intestinal”, afirma Luisa.

Bons hábitos desde a infância e adolescência

Segundo os autores do estudo internacional, a redução do consumo de bebidas açucaradas entre adolescentes e adultos jovens pode servir como uma estratégia potencial para aliviar a carga crescente de diagnósticos de tumores de cólon e de reto. “Quanto mais tarde a criança tiver acesso a esses produtos, menor será a chance de desenvolver o hábito. Quanto maior tempo o organismo é exposto ao fator de risco, maior a chance de desenvolvimento do tumor”, explica o oncologista Fernando Maluf.

“A indicação é evitar produtos que contenham ingredientes como xaropes, corantes, conservantes, emulsificantes, aromatizantes, realçadores de sabor. Todos eles pertencem ao grupo de alimentos ultraprocessados e favorecem o aparecimento dos tumores”, reforça a nutricionista Luisa Macedo Nunes.

De acordo com estimativas nacionais, o brasileiro adulto consome, em média, 61 litros de bebidas açucaradas por ano, o que equivale a quase sete quilos de açúcar. Já entre crianças e jovens, que bebem mais refrigerantes, chás e sucos adoçados, o consumo se aproxima de dez quilos anuais.

Logotipo do Instituto Vencer o Câncer

O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.

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