O câncer de pulmão representa a principal causa de morte por neoplasias nos países desenvolvidos e o fumo continua como o maior e mais bem caracterizado fator de risco, responsável globalmente por cerca de 85% dos casos. Agora, estudo realizado por pesquisadores do MD Anderson, nos Estados Unidos, fornece novas evidências de que a dieta é outro fator de risco importante, demonstrando que o tipo e a quantidade de carboidratos na alimentação podem aumentar o risco de desenvolver a doença.
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Os pesquisadores avaliaram a associação entre índice glicêmico, dieta e risco de câncer de pulmão e concluíram que, ao lado de fatores de risco bem conhecidos, como o tabagismo, também o índice glicêmico está associado com o risco de desenvolver câncer de pulmão. “É um índice relacionado ao nível de açúcar no sangue, que mede a quantidade de moléculas de glicose presentes em cada tipo de alimento”, explica o oncologista Antonio Carlos Buzaid, chefe-geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes (COAEM) da Beneficência Portuguesa de São Paulo e membro do comitê gestor do Centro de Oncologia e Hematologia Dayan-Daycoval, do Hospital Israelita Albert Einstein. “Alimentos com baixo índice glicêmico são absorvidos lentamente pelo organismo, enquanto os de alto índice têm absorção rápida”, acrescenta.
Não é de hoje que a ciência aponta a correlação entre câncer e nutrição. As vitaminas A, C e E, assim como dietas ricas em frutas e vegetais, têm sido associadas com a redução do risco, enquanto a ingestão de carne vermelha, laticínios, gordura saturada e lipídios é positivamente associada com um risco ampliado para o câncer de pulmão.
Alimentos ricos em carboidratos modulam a secreção de glicose e insulina no organismo, em uma dinâmica que desempenha papel importante no desenvolvimento do câncer. No entanto, poucos estudos se dispuseram a avaliar a correlação entre a ingestão de carboidratos e câncer de pulmão.
Agora, os pesquisadores do MD Anderson consideraram dados de 4.318 indivíduos brancos, não-hispânicos, assintomáticos, recém diagnosticados com câncer de pulmão. A análise de risco considerou as diferenças de gênero, idade e estilo de vida, em uma avaliação que considerou uma variedade de esportes ativos e exercícios físicos, o Índice de Massa Corporal e a presença ou não do tabagismo.
Os resultados mostram que os participantes foram mais propensos a fumar, a maior parte composta por fumantes de longo prazo, com baixo IMC segundo os critérios da Organização Mundial de Saúde (kg/m2). Também foram registrados valores diários elevados de carboidratos com alto índice glicêmico e menor quantidade de fibras.
Em conclusão, o índice glicêmico foi associado com um risco aumentado de câncer de pulmão e deve ser considerado em estratégias de prevenção. O estudo teve o apoio da American Association for Cancer Research, a associação americana para a pesquisa em câncer.
Referências:
Glycemic Index, Glycemic Load and Lung Cancer Risk in Non-Hispanic Whites
Stephanie C. Melkonian, Carrie R. Daniel, Yuanqing Ye, Jeanne A. Pierzynski, Jack A. Roth e Xifeng Wu
Cancer Epidemiol Biomarkers Prev; 25(3) March 2016
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.