Cientistas da Escola de Saúde Pública de Harvard e do Hospital da Mulher de Brigham, em Boston, EUA, acabam de publicar os resultados de um estudo de revisão com a participação de quase 136 mil homens e mulheres, com dados coletados em 30 anos de investigação. O estudo avaliou o risco de câncer associado ao consumo de álcool e demonstrou que, entre as mulheres, até uma dose por dia contribuiu para um risco 13% maior de desenvolver câncer, principalmente o câncer de mama. Para os homens, o consumo de até duas doses de álcool por dia também aumentou o risco de certos tipos de câncer, mas apenas entre fumantes ou ex-fumantes. Não houve aumento do risco entre os não tabagistas.
Assista à entrevista do dr. Antonio Buzaid com o dr. Drauzio Varella sobre o assunto
O estudo incluiu 88.084 mulheres e 47.881 homens, todos profissionais de saúde dos Estados Unidos, a partir de dados de 1980 a 2010. O consumo médio de álcool foi de 1,8 g/dia entre as mulheres e de 5,6 g /dia entre os homens. Em 30 anos, 19.269 casos de câncer foram diagnosticados entre as mulheres e um total de 7.571 casos de câncer registrados em homens.
O consumo em doses leves e moderadas foi associado à ingestão diária de 5 a 14,9 gramas de álcool para as mulheres e de 5 a 29,9 gramas de álcool para os homens. Nos Estados Unidos, a ingestão de 14 g de álcool corresponde a uma bebida padrão, o que equivale a uma lata de cerveja de 330 ml ou a uma taça de vinho de 150 ml.
A conclusão do estudo reforça as recomendações do relatório 2014 World Cancer Report (WCR), emitido pela Agência Internacional da Organização Mundial da Saúde para Pesquisa sobre o Câncer (IARC): quando se trata de câncer, nenhuma quantidade de álcool é segura.
Para o oncologista Antonio Carlos Buzaid, chefe-geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes (COAEM), o estudo conclui que mesmo o consumo de baixas doses de álcool traz risco de câncer associado, especialmente para a população feminina. “A principal mensagem do estudo é dirigida às mulheres, principalmente para aquelas com história familiar de câncer de mama, agora com a recomendação de uma cautela a mais no consumo de álcool, mesmo em doses moderadas”, diz o oncologista Antonio Carlos Buzaid, chefe-geral do Centro Oncológico Antônio Ermírio de Moraes (COAEM).
Prós e contras
Outro estudo recente foi realizado por pesquisadores da Universidade de Melbourne, na Austrália, e demonstrou que doses de até 29 gramas de álcool por dia estão associadas a um efeito cardioprotetor e a uma diminuição do risco de diabetes tipo 2, uma vez que interfere no metabolismo da glicose e aumenta a sensibilidade à insulina. “O estudo australiano associou álcool e risco de morte por outras causas, mas não avaliou o risco de morte específico para câncer”, compara Buzaid.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.