Março foi o mês escolhido pelo Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA/GBTG) para iniciar uma campanha de conscientização sobre uma doença totalmente evitável: o câncer de colo de útero. “Temos grandes campanhas para prevenção secundária do câncer de mama com rastreamento, e muitas vezes deixamos em segundo plano o câncer de colo de útero, tão importante para o contexto da mulher brasileira”, afirma a oncologista Angélica Nogueira, presidente do EVA.
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O foco da campanha, realizada pelo EVA/GBTG com o apoio da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Instituto Oncoguia e do portal de notícias Onconews, é o exame do papanicolaou.
Diferente de outros tipos de câncer, como o câncer de mama, o câncer de colo de útero é uma doença cuja prevenção primária é possível. Tendo como fator principal de risco a infecção pelo HPV (papilomavírus humano), estágios iniciais da infecção podem ser tratados, evitando que o processo evolua para o câncer.
É aí que entra o exame do papanicolaou. “O preventivo de papanicolaou detecta a neoplasia in situ e permite o tratamento da neoplasia intracelular (NIC), que é o estágio inicial, antes de o câncer se estabelecer. É uma doença verdadeiramente evitável, e muitos países já conseguiram praticamente eliminar a doença com o exame e a vacina indicada para meninas de 9 a 13 anos”, explica Angélica.
No Brasil, infelizmente, a realidade é outra. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a incidência da doença é de aproximadamente 15 mil casos por ano, sendo o terceiro câncer mais comum na mulher. Esse índice é distribuído de maneira desigual pelas regiões do país. Enquanto nos estados da região norte e em alguns estados do nordeste do Brasil o câncer de colo de útero segue sendo a causa mais frequente de câncer na mulher, no Rio Grande do Sul a doença representa a quinta causa de câncer feminino. “Essa diferença regional se deve ao acesso à prevenção, à qualidade do exame e à cultura de se fazer o exame preventivo, que é muito maior nas cidades do que na zona rural e nos estados mais desenvolvidos, com maior renda per capita”, esclarece Angélica.
Recomendações
Para que a estratégia de prevenção seja eficaz, a recomendação é que o papanicolaou seja feito de forma regular. O exame deve ser realizado por mulheres entre 25 a 64 anos que já tiveram atividade sexual. O exame deve ser repetido a cada três anos, após três exames normais consecutivos, realizados com um intervalo de um ano. “No caso do exame positivo a paciente vai ser acompanhada de uma forma rigorosa para eliminar a inflamação e não deixar progredir para o câncer. O câncer do colo de útero tem evolução lenta. As mulheres que podem vir a apresentar a doença nos próximos 10, 15 anos, muito provavelmente já estão infectadas com o vírus, e são as mulheres que não se beneficiam da vacina atual. Por isso é importante frisar que com o exame, mesmo as mulheres que não estão na faixa etária indicada para a vacina podem não ter a doença”, ressalta.
Adesão à vacinação é necessária
O Ministério da Saúde disponibiliza a vacina HPV 6, 11, 16, 18 para meninas de 9 a 13 anos, durante todo o ano, em todas as Unidades Básicas de Saúde e, dependendo do município, também em escolas públicas e privadas. O esquema padrão é de três doses, com intervalo de 2 meses entre a primeira e a segunda, e de 4 meses entre a segunda e a terceira (0-2-6 meses). Quem não tomou no período indicado não precisa reiniciar o esquema, mas deve terminá-lo ou não terá a proteção máxima contra a infecção.
A faixa etária selecionada foi de 9 a 13 anos pois a vacina é altamente eficaz nas meninas desse grupo ainda não expostas ao HPV. “É uma vacina extremamente segura, que vem sendo usada em larga escala no mundo inteiro. Foi um grande avanço o governo brasileiro ter incorporado a vacina, e não podemos perder essa chance de praticamente eliminar o câncer de colo de útero nas próximas décadas. No Brasil, infelizmente, o número de vacinadas está muito aquém do que é possível”, alerta a oncologista.
Para reafirmar a efetividade da vacina contra o HPV na prevenção do câncer de colo do útero e destacar a importância de receber todas as doses, a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) — em parceria com Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) — lançou a campanha “Onda Contra o Câncer“.
Para mais informações sobre a campanha, visite: www.ondacontracancer.com.br.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.