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Exercício físico no tratamento do câncer de próstata

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Nos últimos anos, inúmeros estudos recomendam o exercício físico como terapia coadjuvante aos tratamentos de câncer. A prática de exercícios regulares tem sido encarada como um verdadeiro “remédio”, ou seja, com prescrição, dosagem intensidade e frequência personalizadas. Muitos sintomas decorrentes do tratamento podem ser desta forma mitigados, em especial o sintoma da fadiga relacionada ao câncer (FRC), melhorando os níveis de energia, a qualidade do sono, o apetite, a força muscular, o humor e a saúde geral. 

Quando pensamos no câncer de próstata vemos que seus tratamentos envolvem muitas modalidade, cirurgia, radioterapia e terapias endócrinas, que em geral à diminuição da performance física global,  da capacidade cardiorrespiratória, da força muscular, quadros de sarcopenia, osteopenia/osteoporose, distúrbios emocionais como depressão, ansiedade e uma alta prevalência dos sintomas de fadiga, especialmente na vigência das terapias de privação androgênica (TODA) em que ocorre a redução da produção do hormônio testosterona. 

Especialmente o sintoma de fadiga relacionada ao câncer é muito comum em homens com tumores de próstata.  Cerca de três em cada quatro homens com a doença (74%) terão fadiga durante a experiencia do câncer, enquanto a prevalência de fadiga crônica foi mais alta (39%) quando a terapia hormonal foi combinada com radioterapia. 

Algumas causas da fadiga são: o próprio câncer e os tratamentos (quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia, terapias alvo e imunoterapia). A gravidade da fadiga é relatada pelos pacientes como mais severa na vigência da terapia hormonal e quando combinada à radioterapia. O sintoma de fadiga pode dificultar a realização das atividades diárias, o convívio social, além de afetar o humor (estresse, depressão, ansiedade), aspectos cognitivos (memória concentração), impactar na qualidade do sono e sexualidade. 

Mas então, como começar a praticar atividade física? Alguns estudos demonstraram que realizar atividade aeróbia de forma moderada após o tratamento pode melhorar a qualidade de vida, diminuir a fadiga e aprimorar a capacidade física e cardiorrespiratória.  Em revisão sistemática, estudos demonstraram que a prática do exercício físico pode reduzir os sintomas e melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer de próstata. Um alto nível de evidência (A) foi observada para os benefícios do exercício na melhora da resistência muscular, aeróbica e qualidade de vida geral, bem como na redução da fadiga em pacientes com câncer de próstata. 

Evidências menores (B) também foram demonstradas para melhorar a massa muscular, a força muscular, o desempenho funcional dos pacientes com câncer de próstata, e qualidade de vida relacionada à saúde, social e física. Esses efeitos pareciam maiores para exercícios em grupo do que em casa, especialmente se esses programas incluíssem treinamento de resistência. 

A recomendação das pesquisas reforça, desta forma, que seja incentivada pela equipe médica e de cuidados multiprofissionais a prática de exercício físico de maneira regular, com mínimo de dose recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelos guidelines da ASCO (American Society of Clinical Oncology). Além disso, sempre que possível, o incentivo à prática de exercício em grupo e algum treinamento de resistência.

Neste sentido é muito importante conscientizar os profissionais médicos e equipe de cuidados sobre esses benefícios do exercício físico e o encaminhamento precoce para minimizar sintomas e dar qualidade de vida para os pacientes de câncer de próstata, já que seu tratamento envolve longos períodos.  Ou seja, precisamos estimular os pacientes a permanecerem ativos, independentemente do estágio ou momento do tratamento.

Tania Tonezzer  

Fisioterapeuta da Associação Bragantina de Combate ao Câncer (ABCC)

Mestre pela Universidade de São Paulo – USP 

Especialista em Fisioterapia Oncológica – ABFO /COFFITO

Fundadora do Onco Movimento – Reabilitação Física e exercícios para pacientes Oncológicos

Especializada em Linfoterapia

Especializada em Cuidados Paliativos

Membro da Associação Brasileira de Fisioterapia em Oncologia – ABFO

Membro da American Physical Therapy Association (APTA)

 

Referências 

Dennis R. Taaffe et al. Effects of Different Exercise Modalities on Fatigue in Prostate Cancer Patients Undergoing Androgen Deprivation Therapy: A Year-long Randomised Controlled Trial, European Urology, Volume 72, Issue 2, 2017, 293-299. 

Courneya, Kerry S., and Christopher M. Booth. “Exercise as cancer treatment: A  clinical oncology framework for exercise oncology research.” Frontiers in Oncology 12 (2022).

Xingyu Xiong et al. Which Type of Exercise During Radiation Therapy Is Optimal to Improve Fatigue and Quality of Life in Men with Prostate Cancer? A Bayesian Network Analysis, European Urology Open Science, Volume 43, 2022, 74-86

Exercise is Medicine Australia www.exerciseismedicine.org.au Australian Institute of Health and Welfare (AIHW). (2017). Cancer in Australia 2017. Cancer series no. 101. Cat. no. CAN 100. Canberra: AIHW.

Langston B, Armes J, Levy A, Tidey E, Ream E. The prevalence and severity of fatigue in men with prostate cancer: a systematic review of the literature. Support Care Cancer. 2013 Jun;21(6):1761-71.

Vashistha V, Singh B, Kaur S, Prokop LJ, Kaushik D. The Effects of Exercise on Fatigue, Quality of Life, and Psychological Function for Men with Prostate Cancer: Systematic Review and Meta-analyses. Eur Urol Focus. 2016 Aug;2(3):284-295

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