O câncer de ovário, embora seja pouco frequente, é um dos tumores com menor chance de cura. Isso porque não é fácil detectá-lo e não há exames específicos para rastreá-lo, como é o caso da mamografia (para o câncer de mama) e o papanicolaou (para o de colo do útero). Assim, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), quando há o diagnóstico, 75% dos casos já estão em estágio avançado.
Apesar do progresso constante da oncologia, ainda não há informações suficientes para determinar com segurança a origem da doença. Sabe-se que ela está relacionada à idade (mulheres acima de 50 anos) e a fatores hormonais, ambientais e genéticos. Mas, segundo o Inca, 90% dos casos são esporádicos, ou seja, não possuem fator de risco conhecido. Os outros 10% são de origem genética ou familiar, e para esses casos existem recomendações médicas que podem auxiliar na redução do risco de surgimento do tumor ou na identificação precoce da doença.
Uma medida “preventiva” é bastante trivial: o uso de anticoncepcionais. Um estudo realizado pela Universidade de Aberdeen, na Inglaterra, apontou que o uso regular de contraceptivos orais reduz em 33% o risco de câncer de ovário. A pesquisa foi feita com 46 mil mulheres durante 44 anos, sendo considerado um dos estudos mais longos sobre o assunto.
O risco de desenvolver câncer de ovário é considerado alto quando a mulher possui parentes de primeiro grau – mãe ou filha, por exemplo – que já tiveram a doença, ou quando se identifica que ela seja portadora de alteração genética dos genes BRCA1 ou BRCA2. Para saber se uma mulher possui tais alterações, é preciso fazer um teste genético. Em caso positivo, os médicos recomendam a realização de ultrassonografia transvaginal e a pesquisa do marcador tumoral CA125 anualmente, para detectar a doença em estágio inicial. Não se chegou a um consenso quanto à idade em que os exames devem ser realizados, mas muitas já iniciam a prevenção a partir dos 30 anos.
Uma alternativa preventiva indicada pelos médicos somente em casos de alto risco de câncer de ovário é a cirurgia para a remoção do órgão, em conjunto com as tubas uterinas. A ooforectomia profilática, como é chamado o procedimento, é indicada após as gestações desejadas (já que após a cirurgia não será mais possível engravidar) e próximo da menopausa, para evitar que sintomas típicos desse período surjam antes da hora. Pode ainda contribuir para a redução do risco de câncer de mama, mas por ser uma medida radical e apresentar efeitos colaterais permanentes, deve ser avaliada por um especialista.
Vale lembrar que mesmo medidas radicais como essa não afastam totalmente o risco de câncer no ovário, pois é possível já haver uma célula maligna na região no momento de remoção do órgão. Por isso, é importante fazer o acompanhamento com o ginecologista e ficar atenta a alguns sinais, como azia, náuseas, dor abdominal, sangramento e aumento da frequência urinária. Esses são sinais genéricos que podem não representar nenhuma doença mais grave, mas de qualquer forma devem servir de alerta para a necessidade de investigação pelo médico.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.