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Imunoterapia: Com avanços, desafio é tirar o máximo de benefício

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Estudos permitem expandir opção a vários tipos de tumores. Tendência de tratamento combinado e uso de biomarcadores são abordagens de simpósio sobre o tema.

 

Ela surgiu como uma revolução contra o câncer, uma importante opção nos tratamentos. A princípio restrita a alguns tipos, a imunoterapia tem sido alvo de estudos, permitindo expandir seu uso no tratamento de diversos tumores. Mas o câncer é uma doença complexa e as variações não se dão apenas pelos tipos e estágios de desenvolvimento – as diferenças de um organismo para outro também afetam os resultados. Por isso, o grande desafio agora é entender onde ela pode atuar, como e em quem.

“A tendência é usar cada vez mais tratamentos combinados e tentar usar biomarcadores. São as duas grandes frentes”, destaca Rafael Schmerling, oncologista clínico membro do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer (IVOC). Schmerling é um dos coordenadores do V Simpósio Internacional de Imuno-oncologia – o futuro da oncologia, que será realizado nos dias 30 e 31 de agosto de 2019 no Hotel Pullman, na Vila Olímpia, em São Paulo. Também coordenam o evento os oncologistas Antonio Buzaid e Fernando Maluf, fundadores do IVOC.

Biomarcadores são agentes que ajudam a identificar quais tratamentos funcionam melhor para cada tipo de tumor. Eles são essenciais para a personalização do tratamento e poderão ajudar a avaliar a eficácia do uso de imunoterápicos, bem com a combinação de opções medicamentosas. A quimioterapia e as drogas alvo moleculares atuam atacando as células tumorais. A diferença da imunoterapia é que ela ajuda o próprio sistema imunológico do paciente a combater o tumor.

 

Veja também: Dr. Buzaid explica os tipos de imunoterapia

 

Muitos estudos na área estão se voltando ao tratamento com associação de terapias, com ou sem imunoterapia, atacando várias frentes diferentes para garantir melhores resultados. “A imunoterapia vem sendo incorporada para doenças que até então a gente não utilizava. É um aprendizado compreender como está sendo utilizado para os pacientes. É um dos papeis do simpósio”, comenta Schmerling. “Na medida em que temos novos tratamentos, surgem novas questões de como vamos explorar melhor e aproveitar os remédios na sua máxima, tirar o máximo benefício, avaliar o melhor cenário para qual remédio do ponto de vista de eficácia e efeito colateral”.

O médico cita como importante avanço o uso de imunoterapia em câncer de mama, com o primeiro medicamento desse tipo aprovado este ano no Brasil, voltado para o tipo mais agressivo do tumor, o triplo negativo, para o qual havia poucas opções de tratamento. Estudos também demonstram que a combinação de imunoterapia com quimioterapia pode se tornar alternativa para tratamento de pacientes com câncer de ovário.

“O simpósio terá várias discussões para entender quais as melhores estratégias, abordando em que cenários se deve usar e em quais não se deve usar imunoterapia. Se deve ou não usar combinado com quimioterapia, por exemplo”, diz Schmerling, citando que essa avaliação é importante para considerar todos os aspectos.

Em melanoma, Schmerling chama atenção para o trabalho do médico oncologista e imunologista Christian Blank, do Instituto de Câncer da Holanda, que participará do simpósio em São Paulo. “Christian Blank tem um trabalho no sentido de tentar explorar ferramentas de avaliação de predição de eficácia de imunoterapia. Chama-se imunograma. Ele usa vários parâmetros do tumor ou do paciente para tentar definir quem deve ou não usar imunoterapia”.

O evento trará também para a comunidade médica brasileira as discussões das inovações abordadas na Asco 2019, o maior evento mundial de oncologia.

Nos tumores de rim, por exemplo, atualização importante de estudo apontou que o uso de imunoterápico combinado com antiangiogênico promoveu redução do risco de progressão ou morte maior do que o uso isolado de antiangiogênico. Também apontou aumento na sobrevida global e redução risco de morte da ordem de 47%.

No câncer de pulmão em pacientes com tumor que pode ser operado, fazer imunoterapia antes da cirurgia pode ser bastante eficaz. “Não é ainda um tratamento padrão, mas está sendo refinado com base em estudo feito por mim nos Estados Unidos”, afirma o oncologista William William, membro do Comitê Científico do IVOC. “Pode se tornar um novo tratamento padrão em um futuro próximo”. Em pacientes com doença avançada, a imunoterapia pode aumentar a sobrevida dos pacientes.

“No simpósio, teremos um panorama geral de expectativas do futuro da imunoterapia no mundo e no Brasil”, conclui Schmerling.

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