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Instituto Vencer o Câncer debate pesquisa clínica no Sistema Único de Saúde

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imagem mostra: Mesa do congresso internacional de uro0oncologia.

Quais os benefícios da pesquisa clínica em Oncologia? Como enfrentar os desafios impostos aos pesquisadores no Brasil? Ainda existem muitos entraves de gestão, financiamento e organização para a realização dos estudos clínicos? E como é possível informar o paciente sobre a relevância e segurança destes protocolos?

Para debater estas e outras questões ligadas ao tema, o Instituto Vencer o Câncer promoveu, na última sexta-feira, dia 14 de abril, a mesa “Pesquisa Clínica em Centros de Alta Complexidade em Oncologia (Cacons) e Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (Unacons) – Onde a Oncologia no SUS acontece de verdade”, durante a 14ª edição do Congresso Internacional de Uro-Oncologia, em São Paulo.

O oncologista Dr. Fernando Maluf, fundador do Instituto Vencer o Câncer, afirmou que a pesquisa clínica pode ser uma das saídas para diminuir a carência na atenção oncológica no SUS. “O rigor do protocolo clínico é a chance de o paciente receber um tratamento inovador. A pesquisa movimenta a Medicina e a educação em Saúde”, ressaltou.

Maluf destacou as ações do projeto Amor à Pesquisa Contra o Câncer no Brasil, desenvolvido pelo Instituto Vencer o Câncer. “Já temos o programa em seis centros no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. A ideia é estabelecer mais unidades, com processos e capacitação. É uma ideia simples, fácil de entender, barata e com um impacto muito grande”, definiu. 

Os desafios dos Centros de Pesquisa no SUS

O pesquisador e oncologista Dr. Daniel Vilarim Araújo, do Hospital de Base de São José do Rio Preto, contou que o centro de pesquisa na cidade do interior paulista possui 100 estudos em andamento atualmente, mas confirmou as dificuldades enfrentadas pelos cientistas nacionais.

“É sempre um desafio implantar um centro de pesquisa no SUS. O principal deles é mostrar que é financeiramente viável para o gestor”. Segundo ele, o investimento nos estudos clínicos promove a capacitação e fomenta melhores práticas nas instituições. “Discutimos casos de forma multidisciplinar e melhoramos a reputação do hospital. Também qualificamos mais profissionais para pesquisa clínica, uma necessidade nacional”.

Dr. Daniel Vilarim Araújo lamentou, no entanto, que ainda exista preconceito e desconhecimento por parte dos pacientes. “Um dos principais ganhos da pesquisa clínica é o acesso a drogas inovadoras. A maioria dos estudos no Brasil é de fase 3, com elevados padrões de segurança, quando o novo produto ou tratamento é comparado com os padrões já existentes”. 

A oncologista Dra. Ana Caroline Fonseca Alves, coordenadora médica do centro de pesquisa clínica do Hospital do Câncer do Maranhão Dr. Tarquínio Lopes Filho, contou sobre o trabalho de estruturação da unidade em São Luís, uma das contempladas no primeiro edital do projeto Amor à Pesquisa Contra o Câncer no Brasil. 

Para a médica, descentralizar a pesquisa clínica traz inclusão, representatividade e mais acesso. “É importante ter nossa população representada. Montar um centro ‘do zero’ é bem desafiador, mas é possível. Tudo que a pesquisa clínica toca, ela melhora”, definiu.

“Não tínhamos uma cultura de pesquisa clínica local. Iniciamos o trabalho em 2022, já estamos estruturados e continuamos a receber acompanhamento técnico. O projeto nos proporcionou capacitação, treinamento, além da doação de equipamentos como a centrífuga refrigerada, que não existia na unidade. Estamos com três estudos em andamento”, relatou Ana Caroline. 

A moderadora da mesa, economista Gabriela Tannus, sócia-diretora da AxiaBio Life Sciences, ressaltou que os estudos clínicos promovem a melhoria do sistema de saúde, diminuindo as diferenças de acesso. “É um serviço social; este projeto atua para salvar vidas. Quando ajudamos o SUS a atuar na pesquisa, ajudamos a melhorar a vida dos brasileiros”, definiu Gabriela.

Articulação e regulamentação

A diretora Institucional do Instituto Vencer o Câncer, Ana Maria Drummond, enfatizou que o conhecimento sobre a produção científica no Brasil e as características regionais vai permitir que o projeto Amor à Pesquisa Contra o Câncer no Brasil seja escalonado. “O Instituto tem a função de agregar esforços, um papel de articulação para unir pesquisadores, instituições hospitalares, entidades de pacientes, indústria farmacêutica, todos em torno do desenvolvimento da pesquisa clínica em Oncologia”, afirmou.

O oncologista Daniel Vilarim Araújo lembrou a importância dos debates sobre o PL 7082/17, que dispõe sobre a pesquisa clínica com seres humanos e institui o Sistema Nacional de Ética em Pesquisa Clínica com Seres Humanos. “Esperamos que o debate da lei e a nova legislação permitam que o Brasil seja mais competitivo”, avaliou o médico. 

Já para Fernando Maluf, o projeto de 2017 pode descentralizar e agilizar a aprovação das pesquisas no Brasil. “Nossa região (América Latina) representa um vácuo por falta de critérios claros (para a pesquisa). Este é um terreno árido, mas o benefício vai ser muito grande para o país”.

Projeto Amor à Pesquisa Contra o Câncer no Brasil.

Idealizado e realizado pelo Instituto Vencer o Câncer, o projeto atua em clínicas e hospitais públicos e filantrópicos dos Estados do Amazonas, Pará, Maranhão, Paraíba, Bahia e Mato Grosso do Sul. Conta com a consultoria técnica do Latin American Cooperative Oncology Group (LACOG) e patrocínio da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) e Eurofarma.

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