Durante o Congresso Americano de Oncologia (ASCO 2025), o Instituto Vencer o
Câncer (IVOC) marcou presença em uma sessão especial voltada exclusivamente para
os “patient advocates”, os representantes de associações voltadas às discussões dos
direitos de pacientes e de políticas públicas em Saúde.
O encontro reuniu a presidente da American Society of Clinical Oncology (ASCO), Dra.
Robin Zon, e o presidente eleito da entidade, Dr. Eric Small. A economista Gabriela
Tannus, voluntária técnica do IVOC, participou do debate levantando uma questão relevante sobre o papel das pesquisas clínicas no acesso à saúde.
“Sou economista da saúde e atuo no Instituto Vencer o Câncer, que defende a
ampliação das pesquisas clínicas na nossa região”, afirmou Gabriela. Ela ressaltou que
os estudos clínicos não são apenas uma oportunidade de gerar dados científicos, mas, muitas vezes, representam o único caminho possível para que pacientes tenham
acesso a tratamentos adequados. “A pesquisa clínica é, para muitos, a única forma de garantir um tratamento de qualidade. Como vocês enxergam a ampliação do acesso às
pesquisas como uma estratégia para garantir o direito à saúde e salvar vidas?”,
questionou.

A resposta dos líderes da ASCO reforçou a relevância do tema. O Dr. Eric Small
destacou que, em muitos países e até mesmo em comunidades dentro dos Estados
Unidos, os ensaios clínicos são o único meio de obter acesso a medicamentos
inovadores. “O pembrolizumabe, por exemplo, revolucionou o tratamento
imunoterápico e é uma das drogas com maior número de indicações. Mas está
indisponível em três quartos do mundo por ser muito caro. A pesquisa clínica é, para
muitos, a única forma de acesso”, afirmou.
Ele explicou que há um esforço nos EUA, com participação ativa da ASCO, para tornar
os ensaios mais simples, eficientes e com menos exigências, facilitando a inclusão dos
pacientes. “Estamos trabalhando para que os estudos não exijam que o paciente se
desloque até grandes centros. Isso ainda avança lentamente, mas os benefícios
começam a aparecer”, disse.
A Dra. Robin Zon complementou destacando a necessidade de descentralização das
pesquisas, principalmente para regiões remotas ou com poucos recursos. Ela citou
projetos em curso, como o que está sendo desenvolvido em áreas rurais de Montana
(EUA), onde enfermeiros treinados e profissionais locais trabalham conectados a
centros acadêmicos para viabilizar o tratamento.
“Isso também já foi feito na Austrália, com apoio do governo, porque o país é
majoritariamente rural. Mas a escassez de profissionais em áreas afastadas ainda é um
desafio, inclusive nos Estados Unidos. Em muitos países, há pouquíssimos oncologistas, às vezes menos de uma dezena, o que dificulta muito a implementação dos estudos”, destacou a presidente da ASCO.
Ambos os líderes reforçaram que a ASCO vem atuando com conselhos regionais e
projetos de demonstração para mapear e escalar boas práticas ao redor do mundo,
com o objetivo de ampliar o acesso à pesquisa clínica e, consequentemente, aos
tratamentos de ponta.
Para fortalecer o acesso à pesquisa clínica no Brasil, o Instituto Vencer o Câncer criou a
Rede Vencer o Câncer de Pesquisa Clínica. O programa tem como objetivo
implementar centros de pesquisa em regiões subatendidas do país, oferecendo uma
chance única de acesso a tratamentos inovadores.
A Rede já conta com 20 centros de pesquisa distribuídos por todas as regiões do Brasil.
Além disso, investe na capacitação de profissionais de saúde, desenvolve materiais
educativos para a população e incentiva o apoio a estudos liderados por pesquisadores
brasileiros. Tudo isso com um único objetivo: ampliar o acesso da população a
tratamentos de ponta contra o câncer.
Fernanda d´Avila
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.