No mês de em que é celebrado o Dia Mundial de prevenção destas doenças (27/07), o Instituto Vencer o Câncer destaca avanços no tratamento.
A Lei 14.328/22, sancionada em abril, criou oficialmente o Julho Verde – Mês Nacional de Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), esta é a quinta neoplasia mais comum no Brasil, tanto em homens quanto em mulheres. Abrange língua, boca (mais incidente nos homens), laringe, faringe, seios paranasais e cavidade nasal, glândulas salivares, ossos da face, pele e a tireoide (mais comum nas mulheres).
Entre os principais fatores de risco para estes tumores estão o tabagismo e o consumo de álcool. A doença também é causada pela infecção por HPV e pelo vírus Epstein-Barr, lesões pré-malignas e depressão imunológica.
Ainda de acordo com o INCA, mais de 75% dos casos são diagnosticados em estágio avançado, o que piora o prognóstico e compromete a qualidade de vida do paciente.
A oncologista clínica Giselle Rocha, do Hospital Israelita Albert Einstein e colaboradora do Instituto Vencer o Câncer, separou pesquisas importantes na área de cabeça e pescoço, apresentadas no Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO 2022), realizado em junho, que podem representar avanços no tratamento destes pacientes.
O primeiro estudo avaliou se pacientes com carcinoma de nasofaringe de risco intermediário tratados com radioterapia de intensidade modulada poderiam ser poupados de quimioterapia concomitante. Os resultados mostraram que a radioterapia pode ser utilizada de forma isolada nesses pacientes, fornecendo controle e sobrevida comparáveis quando utilizada de forma simultânea com a quimioterapia.
Giselle Rocha ressalta que a cisplatina é um agente quimioterápico bastante indicado para tratamento concomitante à radioterapia nas neoplasias de cabeça e pescoço. Um ensaio randomizado, multicêntrico, de não inferioridade, comparou a indicação da cisplatina 100mg/m² a cada 3 semanas por 3 ciclos versus cisplatina 40mg/m² semanal por 7 semanas simultâneas a radioterapia definitiva.
Este estudo confirma que a quimioterapia concomitante com cisplatina semanal não é inferior a ciclos a cada 3 semanas, sendo mais bem tolerada e com menos interrupções, hospitalizações e toxicidade, e pode ser considerada como um dos padrões de tratamento nessa população de pacientes.
Opção à cisplatina
Muitos pacientes, no entanto, têm contraindicação ao uso da cisplatina, fazendo-se necessária a troca por outras quimioterapias, ou com a opção por utilizar a radioterapia isolada.
Neste sentido, outro estudo, também apresentado no Congresso, randomizou pacientes adultos com carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço localmente avançado elegíveis para quimiorradiação ou adjuvante, e inelegíveis para uso de cisplatina. Avaliou o benefício do medicamento docetaxel em associação a radioterapia.
Como resultados, tivemos uma sobrevida livre de doença em dois anos de 30,3% no braço da radioterapia isolada versus 42% no grupo de pacientes que receberam radio e docetaxel.
Os resultados mostram que a adição do antineoplásico à radioterapia melhorou a sobrevida livre de doença e sobrevida global em carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço localmente avançado, sendo mais uma opção de tratamento para os pacientes que não são candidatos ao uso da cisplatina.
Mais informações sobre os tumores de cabeça e pescoço podem ser acessadas em https://vencerocancer.org.br/tipos-de-cancer/cancer-de-cabeca-e-pescoco-o-que-e/
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.