A mastectomia é a retirada total ou parcial da mama. Cerca de 63 mil mulheres fizeram cirurgia de remoção dos seios para tratamento de câncer nos últimos cinco anos no pelo SUS, segundo levantamento recente do Datasus. Ou seja, a cada 40 minutos é realizada uma cirurgia de mastectomia no país. É a opção mais segura para tumores extensos.
Não bastasse passar por todos os percalços da doença, as pacientes que não são submetidas a reconstrução mamária imediata encontram um problema: a falta de sutiãs especializados no mercado. Por conta disso, grande parte dessas pacientes recorrem à única arma que possuem: o improviso.
Empresas não se interessam por esse mercado
Dina Dias começou o tratamento contra o câncer de mama em 2009. Ela foi submetida a reconstrução mamária imediata com prótese de silicone, mas acabou sofrendo rejeição e teve que tirar.
No hospital em que fez o tratamento, ela entrou em contato com as amostras de sutiãs com prótese, mas achou muito pesado e não se acostumou com o acessório. “O que eu faço hoje é comprar bojo e depois costuro no próprio sutiã. Fica confortável, pelo menos. Na verdade, eu não conheço lojas especializadas que vendem isso.”
Foi por necessidade que Myriam Sanches criou em São Paulo a loja chamada “Mama Amiga”. Quando a prima foi diagnosticada há 30 anos com câncer, ela não encontrava em lugar nenhum produtos específicos para quem havia passado pelo procedimento.
“As mamas são o maior símbolo de feminilidade da mulher. Ela tem que continuar se sentindo valorizada. Então nós apostamos em produtos que a fazem se sentir bem. Muitas chegam aqui tímidas, envergonhadas e depois que mostramos as opções elas se sentem confortáveis. Por isso eu sempre brinco dizendo: ‘peito pra frente e cabeça erguida’.”
Variedade
Na loja é possível encontrar peças de todas as cores, com rendas superiores para cobrir a cicatriz, além de maiôs, biquínis e tops.
[relacionados]
Os sutiãs, que custam a partir de R$50, têm uma abertura na parte de trás por onde é possível encaixar a prótese de silicone, vendida separadamente por cerca de R$180. Ela garante que eles não caem e se adaptam muito bem ao corpo. “As próteses são igual a óculos. Se cuidar bem, elas duram mais de três anos.”
Por não encontrarem lojas do gênero, as que não improvisam acabam recorrendo a lojas de produtos ortopédicos. “Só que a maioria não se sente à vontade. Muitas reclamam que os atendentes são homens e só mostram as próteses e o sutiã bege sem graça. Elas se sentem intimidadas e não conseguem nem experimentar”, afirma Sanchez.
O uso de sutiã com prótese é recomendado por médicos especialistas a fim de evitar problemas de coluna, já que por conta da ausência da mama, o ombro pode ficar caído. “Elas possuem o peso adequado, não são pesadas, para não dar problema de coluna. Desconforto ela sente quando não utiliza nada”, diz a proprietária.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.