Considerando dados mundiais, o câncer de próstata é o tumor mais comum no mundo entre homens com mais de 50 anos. De acordo com estatísticas americanas, um em cada seis homens desenvolverá câncer de próstata no decorrer da vida. No entanto, somente um homem em cada 35 morrerá da doença. O câncer de próstata é uma doença grave, mas a maioria dos homens diagnosticados precocemente, não morre por causa dela.
O diagnóstico do câncer de próstata é feito por meio de dois exames: toque retal e PSA. Caso seja encontrada alguma alteração nos exames, é preciso fazer uma biópsia para confirmar ou não a doença.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), também no Brasil o câncer de próstata é o segundo tipo de câncer mais comum em homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma). É também o segundo com maior taxa de mortalidade, atrás apenas do câncer de pulmão.
Sedentarismo, obesidade, hábitos alimentares não saudáveis, além do crescimento da expectativa de vida, são alguns dos fatores de risco que contribuem para o aumento dos números de novos casos.
No caso brasileiro, as questões que envolvem o câncer de próstata vão além das descritas até aqui. Existem gargalos na jornada desse paciente para os quais precisamos ficar atentos.
Um deles é a já conhecida masculinidade tóxica, que faz do imaginário masculino um lugar onde há pouco cuidado com a saúde. Essa é uma questão cultural que vem sendo combatida pelas campanhas anuais de Novembro Azul, que apesar de ainda não terem a repercussão do Outubro Rosa, vêm provocado os homens a se cuidarem mais.
Mas não é só.
Em 2020, o Instituto Vencer o Câncer encomendou um levantamento aprofundado sobre o tema, uma análise integrada do perfil epidemiológico e das políticas públicas e indicações estratégicas das principais questões críticas, para subsidiar ações propositivas para enfrentamento ao câncer de próstata no Brasil.
A pesquisa apontou que no Brasil, diferentemente de Reino Unido e Estados Unidos, a questão racial não está entre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata pelas autoridades de saúde. No entanto, pesquisas internacionais apontam que homens negros têm duas vezes mais chances de desenvolver a doença. Somente um documento do INCA, as Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas de 2016, menciona a questão racial. Essa informação é pouco difundida nos materiais sobre prevenção disponibilizados pelo Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Mas a SBU – Sociedade Brasileira de Urologia – alerta que ser da raça negra é um dos mais importantes fatores de risco.
Para a SBU: “homens a partir de 50 anos e mesmo sem apresentar sintomas, devem procurar um profissional especializado, para avaliação individualizada tendo como objetivo o diagnóstico precoce do câncer de próstata. Os homens que integrarem o grupo de risco (raça negra ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata) devem começar seus exames mais precocemente, a partir dos 45 anos. Após os 75 anos, somente homens com perspectiva de vida maior do que 10 anos poderão fazer essa avaliação. O rastreamento deverá ser realizado após ampla discussão de riscos e potenciais benefícios, em decisão compartilhada com o paciente”.
Além disso, no Brasil muitos casos de câncer de próstata, em torno de 20% do total, são diagnosticados em estágios avançados, o que dificulta o tratamento.
Como se não bastasse, há ainda a defasagem entre os tratamentos disponíveis na Saúde Suplementar e no SUS. Até o levantamento realizado a pedido do IVO em 2020, a rede pública dispunha de 10 tratamentos, entre anti-hormonais, quimioterápicos e radio fármacos. Nos planos de saúde eram 15.
Informar sempre e bem é fundamental para reduzir o número de casos de câncer de próstata. Além da informação, é preciso criar as condições necessárias para reduzir as diferenças de tratamento em nosso sistema de saúde.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.