back to top

Quem disse que não pode – Durante o tratamento oncológico

spot_img

Alimentação durante o tratamento oncológico

A alimentação pode ser grande aliada no tratamento do câncer. O paciente bem nutrido tem melhor tolerância ao tratamento, menor índice de complicações, recuperação mais rápido de intercorrências e melhor qualidade de vida. No entanto, as diversas estratégias para o tratamento do câncer podem causar efeitos colaterais com grande impacto na alimentação e, por isso, é importante ter uma atenção especial à nutrição do paciente. Este cuidado com a nutrição engloba a avaliação do indivíduo, seus hábitos alimentares, composição corporal, alterações da sua dieta com o tratamento, preferências, aversões e necessidades nutricionais, buscando orientar e adaptar os alimentos e preparações em quantidade e distribuição adequada para atingir suas metas diárias.

Muitos pacientes optam por excluir o consumo de alimentos crus como saladas e frutas com casca com receio de trazerem risco, já que algumas modalidades de tratamento podem reduzir a imunidade. Porém, estes alimentos são fundamentais para a manutenção da saúde. Além de auxiliarem com o manejo de alguns efeitos colaterais do tratamento, não representam risco, se devidamente higienizados.

Quem disse que não pode comer saladas cruas? Saladas cruas são permitidas durante o tratamento, desde que higienizadas e conservadas de maneira segura! Os carboidratos também geram muitas dúvidas, mas não são proibidos. Dentro de uma dieta equilibrada, o consumo de carboidratos garante o substrato energético para o funcionamento do organismo e, assim, a retirada dos mesmos pode gerar perda de peso e massa muscular. Preferir cereais integrais, pães e massas mais caseiras ou associar pães brancos ou arroz branco a uma boa fonte de fibras pode manter o equilíbrio da dieta. Nos casos de diarreia, os pães brancos, polvilho e tubérculos podem colaborar para o equilíbrio e reduzir o desconforto. A adoção de dietas restritivas não é recomendada durante o tratamento oncológico, assim como também não é indicado seguir com hábitos alimentares inadequados.

Não há necessidade de proibição de alimentos e sim de equilíbrio dos mesmos na dieta, garantindo o consumo de vegetais e frutas em grande quantidade, cereais preferencialmente integrais, leguminosas, carnes magras, castanhas e óleos vegetais. Em alguns casos, o paciente não consegue ingerir as quantidades adequadas e, nesse momento, pode ser indicado pelo profissional de saúde um complemento alimentar da dieta para recuperar ou manter o seu estado nutricional. Os complementos podem ser compostos por um nutriente isolado ou uma combinação deles. Há apresentações em pó, líquidos ou cremes. Podem ser ingeridos puros ou associados a alimentos e são grandes aliados na composição de uma dieta adequada. Consumir os complementos nos intervalos das refeições, fracionados em doses menores ou até associado, quando permitido, a medicações pode ser uma boa estratégia! O incentivo à adoção de hábitos saudáveis de alimentação é de grande importância, não só para a prevenção do câncer, como também para a melhora da resposta ao tratamento oncológico, mas não é necessário restringir alimentos ou grupos de alimentos à dieta. A orientação profissional e avaliação individualizada são a melhor forma de adequar o aporte correto de nutrientes e prevenir ou corrigir eventuais erros nutricionais durante o tratamento, colaborando assim para seu sucesso.

E quem disse que não pode comer um prato de macarrão fresco durante o tratamento oncológico? Um prato de macarrão fresco com molho de tomates, carne moída e acompanhado de uma salada representa uma refeição completa e equilibrada.

Dra. Mariana Ferrari
Nutricionista

Receita

Molho de tomate caseiro:

5 tomates italianos maduros
½ cebola
1 dente de alho
1 talo de salsão
Manjericão, pimenta do reino, azeite e sal a gosto
250 ml de água

Em uma assadeira, coloque os tomates cortados ao meio com a parte da pele em contato com o fundo da assadeira. Coloque também a cebola picada e o alho. Tempere com sal, pimenta, azeite e leve ao forno médio por cerca de 40 minutos. Retire a assadeira do forno, deixe amornar um pouco. Em um liquidificador, bata os tomates, a cebola e o alho sem a casca com a água até obter uma mistura homogênea. Leve o molho ao fogo para apurar com salsão, azeite e manjericão. Está pronto para consumo ou pode ser congelado para ser usado em outras preparações.

Referências bibliográficas

  1. PINHO,N.B. et al. Consenso Brasileiro de Nutrição Oncológica da SBNO. Edite, 1ª edição. Rio de Janeiro, 2021
  2. CHAVES,A.L.F et al Guia de nutrição para o oncologista. SBOC, 2021. Acesso em 03/03/22
  3. MUSCARITOLI,M. et al. ESPEN practical guideline: Clinical Nutrition in cancer. Clin Nutr. 2021 May;40(5):2898-2913. doi: 10.1016/j.clnu.2021.02.005. Epub 2021 Mar 15. PMID: 33946039.
  4. FORD, K. L., et al. The importance of protein sources to support muscle anabolism in cancer: An expert group opinion. Clin Nutr. 2022 Jan;41(1):192-201. doi: 10.1016/j.clnu.2021.11.032. Epub 2021 Nov
  5. PMID: 34891022.
spot_img

Posts Relacionados

Posts populares no site

spot_img

Posts Populares na categoria