O painel “O futuro do tratamento oncológico: inovação, sustentabilidade e equidade”, parte do evento Retratos do Câncer, realizado pelo Estadão no último 31 de julho, reuniu especialistas que discutiram inovação e os principais gargalos do sistema oncológico brasileiro.
Embora observemos o avanço em novas terapias, como o CAR-T, o Brasil ainda enfrenta obstáculos estruturais: desde a dificuldade de manter oncologistas em localidades periféricas até a desorganização que atrasa a incorporação de medicamentos já aprovados. Os participantes reforçaram a urgência de se garantir o básico com qualidade, promovendo diagnóstico precoce e acesso equitativo aos tratamentos disponíveis.
Representando o Instituto Vencer o Câncer, a diretora Ana Maria Drummond destacou a importância de equilibrar a chegada de tecnologias inovadoras com a realidade orçamentária do SUS e a desigualdade territorial do país. Ela apontou como crítica a desorganização do sistema, que impede que 19 medicamentos oncológicos aprovados pela Conitec sejam, de fato, incorporados à rede pública — alguns há mais de uma década. “Quando olhamos para esse sistema grandioso (o SUS), honramos esse sistema, valorizamos, mas, quando damos um zoom, vemos as fragilidades que existem”, avaliou.
Outros especialistas, como os médicos Rafael Kaliks (Einstein Hospital Israelita) e Rui Weschenfelder (Hospital Moinhos de Vento), alertaram para o baixo investimento do Brasil no tratamento do câncer, tanto no setor público quanto privado, se comparado a países como o Canadá.
Eles defenderam estratégias como a compra centralizada e contratos de risco compartilhado com a indústria farmacêutica, capazes de otimizar recursos e garantir maior acesso a terapias. O consenso do debate foi claro: o país precisa fortalecer as bases da atenção oncológica para que a inovação realmente beneficie todos os pacientes.
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