Quando falamos de câncer de mama, principalmente no mês de outubro, quando as campanhas de conscientização ficam mais evidentes, para muitas mulheres surge a questão: minha avó e minha mãe tiveram câncer, qual o risco de eu ter, também?
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Primeiramente, conforme explica a dra. Fabiana Baroni Makdissi, cirurgiã oncologista e diretora de Mastologia do A.C. Camargo Cancer Center, é importante destacar que somente o fato de nascermos mulheres já nos coloca em risco para a doença, mesmo que não tenhamos histórico familiar. Apenas 1% dos casos da doença ocorre em homens. Por outro lado, toda mulher carrega um risco de 10% de ter um câncer desse tipo ao longo de sua vida. O que isso significa? “Que a chance de não ter é de 90%! Mas notemos que esse risco não é zero, certo? Só o fato de nascermos mulheres e estarmos vivendo e envelhecendo diariamente nos leva a apresentá-lo”, complementa Makdissi.
O fato de sua mãe ou tia ter desenvolvido câncer de mama aos 50 anos não deve ser encarado como algo hereditário, mas inerente ao processo de envelhecimento de muitas mulheres. Lembre-se: o câncer de mama é uma das neoplasias mais comuns no gênero feminino – é a quinta principal causa de mortalidade por câncer no mundo (522 mil mortes/ano) -, e somente uma minoria deles tem causa genética.
O cenário muda se você disser que a sua mãe teve câncer de mama aos 25, 30 anos, e que várias gerações foram acometidas pela doença ou pelo câncer de ovário (pois as mutações que influenciam o risco de câncer de mama influenciam também esse outro tipo). Nesses casos, estamos tratando da provável existência de um fator hereditário, e é muito importante procurar um mastologista e conversar a respeito. A partir das informações, ele vai analisar o histórico familiar com o auxílio de um heredograma (diagrama que mostra os familiares e a incidência de determinadas característica) e, se for o caso, encaminhar você para um oncogeneticista.
“Por meio de um teste, o especialista vai analisar se a pessoa possui mutações genéticas nos genes BRCA 1 e BRCA 2, genes relacionados aos cânceres de mama e de ovário”, explica Vilmar Marques de Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia. Se o resultado for positivo, a pessoa possui um risco de 56 a 87% de desenvolver câncer de mama e 16 a 44% de desenvolver câncer de ovário, o que a torna um paciente de alto risco.
O teste não está disponível na rede pública e custa cerca de R$ 1,5 mil. Mas não há motivo para alarme, pois tumores relacionados a genética representam somente cerca de 5% dos casos.
E o rastreamento? Como fica?
Nos casos em que se confirma a mutação genética, o meio mais efetivo de prevenção do câncer de mama, indicado às pessoas diagnosticadas com a variante hereditária, é a retirada da mama. “Ela reduz em 90% o risco de a pessoa ter câncer de mama”, reforça Oliveira. Na cirurgia de mastectomia lateral e subcutânea, são mantidas a auréola, pele e o mamilo, removendo apenas a glândula.
Outra medida preventiva, caso a paciente opte por não fazer a cirurgia — ou porque nem sempre é possível identificar o gene mutado –, é fazer um controle rigoroso de detecção, o que inclui mamografias anuais, ultrassom e ressonância magnética. Por exemplo, se a mãe da paciente teve câncer de mama aos 35 anos, por padrão ela deve começar o rastreamento 10 anos antes, aos 25 anos.
Segundo o dr. Vilmar, a estratégia de antecipar tem o seguinte motivo: “a cada geração, o câncer de mama hereditário tende a se apresentar com 10 anos de diferença da anterior. Se na avó apareceu com 50 anos e na mãe com 40, muito provavelmente a filha terá a doença aos 30 anos. Por isso a detecção precoce.”
Agora, se você não se enquadra nesta condição de câncer de mama hereditário, basta fazer a sua parte e sempre ficar atenta a qualquer tipo de alteração nos seios, seja o surgimento de nódulos, secreções ou vermelhidão, além de realizar mamografias anuais a partir dos 40 anos. Contribuem também apra a prevenção os hábitos sempre mencionados: não fumar, ter uma alimentação balanceada e fazer atividade física regular.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.