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Tricoleucemia: o desafio para obter o diagnóstico.

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Após cinco anos com muitos sintomas, Cristiane pode receber tratamento e voltar a aproveitar a vida.

Depois de passar cinco anos com muitos sintomas e diferentes diagnósticos, aos 36 anos, em 2016, Cristiane de Brito Rodrigues Robles descobriu que tinha tricoleucemia. “Eu estava doente havia muitos anos, vinha desenvolvendo desde 2011 alguns sintomas estranhos, desmaiava com facilidade, sentia cansaço e fraqueza. Ia em vários médicos, fazia exames, meus leucócitos ficavam em torno de 3 mil, quando o ideal, para uma pessoa saudável, é em torno de 5 mil. Eu era tratada como uma pessoa que tem imunidade baixa”, recorda.

Em 2013 teve cerca de quatro episódios de desmaio e recebeu diagnóstico de síndrome do vasovagal. Neste mesmo ano ela e o marido decidiram tentar engravidar. “Comecei a desenvolver faringites recorrentes, adoecia a cada três meses, tomava antibiótico, corticoide e os médicos diziam que meu leucócito caía por causa disso. Precisava tomar muito cuidado para não adoecer. Eu já estava cansada de ficar doente, de fazer exames e ninguém saber o que tinha de errado comigo”.

Em meados de julho de 2016 chegou a perder a voz em uma das crises de faringite, fez muitos tratamentos, teve problemas de estômago. Na consulta com a gastroenterologista para fazer endoscopia, a médica viu que os leucócitos tiveram uma queda brusca, a maior que Cristiane teve, chegando a pouco mais de 2 mil.

Ao sair do exame recebeu a indicação de procurar um hematologista. “Era começo de dezembro de 2016. Pedi indicação a uma amiga; a médica viu meu exame no domingo e na segunda falou para marcar consulta de noite, porque tinha urgência. Fiquei um pouco assustada”, diz.

Difícil decisão

Ela recebeu diagnóstico de câncer, mas precisava de exames mais detalhados para saber o tipo exato, que possibilitaria definir o tratamento. “Passei as festas de final de ano sem saber que tipo de câncer eu tinha, foi difícil porque precisava conversar com a família, explicar. Ficamos tão absorvidas com tudo que nem percebemos o quanto a família sofre com a gente”.

O diagnóstico de tricoleucemia foi fechado em janeiro e veio então o desafio de definir um tratamento, que seria bem agressivo e oferecia bastante riscos. “Eu já estava com quase 50% das células comprometidas, com qualidade de vida péssima, adoecia demais, à base de antibióticos e corticoides; não podia viver assim.

A médica pediu parecer de dois professores dela, especialistas, nos Estados Unidos e na Inglaterra, que concluíram que como eu era jovem, se continuasse naquela rotina, provavelmente iria falecer de outras doenças”.

“Enquanto tiver vida, vou viver”

Cristiane começou a quimioterapia em março de 2017, depois de tomar medicamentos para fortalecer o organismo. Foram apenas cinco das sete doses previstas. “Não foi simples, mas perto do que vejo as pessoas sofrerem, foi como tomar paracetamol. Não tive queda de cabelo nem náusea. Apenas febre, meu sistema imunológico decaiu muito e perdi a audição esquerda, mas não sei se foi efeito colateral. Minha médica é guerreira, espetacular, devo minha vida a ela, que fez todo o possível para me ajudar, até brigar com o plano de saúde. E eu estou aqui”, conta.

“Tive remissão em junho de 2017 e em setembro viajei para a Europa”, recorda sorrindo, porque foi viajar mesmo sem a concordância da médica, mas com seu apoio e um kit de medicamentos para imprevistos — e sem dizer aos amigos que foram junto que ainda não tinha autorização para viajar. “Eu pensei: não sei o que vai acontecer comigo no mês que vem, mas enquanto eu tiver vida, vou viver e vai dar tudo certo”.

Desde a remissão, a saúde de Cristiane só melhorou. “Não pego mais gripe, nem Covid peguei — meu marido teve na primeira onda, eu dormi na mesma cama, sem máscara e não peguei”, comemora.

Viviane Pereira
Jornalista

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