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Palavras que transmitem esperança.

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Depois do susto do diagnóstico, Duda recebeu uma mensagem que renovou sua esperança — e tratou de transmitir para ajudar outros pacientes

“Eu descobri a leucemia mieloide crônica em janeiro de 2015, quando fazia meus exames pré-nupciais para casar. Não tinha qualquer sintoma. Foi um baque muito grande, eu só pensava que ia morrer. Minhas plaquetas estavam em quase 2 milhões e meus leucócitos lá em cima”, conta Duda Dornela, 32 anos.

“Nesse processo, conheci muitas pessoas que me ajudaram. No dia que eu estava fazendo mielograma para saber o tipo de leucemia, a Mariana — que agora é minha amiga — também estava na clínica e falou para mim: ‘Não conheço sua história, mas como Deus me curou, vai te curar’”.

Confiei naquelas palavras e passei a acreditar nessa cura, a ter fé e esperança. Foi um anjo que a colocou lá. Ela descobriu a leucemia logo depois que casou e eu pensava se iria casar careca e até se eu ia me casar. Sou pessoa de muita fé, acredito muito em Deus”.

Duda começou o tratamento com medicamento oral e não teve nenhuma intercorrência. Comemorou poder casar como sempre sonhou. Entretanto, quando retornou da lua de mel, teve recaída da doença.

“Não me desesperei. Sempre acreditei que ia dar certo”. Passou a usar outra quimioterapia oral, mas entrou na fase acelerada da doença. Os médicos que discutiam seu caso acharam melhor fazer um transplante de medula óssea.

Mantendo a fé

Seu único irmão não era compatível, mas ela afirma que não perdeu a fé e sabia que algo bom iria acontecer. “Contei com ótimos médicos e tive ajuda de muitas pessoas; se não fosse isso, não estaria viva. Encontrei dois doadores 100% compatíveis através do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea – REDOME. Meu doador tem a mesma idade do meu irmão e tinha feito o cadastro na faculdade. Ele salvou minha vida”.

Ela saiu da sua cidade, Belo Horizonte, para fazer o tratamento em São Paulo. O transplante foi realizado em 4 de novembro de 2016. “Fiquei superempolgada, deu tudo certo no tratamento, minha medula pegou em um tempo correto. Contudo, tive nova recaída da doença quando iria completar três meses de transplante. A doença voltou com tudo. Foi inesperado, nem os médicos acreditaram em tudo que aconteceu”.

A porcentagem do doador na medula, que tinha chegado a 100%, estava em 13%. A paciente se preparava para um segundo transplante, apesar de o corpo ainda estar fraco. Sentia-se mal, estava isolada longe da família e dos amigos. Com o objetivo de controlar a doença e ganhar tempo para um novo transplante, os médicos decidiram retomar o medicamento oral.

A medula começou a voltar: “um milagre”

“Foi um milagre! Minha medula começou a voltar e a doença a sumir. O quimerismo (presença das células do doador pós-transplante), que seria impossível acontecer, começou a subir gradativamente. Foi subindo para 30%, 40%. Nem os médicos explicam como aconteceu, não tem literatura e meu caso já foi discutido em vários locais do mundo. Minha quimera foi para 99%”.

Depois de um derrame pleural, porque a medula nova rejeitou o medicamento, trocou para o terceiro inibidor, que toma até hoje e não deu efeito colateral. “Agora eu me sinto totalmente curada. Tomo medicamento por precaução, faço exames periodicamente. Recentemente conheci meu doador e foi um encontro muito lindo. Sou muito grata a ele”.

Imagem mostra Duda sorrindo.

Compartilhando e transmitindo esperança

Durante sua jornada, principalmente longe de casa, para compartilhar seus momentos com a família, Duda criou o perfil @valorizaravida — e também para ser um espaço de suporte e inspiração a outros pacientes com sua história.

“Quero motivar outras pessoas a se cadastrarem para doar medula, porque a chance de ter cura é muito grande. Na época criei camisas do Valorizar a vida e com o dinheiro arrecadado ajudei alguns pacientes. Mantenho a página e faço parte do Comitê de pacientes da Abrale – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia”.

Recentemente conseguiu ajudar um paciente de Belo Horizonte que precisava fazer tratamento em São Paulo. “Ele tinha perdido as esperanças, teve cinco recaídas. Falei a ele a mesma palavra que recebi, que ele seria curado. Na época ele não entendeu, já tinha procurado doador, sem conseguir encontrar. Fomos a fundo, mobilizamos pessoas e ele conseguiu ser tratado no Einstein pelo SUS e um doador compatível. Foi curado e o caso dele foi objeto de pesquisa”.

Viviane Pereira
Jornalista

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