A partir de 2017, o Ministério da Saúde irá incluir a vacina contra o papilomavírus humano (HPV) para meninos entre 12 e 13 anos na rotina do Calendário Nacional de Vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). A faixa-etária será ampliada gradativamente até 2020, quando serão incluídos os meninos de 9 a 13 anos. A estratégia tem como objetivo proteger contra os cânceres de pênis, garganta e ânus, doenças que estão diretamente relacionadas ao HPV.
A decisão de ampliar a vacinação para o sexo masculino está de acordo com as recomendações das Sociedades Brasileiras de Pediatria, Imunologia, Obstetrícia e Ginecologia, além de DST/AIDS e do órgão consultivo de imunização dos Estados Unidos (Advisory Committee on Imunization Practices).
“A melhor estratégia de saúde pública é vacinar ambos os sexos. Pensava-se que vacinando muito bem as meninas os homens se beneficiariam por imunidade de grupo ou de rebanho. No entanto, isto só se alcança com uma cobertura vacinal acima de 75%, o que não temos alcançado no Brasil e em diversos outros países”, afirma a pesquisadora Luisa Lina Villa, chefe do laboratório de Biologia Molecular do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do ICESP.
A vacina disponibilizada para os meninos será a quadrivalente, a mesma oferecida desde 2014 pelo SUS para as meninas. Confere proteção contra quatro subtipos do vírus HPV (6, 11, 16 e 18), com 98% de eficácia para quem segue corretamente o esquema vacinal.
O esquema vacinal para os meninos será de duas doses, com seis meses de intervalo. Para os que vivem com HIV, a faixa etária é entre 9 e 26 anos em esquema de três doses (intervalo de 0, 2 e 6 meses). No caso dos portadores de HIV, é necessário apresentar prescrição médica.
A expectativa é imunizar mais de 3,6 milhões de meninos em 2017, além de 99,5 mil crianças e jovens de 9 a 26 anos vivendo com HIV/aids que também receberão as doses. O Ministério da Saúde está adquirindo seis milhões de doses ao custo de R$ 288,4 milhões. Não haverá custos extras para a pasta uma vez que com a redução de três para duas doses no esquema vacinal das meninas, o quantitativo previsto foi mantido, possibilitando a vacinação dos meninos.
Atualmente, a vacina HPV para meninos é utilizada como estratégia de saúde pública em seis países (Estados Unidos, Austrália, Áustria, Israel, Porto Rico e Panamá). A vacina é totalmente segura e aprovada pelo Conselho Consultivo Global sobre Segurança de Vacinas da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Ampliação
A partir de 2017, também serão incluídas na vacinação do HPV as meninas de 14 anos que não tomaram a vacina ou não completaram as duas doses. A estimativa é que 500 mil adolescentes estejam nessa situação. Atualmente, a faixa etária para o público feminino é de 9 a 13 anos. Desde a incorporação da vacina no Calendário Nacional de Vacinação, em 2014, já foram imunizadas 5,7 milhões de meninas completaram o esquema vacinal com a segunda dose, o que corresponde a 46% do total de brasileiras nesta faixa etária.
Nas meninas, o principal foco da vacinação é proteger contra o câncer de colo do útero, vulva, vaginal e anal; lesões pré-cancerosas; verrugas genitais e infecções causadas pelo vírus.
Para a produção da vacina contra o HPV, o Ministério da Saúde promoveu Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o Instituto Butantan. A transferência está sendo feita de forma gradual e tem reduzido o preço ano a ano. Até 2018, a produção da vacina HPV deverá ser 100% nacional.
O Instituto Vencer o Câncer é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), fundada pelos oncologistas Dr. Antonio Carlos Buzaid e Dr. Fernando Cotait Maluf, com atuação em 3 pilares: (1) Informação de excelência e educação para prevenção do câncer. (2) Implementação de centros de pesquisa clínica para a descoberta de novos medicamentos. (3) Articulação para promoção de políticas públicas em prol da melhoria e ampliação do acesso à prevenção, ao tratamento e à cura do câncer.