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Yoga ajuda o paciente a controlar ansiedade

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Práticas como yoga podem contribuir para diminuir tensões durante o tratamento.

Antes de passar por alguns procedimentos ou exames, Yuri Suhorebri, de 23 anos, procura fazer um relaxamento. O estudante de administração tem leucemia e encontrou no Yoga uma forma de enfrentar a ansiedade. “Quando eu tenho que fazer o exame do líquor ou uma químio mais forte, eu fico tenso e ansioso. Então, uma hora antes do procedimento eu peço pra fazer um relaxamento e isso tira a minha ansiedade de um jeito muito bom”, conta.

Entenda o que são práticas integrativas

Yuri descobriu que estava com câncer durante uma viagem. Ele fazia um “mochilão” pela Europa e pretendia ficar seis meses na França estudando, mas começou a se sentir muito cansado e com taquicardia. Procurou um médico e foi diagnosticado com leucemia. “Foi uma decepção porque eu tive que voltar para o Brasil, eu planejava ficar lá estudando”, lembra.

O tratamento começou logo que chegou a São Paulo e incluiu quimioterapia e um transplante de medula. Em março, descobriu que a doença voltou. Agora, Yuri se prepara para mais um transplante e desde o início de toda a sua jornada o Yoga tem sido seu aliado. Aprendeu técnicas de relaxamento e faz meditação. A ansiedade e a tensão diminuíram e o sono ganhou mais qualidade. “Além do yoga, faço também o toque, um relaxamento deitado em que o profissional esquenta a mão e vai colocando em diversos pontos do corpo. Me sinto bem, dá uma sensação de bem-estar”.

O Yoga faz parte das chamadas práticas integrativas, que são tratamentos e recursos terapêuticos que levam em consideração o cuidado global e humanizado do paciente. Além do yoga, fazem parte dessas abordagens Reike, acupuntura, meditação, ayurveda, shantala, homeopatia, entre outras. “Não se trata de uma nova especialidade médica, e sim de uma abordagem centrada na parceria entre paciente e profissional da saúde, com o objetivo de encontrar as melhores formas de tratamento, incentivar a autonomia, o autocuidado e o bem-estar da pessoa de forma interdisciplinar”, explica a educadora física, pós-graduada em Yoga e Medicina Integrativa, Maria Ester Azevedo Massola.

As práticas integrativas já são usadas no tratamento de diversas doenças como hipertensão e depressão. No câncer, podem ser usadas para amenizar efeitos colaterais e para proporcionar bem-estar e mais qualidade de vida ao paciente. “Yoga é uma prática milenar indiana que visa acalmar o corpo e a mente. Utilizamos as diversas técnicas de Yoga: posturas com alongamento gentis, respirações profundas e lentas, práticas de relaxamento induzido e práticas simples de meditação. Estas técnicas ativam a Resposta de Relaxamento, reação fisiológica inata e oposta à reação de luta-ou-fuga, um mecanismo protetor natural contra o excesso de tensão e estresse”, diz Maria Esther, que também integra o Grupo de Medicina integrativa do Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

No Einstein, o atendimento é feito no próprio leito do paciente e familiares e cuidadores também são convidados a participar. “A prática deve sempre se adaptar ao paciente, as suas necessidades e limitações. O Yoga propõe concentrar-se e conectar-se internamente e mesmo no ambiente hospitalar isto é possível e desejável. Pacientes relatam vivenciar sensação de calma, relaxamento e bem-estar. Não utilizamos posturas invertidas, nem mesmo técnicas mais fortes ou difíceis, pois o objetivo é trazer relaxamento e bem-estar. Se o paciente estiver neutropênico, pós cirurgia ou pós coleta de líquor, utilizamos somente técnicas de relaxamento e respirações diafragmáticas suaves”, explica a educadora física.

Segundo a educadora física, crianças, adultos e idosos podem praticar e é fundamental que tenha a orientação do profissional. Além da ansiedade, o yoga ajuda a aliviar a náusea, a dor e a fadiga que podem surgir durante o tratamento com quimioterapia. Também é benéfico para os pacientes com depressão. Para Yuri, a prática o fez olhar a doença de outra forma. “Me fortaleceu. Em vez de ficar bravo, você encara a doença e acaba focando na cura”, diz.

A experiência é boa para o paciente e para o profissional também. “Aprendo muito todos os dias com cada pessoa, com todas as histórias de vida. Tenho aprofundado muito minhas reflexões sobre a vida e a morte, a impermanência, o valor do amor, da resiliência e a importância de estar no momento presente. Um dos aprendizados mais ricos para mim tem sido desenvolver a compaixão, fazer o que for possível para aliviar o sofrimento do outro, aceitando as limitações da vida e do humano. É um privilégio ter a oportunidade de ensinar técnicas que proporcionam calma, bem-estar e conexão interna, num momento tão delicado na vida de tantas pessoas. Com certeza recebo e aprendo muito mais do que ensino”, completa Maria Esther.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atualmente 19 práticas integrativas. Segundo o Ministério da Saúde, atualmente são 7.700 estabelecimentos que oferecem alguma prática, o que representa 28% das Unidades Básicas de Saúde (UBS).

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