No Instituto Vencer o Câncer, acreditamos que o conhecimento é uma das melhores formar de cuidado.
Rosa, azul, verde, lilás, laranja… Ao longo do ano, laços de diferentes cores representam o alerta contra diversos tipos de tumores: mama, próstata, cabeça e pescoço, ovário, fígado, pâncreas, testículo, pele…
Estas ações direcionadas são importantes para discutir os vários aspectos da doença. Mas durante todo o ano o Instituto Vencer o Câncer trabalha para aumentar o conhecimento, melhorar as políticas públicas, buscar o que há de inovação e disseminar informações claras sobre todos os tipos de câncer.
No mês de abril, aproveitando o dia 8, Dia Mundial de Combate ao Câncer, lembramos todas as cores desta mobilização.
“Pacientes e familiares necessitam de informações de qualidade para entender o que estão vivenciando. Essa é uma de nossas missões: levar conhecimento de profissionais altamente abalizados, de uma forma clara e que fale do ponto de vista do paciente”, avalia o oncologista Fernando Maluf, um dos fundadores do Instituto Vencer o Câncer.
“Em mortalidade, o câncer está atrás das doenças cardiovasculares, mas pela estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), este número deve mudar nas próximas décadas e, infelizmente, deve ser a primeira causa de morte no mundo”, alerta a Dra. Graziela Zibetti Dal Molin, oncologista do hospital BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo e integrante do Comitê Científico do Instituto Vencer o Câncer, que esclarece aspectos relevantes para entender um pouco sobre esta doença.
O que é o câncer?
Câncer é a multiplicação desordenada de células doentes no nosso corpo. Ainda não se sabe exatamente o motivo pelo qual isso acontece. Existem diversos mecanismos pelos quais uma célula do nosso corpo começa a se multiplicar de maneira errada – pode ser por uma dificuldade do nosso sistema imunológico, alguma mutação genética herdada ou adquirida por nós, por uma questão externa, por fatores como obesidade, uso de álcool e sedentarismo.
O que é metástase?
A doença localizada é quando o tumor se localiza apenas em um órgão – é mais indolente, menos agressivo. A metástase ocorre quando a célula cancerígena sai do local de origem e vai para um outro órgão. Quando ocorre a metástase, geralmente o quadro é considerado mais grave e, muitas vezes, incurável. Felizmente com a evolução da ciência e a descoberta e aplicação de novos tratamentos temos reduzido a chance de tumores causarem metástases.
Câncer é hereditário?
Sabemos hoje que os tumores, na grande maioria das vezes, são esporádicos.O paciente tem câncer, mas isso não tem nenhuma relação com outros familiares, ou seja, não é um tumor hereditário.
Os tumores hereditários representam cerca de 10% de todos os tipos. Existe um conhecimento cada vez mais aprofundado sobre este assunto na área de oncogenética, que é a relação entre hereditariedade e câncer.
Sabemos, por exemplo, que no câncer de mama, cerca de 15% dos casos são hereditários, isto é passam de mães para filhas. O principal tumor que está relacionado ao câncer de mama é o câncer de ovário. Há uma síndrome chamada câncer mama-ovário e o principal gene relacionado com esse tumor é o BRCA.
Como fazer o rastreamento?
Existem diversos exames que permitem diagnosticar precocemente vários tipos de tumores:
– Mamografia para o câncer de mama,
– Papanicolau para o câncer de colo uterino,
– PSA e toque retal para o câncer de próstata,
– Colonoscopia para o câncer de intestino,
– Tomografia de tórax para tabagistas ou ex-tabagistas.
Para grande parte dos tumores diagnosticados no início via exames de prevenção, rastreamento, a chance de cura é bastante alta.
Vacina de HPV protege contra o câncer?
No Brasil, o câncer de colo de útero é uma das principais causas de câncer em mulheres. Nos países desenvolvidos, como Estados Unidos, Austrália, países da Europa Ocidental é mais difícil encontrar esse tumor e a maioria é diagnosticada no início, o que reduz risco de morte por esse câncer. A diferença está na prevenção com vacina de HPV e amplo rastreamento com exame de Papanicolau para descobrir precocemente.
No Brasil, a vacinação de crianças e adolescentes com idade entre 9 a 14 anos contra o HPV, com duas doses, é gratuita no Sistema Único de Saúde.
Pessoas imunossuprimidas, como pacientes com HIV/aids, em tratamento contra o câncer e transplantados, também podem tomar a vacina gratuitamente.
É importante ressaltar que a “Vacina do HPV é segura e eficaz”.
Testes genéticos
Os testes genéticos têm mudado o cenário da oncologia. Cada vez mais entendemos que cada pessoa é uma e o tratamento precisa ser personalizado. A incorporação de testes genéticos faz isso.
Muitas vezes, de acordo com as características do tumor e do próprio paciente, é possível fazer testes genéticos, chamados também de assinaturas genéticas, para obter algumas avaliações essenciais sobre o real risco genético.
Recidiva e sistema imunológico
Ainda não sabemos exatamente os motivos do retorno do câncer, há muitos estudos em andamento para obter essa informação. Existem alguns pontos descobertos pela ciência e um deles é que, muitas vezes, o gatilho para uma doença retornar é a relação com a imunidade da pessoa.
Nosso sistema imunológico está em constante defesa de todos agentes externos, para não ficarmos doentes. Por alguns motivos ainda não compreendidos e explicados completamente, o sistema imunológico de uma pessoa com câncer muitas vezes para de funcionar ou funciona de maneira não tão eficaz e esse é um dos motivos da recidiva.
Existem diversos motivos pelos quais o sistema imunológico pode não funcionar tão bem. Sabemos que atividade física e alimentação saudável são extremamente importantes para manter o sistema imunológico funcionando adequadamente e ajudar a evitar recidiva.
Abril também é o mês do Dia Mundial da Saúde
Além do alerta sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer, em abril também ocorrem as ações do Dia Mundial da Saúde, celebrado anualmente em 07/04. A data marca o aniversário de fundação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e destaca um tema relevante de saúde pública. Em 2023, o tema foca nos desafios para alcançar a “Saúde para Todos”, e traz à tona o debate sobre acesso e equidade.
Viviane Pereira
Jornalista
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